Para muitos ir ao fim de semana para o Galpão 29 é um compromisso já marcado para poder dançar o melhor da música pop americana e nacional com uma catuaba na mão. Sim, hoje as pessoas estão cada vez mais escutando pessoas como Anitta, Pabllo Vittar, Manu Gavasi e dentre outros artistas. Antigamente, o pop brasileiro era conhecido por apenas imitar os sons vindos dos Estados Unidos, mas hoje muitos estão utilizando a mistura de música eletrônica com elementos nacionais, como funk e o forró, no qual muitas vezes não precisa nem ir ao grande estúdio, basta ter apenas um notebook. Além disso, muitas pessoas estão estimuladas a montar e trabalhar como drag queen.
Neste sábado (06) houve a apresentação da cantora Lia Clark na rua Chile, no qual em uma hora de apresentação mostrou que tem capacidade de fazer um bom show e performance em um palco pequeno, desproporcional aos seus quase dois metros, que estava todo molhado por conta da chuva, quase uma pool party.
Assim como Lia, as drag queens estão dominando o pop brasileiro com as suas letras irônicas e pop que se iguala com o Top 100 da Billboard, fazendo com que as pessoas lhe aplaudam de pé e topar em pagar os ingressos em lugares bem maiores que as boates de cunho LGBT. Aqui no Rio Grande do Norte, um exemplo é a Kaya Conky que tem a música mais potiguar mais escutada do Spotify com o single “E aí, Bebê?”e o vídeo no YouTube tem mais de 100 mil views. A Kaya subiu ao palco para cantar o hit junto com Lia, que estava fazendo uma tour pelo Rio Grande do Norte, mais precisamente em Natal e Mossoró, disco dela lançado em 2016 através da plataforma via streaming, com o seu “Clark Boom”.
“Adorei o povo daqui, vocês são muito engraçados e carinhos. Gostei muito do show em Mossoró e espero que isso aconteça em Natal”, disse a drag em uma rápida entrevista para o Brechando no meio de um Meet & Greet, no qual cheguei a tietar. Comecei minha entrevista falando que muita gente chama Mossoró de Moscou como um trocadilho da palavra e piada pelo fato da segunda maior cidade ser muito quente, diferente da Russa. “Ai adorei o apelido, agora vou chamá-la assim (risos)”, disse a desinibida Lia, que começou a montar há três anos como uma forma de vencer a timidez.
No início de 2016, a artista decidiu lançar-se na carreira musical com o single “Trava Trava”, uma canção de funk e pop, com sampler de Anitta, em parceria com o produtor Pedrowl. Rapidamente, a canção alcançou grande visibilidade nas plataformas de streaming, chegando a segunda posição das canções mais virais do mundo no Spotify, e no Youtube, com o videoclipe sendo visualizado mais de 30 mil vezes apenas no dia do lançamento.
“Nós queremos mostrar que nós drags temos espaço para pop, mostrar que temos o valor, talento e vamos dominar a música sim. Estou achando ótimo essa onda de drgas fazendo música própria”, afirmou Lia, que no dia anterior fez show junto com a Pabllo Vittar, uma das drags que está dominando o pop mundial e chegou a dividir o trio elétrico com Daniela Mercury no Carnaval de Salvador deste ano.
Durante o show, através das letras debochadas Lia ressaltou a importância da liberdade, inclusive a sexual, no qual muitas pessoas ainda estão presas nos padrões do que seria “correto de se amar”. O show foi encerrado ao som do Trava Trava. Mas quando é o momento certo para fazer isso?
“Quando as pessoas estão dispostas, se aceitam um ao outro e não sobrepõe as suas vontades sobre as outras”, disse.
Apesar do sucesso das drags queen e muitas surgirem graças ao programa, Rupaul’s Drag Race, a homofobia ainda fica presente, principalmente através das redes sociais. Por isso, eu pedi para Lia o que os héteros precisam parar de fazer agora mesmo: “Deixar de ser homofóbico, não determinar o que o gay deve se vestir ou como comportar e, inclusive, achar que eles são os donos do mundo, porque não são”, finalizou.
Confira uma parte do trecho de sua performance no Galpão:
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