A engorda de praia é um processo de expansão da faixa de areia utilizando material trazido de outras áreas, geralmente retirado do fundo do mar. O objetivo principal é proteger a costa da erosão e criar mais espaço para atividades turísticas, além de preservar as características naturais da região. Esse procedimento é uma alternativa à construção de barreiras físicas e ajuda a minimizar os danos causados pelo avanço do mar. Mas, será que isso presta? De 1985 a 2020, houve redução de 15% de praias, dunas e areais no Brasil. Isso corresponde, no entanto, a cerca de 70 mil hectares. O documento do GeoCosteira, uma unidade de Estudos Costeiros da Universidade Federal Fluminense (UFF), ainda aponta ainda a pressão imobiliária como um dos motivos para número tão expressivo.
Recentemente, a praia de Ponta Negra, em Natal, sofre danos com a erosão causada pelo aumento das marés e pela ação contínua das ondas, o que prejudica consideravelmente a faixa de areia e ameaçou a segurança das estruturas próximas. Ainda mais, para enfrentar esse problema, há pessoas que defendem a engorda como solução contra novos episódios de erosões.
Essa obra foi influenciada pela engorda de Balneário Camboriú, Santa Catarina, que expandiu significativamente a praia há dois anos. Em Ponta Negra, as obras de engorda, que eram para acontecer, estão paralisadas. Quando visitamos Balneário Camboriú, fomos a Praia Central e entrevistamos banhistas, moradores e trabalhadores da cidade para saber o que aconteceu.
A opinião de Balneário
“Nos primeiros meses, o mar teve a erosão da praia e a prefeitura teve que ajeitar. Até agora, tá tudo bem, mas ficamos com dúvida”, comentou o dono de um dos quiosques do calçadão falando que em dois anos precisou de reparo e o certo a revisão deveria acontecer em 10 anos. Perguntei como era anteriormente a praia, ele rapidamente apontou que a praia tinha uma faixa de areia curta e, por fim, vinha um declive de areia para chegar ao mar. Ou seja, não era totalmente plano, assim como a praia natalense, que precisa de escada sobre o calçadão para chegar na areia.
Também entrevistamos outras pessoas que trabalham na região, que, por sua vez, se viram mais otimistas. “Antes era normal, em período de ressaca, a água da praia chegar na rua. Hoje, conseguimos colocar a mesa do restaurante na areia”, comemorou um dos garçons, mas reconhece que o alargamento só deu certo “depois que ajeitaram a primeira erosão”.
Uma outra trabalhadora ambulante, por sua vez, reconhece que a areia alargada rendeu mais curiosidade do que o aumento mesmo do turismo em si, além de que acredita que foram outros fatores que impulsionaram o turismo da cidade, além de que quando a maré fica alta a água fica próxima da calçada.
Quando falamos que isso poderia ser feito na cidade, todos responderam o mesmo, praticamente, que é “tem que ser muito planejado para não refazer a obra de novo”.
Claro que fui andar na faixa de areia
Ao visitar a praia, é notável que a engorda realmente criou uma grande faixa de areia. Oferecendo mais espaço para os banhistas e garantindo uma área mais ampla para atividades à beira-mar. Exemplo disso é o tradicional beach tennis. Sendo assim, a mudança é visível e faz com que a praia pareça maior e mais acessível, lembrando as obras em Balneário Camboriú, onde um processo semelhante foi implementado.
No entanto, ao caminhar pela nova faixa de areia, dá para perceber o contraste entre os grãos de areia naturais e os colocados artificialmente. A areia trazida de outros locais possui uma textura e cor ligeiramente diferentes, e essa distinção se acentua à medida que se aproxima do mar, onde há um declive mais acentuado que leva até a água.
As fotos de como é a praia alargada, vocês podem ver, portanto, a seguir: