Guia para quem vai para SP pela primeira vez
Criolo deveria está muito puto quando escreveu a “Não existe amor em SP”. Todas as minhas impressões da cidade eram baseadas na música que falam das cores, dos prédios e a desigualdade gritam esporadicamente. Não é por menos, eu percebi a grandiosidade da cidade apenas descendo do Aeroporto de Congonhas quando vi aquela verde do alto saindo e vendo prédios, asfalto, transporte e tudo que via em filmes sobre cidade grande. Grande seria eufemismo, ela é gigante. Não é por menos, ela tem 11 milhões de habitantes. Pesquisei no Wikipédia que ela é maior que a cidade de Los Angeles. Ficava pensando: “Como é que uns jornalistas animais gritam na CBN que isso é melhor que os EUA?”.
Eu tinha 14 anos quando ganhei de presente de 15 anos uma viagem para conhecer os parques da Flórida, a cidade era realmente enorme. As rodovias gigantes e todas decoradas, os carros pareciam Hot Wheels em tamanho real. Mas, eu não achei a menor graça quando finalmente cheguei na cidade. Era normal, só tinha lojas de grifes e tinha as mesmas características de Recife, que na minha época era a maior referência de cidade grande.
Quase 15 anos depois, eu tinha visitado mais outras capitais gigantes do país. Fui ao Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e finalmente cheguei à São Paulo. Inicialmente para fazer um curso de Marketing Digital Avançado da ESPM, mas seria difícil conciliar o hotel office, turistar e estudar as novas técnicas de divulgação de produtos.
Mas, eu consegui!
E o melhor…Consegui viajar sozinha. Ser mulher em um país extremamente machista e conseguir conhecer lugares incríveis numa cidade totalmente desconhecida é possível. Foi a minha primeira viagem que fiz sem algum amigo, namorado ou parente por perto.
Mulherdada, se vai viajar sozinha, leia este post até o final. E veja minhas dicas, clicando em aba por aba para ficar mais organizado!
Se você está com pouca grana ou está com dinheiro bem contadinho, invista no transporte público. O metrô de São Paulo funciona perfeitamente, são 104 quilômetros de extensão divididos em cinco linhas. Procure hospedagens que ficam próximas da estação, pois 90% dos lugares de SP usam estes locais como ponto de referência. Ou seja, a cidade é toda movida nos trilhos e sem contar que é uma forma de entender um pouquinho a rotina do paulistano e por R$ 4,40 (aceita em pagamento em dinheiro e PIX através do Whatsapp da companhia que gerencia o transporte, no qual dão os QR Code por mensagem e não precisa levar um monte de papel).
Para você ter uma ideia que o metrô é tão importante, o Museu da Língua Portuguesa fica dentro da Estação da Luz e só chegar e pronto. Mata dois pontos turísticos em um. Isso que é praticidade do metrô.
Outro exemplo, parando na República, por exemplo, você rapidamente vai conhecer importantes pontos boêmios de SP, como o SESC da 24 de março, a Galeria do Rock, o Copan, Viaduto do Chá, Largo do Paiçandu (foto acima), Teatro Municipal e os bares da região.
Ao todo, são cinco linhas: Azul (a maior quantidade de estações), Verde (maior em extensão), Vermelha, Amarela e Lilás. O detalhe que todas elas se conectam entre si. Por sinal, guarde o mapa no seu celular, você vai precisar. Aqui está o mapinha, que inclui os trens da região:
Ei, sabe aquele estereótipo que São Paulo é só prédio e não tem um pingo de verde? Esquece este conceito! Por incrível que pareça, São Paulo é incrivelmente arborizada, principalmente nos bairros que tem uma circulação bacana de gente. Assim, a cidade fica fresquinha e não morremos de calor com o excesso de andança. Além disso, existem vários parques para visitar.
Um local que me surpreendeu positivamente foi o Parque Ibirapuera, que é um espaço enorme de área verde, que une a prática esportiva, museus e atividades de lazer. O mais legal que funciona tanto durante o dia quanto a noite. Ele é ótimo para jogar futebol, praticar frescobol, tomar banho de sol e, inclusive, fazer aquele almoço gostosinho. Ele é o parque mais visitado da América Latina.
Há também aparelhos de ginástica, quadras, playground, quiosques (inclusive para pedir comida do Ifood), ciclovia, maquininha de Red Bull (igual para tirar lata de Coca-Cola, sendo mais chique) e planetário. Você vai ficar doido lá dentro, que vai ficar querendo dormir por lá de tanta opção!
Olha as minhas brechadas no Ibirapuera para você ver que não estou maluca na minha tese.
A avenida Paulista é a principal via da cidade e que aparece na mídia o tempo todo. A gente poderia falar sobre os prédios dos importantes bancos, das principais empresas, a sede da Cásper Líbero (coincidentemente da TV Gazeta), do MASP (Museu de Arte de São Paulo) e entre outras coisas.
