Conheci o primeiro shopping do Brasil e fica em SP

Conheci o primeiro shopping do Brasil e fica em SP

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O objetivo de viajar à São Paulo era procurar coisas curiosas. Entre o intervalo de uma aula e home office, tinha feito uma promessa à mim mesma de que iria visitar um ponto turístico por dia. Mas no dia que visitei o primeiro shopping do Brasil, eu enfiei o pé na jaca das visitações. 

Após ter saído do Museu da Imagem e do Som (MIS), que mencionei no guia em SP para viajar sozinha, na volta resolvi dar uma parada ao almoço e vi um local para bisbilhotar. Era um prédio bem Megazord. Sim, sabe aquela junção de robôs que se transformam em um, das séries japonesas? Era assim que interpretei visualmente. Estou falando do Conjunto Nacional. 

Brechando em SP
Fachada do Conjunto Nacional, tirei a foto de noite em uma andanças, você vai entender o porquê de ter tirado neste horário e não a tarde.

Meio galeria, meio prédio e ainda é fácil de se perder

Andando pela Avenida Paulista a gente não tem noção de como aquele espaço tem um contexto histórico. Achamos que é uma simples galeria das 18080156165165 existentes na via. E mesmo o espaço seja relativamente pequeno, na parte das lojas, o espaço é enorme e pesquisando na internet (normal a gente fazer isso em pontos turísticos de qualquer lugar, principalmente se é viciado em celular) enquanto almoçava descobri a importância histórica. Vamos contar a sua história a seguir.

Década de 50, surgimento de grandes lojas em SP

O conjunto começou a ser construído em 1952, após a decisão do empresário judeu argentino José Tjurs de edificar uma grande construção na Avenida Paulista. O objetivo era reunir a ideia de um prédio residencial que tivesse lojas ao mesmo tempo. Ou seja, era para o uso residencial, comercial, serviços e lazer. O prédio é rebuscado desde a entrada até a parte interna, cujo piso é todo decorado com mármore europeu. 

De acordo com a descrição do site, eles se definem como um grande condomínio. A relação entre os usos coletivos e privados dá-se pela composição entre duas lâminas: na lâmina horizontal, que ocupa toda a quadra na qual se implanta o edifício, encontra-se uma galeria comercial e, na lâmina vertical, a qual ocupa apenas uma parte da projeção do terreno, encontram-se os apartamentos. As galerias convergem para uma área central, onde uma rampa conduz ao mezanino. 

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A lâmina superior conta com 25 pavimentos, que dispõem de três entradas independentes.  O mezanino traz o melhor da arquitetura modernista, cujo prédio foi projetado por David Libeskind, mas no momento que visitamos a área estava fechada e várias placas de aluga-se, principalmente o tradicional restaurante Tenda Árabe. 

O Conjunto Nacional, teoricamente, apresenta restaurantes, escritórios e outros tipos de estabelecimentos de comércio e prestação de serviços (como drogarias, casa de câmbio, academia e lojas), além da maior livraria da América Latina: a Cultura, que vamos falar da nossa visita por lá.

Para entrar nas salas comerciais tem que entrar nos pavimentos Horsa I e Horsa II, que entra e sai gente nos inúmeros elevadores. O prédio é considerado o primeiro shopping da América Latina, no qual contou com a presença de Juscelino Kubtschek, que na época era o presidente da República. Agora, vamos contar da Livraria Cultura. 

A Livraria Cultura de SP

Para quem gosta de livros e visita a livraria como se visitasse um supermercado, eu penso logo rapidamente na Livraria Cultura. A primeira vez que fui nela foi em Recife, da unidade que tinha do Paço da Alfândega. O espaço era enorme e tinha vários títulos, dos mais variados tipos e os CDs dos artistas que gostava, mas não vendia em Natal.

O tempo foi passando e em 2015 fui ao Rio de Janeiro. Tinha acabado de me formar e fui assistir o show do Metallica. Claro que tive tempo de turistar e andando pela Cinelândia, eu descobri que eles transformaram um museu abandonado em uma loja, no qual relatei com todos detalhes.

Soube recentemente, que três anos depois da minha visita, eles fecharam o espaço e o antigo Cine Vitória está novamente abandonado.

Mas, eu ainda tive tempo de conhecer a maior loja deles: que fica no Conjunto Nacional e é a mais antiga, está lá desde 1969. O local ocupa quase toda a galeria do condomínio, onde são quase três andares divididos em teatro, sala para estudo e, claro, muitos livros, inclusive escrito em francês, espanhol e inglês, algo raro para quem pratica mais de um idioma.

Além disso, a parte de fora tinha um sebo com muitas obras de língua inglesa com um preço mais em conta.

O local pode ser um perfeito para um espaço coworking. Fiquei a tarde inteira trabalhando, enquanto paquerava os inúmeros livros que estavam no local. O térreo não é plano, então ele é uma grande rampa como se fosse uma pista de skate sendo para pedestre. Ficava me divertindo, caminhando de um lado e do outro.

No meio desta rampa tinha uma arquibancada com cadeira para poder se sentar enquanto espera alguém ou ler. Percebi que era o ponto de encontro dos jovens e também de parceiros para fechar os negócios, dá uma esperança da livraria ser um espaço social.

Por falar em esperança, a equipe está tentando atender o melhor possível, embora a empresa esteja numa das piores crises e fechando os espaços que eram tradicionais. A livraria da Paulista, por exemplo, é a única que ainda é “na rua” e o restante está em modernos shoppings.

De perto parece normal, que o processo de recuperação judicial veio a calhar, mas andando pela calçada você ver sujeira nos vidros, displays tampando os espaços que eram cheios de estantes e nada se compara a beleza da Cultura.

Esperamos que dias melhores virão em nome da boa prática de se ler os livros e ter uma opção tradicional de comprá-los além da internet.

O cinema ainda existe

No subsolo do Conjunto Nacional, além de ter um restaurante de comida mineira, o espaço recebe uma sala de cinema, o Marquise, que traz filmes cults e é ideal para quem quer ir ao cinema após um longo dia de trabalho. No dia que fui tinha acabado de estrear o mais novo filme de Pedro Álmodovar e normal ter programação especial de filmes. 

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Apesar de ser o primeiro shopping, tem poucos atrativos, apesar de reconhecer a cultura do local. 

A noite ele mede a hora e temperatura de SP

Lembra do relógio da imagem mais acima do post? Ele é tipo o relógio da Praça Gentil Ferreira, no Alecrim, sendo que versão paulistana. Ele marca a hora e a temperatura da cidade de São Paulo e é visível a partir de vários pontos da cidade, num raio de aproximadamente cinco quilômetros de distância. A Willys Overland do Brasil usou como estratégia publicitária em 1962, um luminoso de cor verde com o nome Willys, no alto do Conjunto Nacional. Em 1967, a Ford do Brasil compra a Willys Overland. Em 1970, foi, então, colocado um painel com o nome Ford, e marcando as horas, que era visto em vários pontos da cidade.

Desde o ano de 1975, o Banco Itaú comprou o espaço publicitário, e mais uma vez o nome foi trocado, para Itaú. Em 1992, o relógio, que podia ser visto a mais de cinco quilômetros, foi reformado, passando a ser controlado por computador, regulando a hora e mostrando a temperatura. Tem três faces e pesa 230 toneladas. 

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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