O Brasil é conhecido cientificamente pela produção de biocombustíveis e, em 2024, os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveram uma substância a partir do açúcar que serve como catalisador de combustível de veículos, reduzindo, assim, os gases poluentes.
O nome da patente se chama “Processo de produção de hidróxi-metil-furfural (HMF) por meio de rota química a partir da desidratação de açúcares utilizando líquidos iônicos suportados em nanopartículas de zircônia”.
A descoberta científica consiste em um processo utilizado para obtenção de catalisadores, substâncias químicas usadas para potencializar reações. No caso da patente, isso é eficiente para produção do HMF, um biocombustível, a partir da desidratação de açúcares. Essa reação de desidratação de carboidratos é uma das mais importantes abordagens para transformar biomassa em produtos químicos de utilidade.
Responsável pela pesquisa do biocombustível na UFRN
A participação dos pesquisadores Graziele Lopes de Souza, Kalpeshkumar Bhikhubhai Sidhpuria, Jean Carlos Silva Andrade, Osvaldo Chiavone Filho, Daniel Araújo de Macedo, Carlos Alberto Paskocimas e Rubens Maribondo do Nascimento.
O depósito da patente ocorreu em 2013. Na época, Graziele Lopes de Souza estava terminando a graduação em engenharia química e atuava também como bolsista na Agência Nacional de Petróleo (ANP). A invenção foi fruto do trabalho de conclusão de curso de Graziele. Atualmente, ela é doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PGCEM/UFRN).
Ela identifica que, entre os vários produtos químicos derivados de biomassa, o 5-hidroximetilfurfural (HMF) é um intermediário particularmente valioso para a química fina e para a indústria farmacêutica, além de ser um candidato importante como biocombustível.
“Esse processo permite reaproveitar o catalisador sem utilizar processos de separação que aumentam os custos de produção e dificultam o uso em escala industrial. Assim, permite seu uso em série em reatores de leito fixo, que podem ser aplicados facilmente na indústria”, salienta Graziele Lopes em entrevista para Agecom.
Como surge este composto do biocombustível da UFRN
O processo que atravessa a pesquisa engloba um conjunto de misturas em que ocorrem reações. Nessas misturas são feitas a adição das substâncias em um catalisador sólido, permitindo sua reutilização. Essas substâncias são líquidos iônicos distintos e as misturas são as sínteses, que resultam justamente na produção de nanopartículas de zircônia. Um material de dureza elevada, alta temperatura de fusão e estabilidade térmica, entre outras características.
Essas nanopartículas têm superfície funcionalizada, a partir da “união” de dois líquidos iônicos distintos. Além disso, o atributo permite potencializar as propriedades da zircônia, ou, mais precisamente, do óxido de zircônia.
Carlos Alberto Paskocimas e Rubens Maribondo do Nascimento, orientadores da pesquisa, estão entre os cientistas com mais concessões de patente no âmbito da UFRN, com seis e cinco, respectivamente. Eles sustentam que o patenteamento permite o engajamento dos alunos e professores em processo. Os mesmos poderão usar em indústrias, além de que proteger o estudo em questão.
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