A Paulista é muito mais do que isso. É o novo e velho se encontrando. São paulistanos de nascença com os imigrantes juntos e conversando sobre amenidades. É poesia estampada na calçada. Pessoas almoçando no Burger King contando as horas para bater o ponto novamente.
É comprar aquela roupa na loja de Departamento, ir ao shopping para comprar o livro. Visitar aquele Mc Donald’s novo, que restauraram um casarão abandonado e deixaram quase uma atração da Disney. Além disso, eles vendem um sorvete com coca muito bom.
Paulista é a cidade por si só, para quem quer viajar a trabalho e está sem tempo de fazer grandes passeios. As fotos já falam por si só.
Quando a gente pensa no Beco do Batman rapidamente vem na nossa mente: graffiti. E de fato quando fui a primeira vez, só pensava em tirar fotos rapidamente e ir embora. Mas, garota, calma! Ele não é apenas um museu ao céu aberto, o pessoal realmente fez o local como complexo cultural.
Para chegar lá, eu peguei metrô, parei na estação de Vila Madalena e com o Uber cheguei em direção ao local. De longe já dá para ver as cores e os motoristas dão dicas dos melhores restaurantes para almoçar. As cores em direção ao beco já dão os primeiros sinais que estamos chegando no local.
A rua já está fechada para que pedestres possam andar em quase um quilômetro de graffitis vindos de artistas de SP e de vários países. Foi por causa dele que surgiu as pinturas do Beco da Lama, em Natal-RN. Além disso, o local é cheio de restaurantes com bons drinks, PFs ou pratos bem elaborados para sair com a família e os amigos.
O trecho recebeu esse nome devido a um grafite do personagem homônimo da DC Comics há muitos anos, e acabou por se tornar um ponto de turismo devido a dezenas de grafites pintados em seus muros; atualmente conta até mesmo com visitas monitoradas realizadas na área. Pode ir ao universo de toda a cultura pop ali, vão algumas fotos para mostrar a beleza daquele lugar.
Andando pela região central existe a Liberdade e tem a praça de mesmo nome. Fui no local nos sábados e mal sabia que teria a presença de uma feira que traz não só os melhores artigos asiáticos, mas também produtos artesanais do Brasil e de outros países da América do Sul. Além disso, lá tem barraquinhas trazendo o melhor das comidas japonesas fugindo daquele tradicional sushi. Em volta da praça também tem os prédios e restaurantes alinhados com a temática da cultura, com livrarias vendendo mangá em japonês, cafés com doces customizados com personagens de anime e também uma rua com várias lojas importadas, inclusive mercadinhos com os produtos vindos do Japão, Coreia e China, para os curiosos levarem para os outros estados do Nordeste.
Foi um dia quente, divertido e com muitas fotos. Lá peguei alguns produtos, chocolates, refrigerantes e um guarda-chuva com o personagem Totoro, do Studio Ghibli.
Uma experiência diferente em São Paulo foi assistir um concerto de música clássica. Mas, era um concerto que tocava clássicos do rock and roll. E, o melhor, a luz de vela. Claro que precisava ir!
O nome do show se chama Candlelight. Elas acontecem no tradicional Theatro São Pedro, construído no século XX, para receber concertos e óperas.
A banda que se apresentou era o Sexteto de Cordas do Monte Cristo Coral e Orquestra, que eles tocaram os sucessos de Beatles e Rolling Stones. O show é contagiante e superou bastante as minhas expectativas.
Quando falavam da Rua Augusta, as frases que mais ouvia:
“Essa rua é a sua cara, imagina a Ribeira 300x o tamanho”
Meu pai, quando viajava a trabalho dizia: “Tem um monte de roqueiro igual a você”.
E, quando falei que iria estudar uma semana em São Paulo. As pessoas sempre pediam que eu fizesse um rápido guia sobre a via. E, realmente, ela é a minha cara. Sim, ela é uma Ribeira 300x maior, principalmente porque as ruas paralelas também tem o mesmo espírito de bares, boates, cinemas e teatros voltados para o público alternativo.
Tem muita coisa para se fazer na Augusta. Se você não quer festa, tem cinema com filmes que você não veria nas grandes redes do shopping, shows de bandas locais e famosas, restaurantes, bistrôs ou seja, o mundo inteiro está lá. E quanto mais avança os horários, mais gente.
A única coisa que lamento porque estava muito cansada para ter uma noite inteira de diversão. E, me levaram para comer num restaurante chamado “Pedaço da Pizza”, que dão uma fatia de vergonha para você comer e é ótimo para matar a sua fome.
O que não podemos negar é que São Paulo tem muito museu e é uma das formas de passeio mais barata. São tantas opções que você fica na dúvida de qual você vai, quase todos cobram o preço de estudante (a meia-entrada), basta comprovar que você estuda, além de todos ficam próximos de estações e paradas de ônibus.
Procura aqueles que são perto de sua hospedagem ou dos lugares que obrigatoriamente vai visitar. Se você é do tipo de pessoa que curte passeios culturais, São Paulo vai fazer seus olhos brilharem. A capital paulista reúne uma série de museus e um acervo que não fica atrás de lugar nenhum no mundo.
Agora vai dois museus que visitei.
Museu da Língua Portuguesa
O Museu da Língua Portuguesa fica dentro da Estação da Luz e foi fundado em 2016. Ele foi reinaugurado em julho de 2021, no qual é dividido por três andares que falam sobre como português do Brasil teve influências não só de Portugal, mas de vários países e a contribuição da imigração no nosso vocabulário.
Museu da Imagem e do Som
No meio de um bairro de luxo, existe o Museu da Imagem e do Som, em um prédio construído no final dos anos 60. O seu objetivo é armazenar dados de pessoas que contribuíram com a televisão, rádio, música e também no clipe. O acervo do MIS conta com mais de 200 mil itens relacionados à história da produção audiovisual brasileira. São fotografias, filmes (curtas, longas, vídeos e documentários), vídeos, cartazes, peças gráficas, equipamentos de imagem e som e registros sonoros e audiovisuais, além dos livros, catálogos, periódicos, CDs, DVDs, VHS, coleções, cuja coleta e criação esteve sempre ligada aos acontecimentos contemporâneos. Ficou conhecido pela exposição sobre o Castelo Rá-Tim-Bum, programa infantil de sucesso da TV Cultura.
Quando visitei tinha duas exposições, sendo uma de graça. A principal mostrava os trabalhos da cantora Rita Lee com a curadoria do próprio filho dela, que expôs roupas, discos, anotações e toda memória física de 60 anos de carreira da “Rainha do Rock do Brasil”.
Você podia ficar o dia inteiro no MIS pelo seu espaço que mostra um pouco de SP apenas em um prédio, além de ficar mais fã de Rita. E a exposição gratuita é um coletivo de artistas que mostraram a vida das travestis, dos doentes de Covid-19 e da periferia de SP de uma forma crua, mas também usaram canais de omnichannel para que os visitantes pudessem expressar a sua opinião sobre os temas retratados.
Consegui viajar e gastar apenas o necessário. Para que eu pudesse conciliar o turismo e não atrapalhar o curso, eu tive que fazer uma ampla organização, aqui vai algumas dicas:
1) Monte a planilha com o que vai gastar diariamente;
2) Pense no que vai comprar, principalmente se a única mala for a de mão e uma mochila;
3) Comida em São Paulo é realmente caro, mas existem opções nutritivas e gastronômicas incríveis. Procure olhar Trip Advisor e o Google, o público não mente mesmo quando algo é ruim. Se você ver algum restaurante que tenha crítica de 1 estrela, observe bem essa crítica para saber se isto iria lhe incomodar ou não.
4) Leve bateria portátil na sua bolsa, pois nunca se sabe quando vai pedir ajuda e celular não descarregar.
5) Sempre observe os lados e não tenha medo de caminhar, isso te ajuda a ter uma excelente memória fotográfica dos locais.
6) Se conhece alguém na cidade, peça dicas e converse sobre lugares interessantes para visitar. Afinal, ele sabe quais são os locais que vale a pena e o que não vale.
7) Vai encontrar alguém? Combine de se encontrar nas estações de metrô e lugares públicos.
8) Informe a localização para todos amigos de confiança, pais, irmãos e quem você confia para não se perder ou caso aconteça alguma coisa eles saberem onde você está.
9) Procure hospedagens perto do transporte público e que tenha locais para fazer as principais refeições, farmácias para comprar remédios e um posto de saúde.
10) Cuide bem de sua saúde, principalmente se você está em uma cidade que o clima é totalmente diferente do seu. Alongue-se, use roupas leves, tênis e pequeno kit de sobrevivência para poder fazer longas caminhadas.
Eu super recomendo o canal das irmãs Camila e Bruna, que são intercambistas e viajam o tempo todo internacional, no qual contam sobre os perrengues dela, crimes com viajantes e dicas para não cair nas ciladas. Elas falam o tempo todo da importância de mulheres explorarem o mundo e terem o direito de viajarem como quiserem.
A seguir, portanto, o vídeo mais recente do canal:
Agora que te dei uma boa introdução de como conhecer São Paulo sozinha, compartilhe este texto para mais pessoas.
Acompanhe que vai ter outros posts falando sobre a minha viagem!
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Adorei o texto !