O título foi escolhido dessa forma, pois a intenção desta postagem é expor o outro lado do Rock In Rio, focando para o lado mais social, daqueles que participaram e dos funcionários que fizeram o festival. O dia desses acontecimentos foi neste sábado, dia 19 de setembro.
Era o sábado de Rock In Rio, conhecido como a noite do heavy metal por causa das bandas que tocariam naquele dia. Os shows foram ótimos, o dia foi maravilhoso e conheci algumas bandas novas, por sinal. Entretanto, o que me chamou mais atenção não foram os artistas que estavam em cima daquele palco principal, mas aquelas pessoas que estavam trabalhando na parte de apoio do festival, no qual geralmente não eram muito bem tratadas pelos frequentadores.
Tudo começou quando eu peguei um ônibus para ir à então Cidade do Rock. Havia motorista, um ajudante e várias pessoas vindas de diversas regiões do país. O caminho era longo e a demanda para aquele motorista seria enorme, uma vez que de uma em uma hora tinha que buscar as pessoas em vários pontos do Rio de Janeiro. Esses ônibus estavam circulando na cidade desde 11 horas da manhã.
Para evitar que entrasse no “automático”, o horário dos motoristas era dividido em turnos e eles tinham uma entrada específica para deixar os visitantes no local que aconteceria o festival. Cada passagem custava 70 reais. Eles deixavam e buscavam os visitantes a cada dia que acontecesse o show. Como fazia isso? Na internet, o visitante pagava a tarifa, escolhia o ponto de ônibus e pronto.
O problema é que o motorista não estava preparado com a alta demanda. Alguns minutos próximos da entrada do festival, ele desviou o caminho e ficou perdido. Um grupo de cinco pessoas começaram a xingar o rapaz.
“P*, sabe andar no Rio de Janeiro?”
“Quero ir ao show do Metallica ainda, viu?”
“Que cara burro, não sabe onde fica a entrada”
“Cadê a entrada?”
“Que m*, ele não sabe onde fica”
Quando finalmente acertou o caminho, os rapazes começaram a lhe responder com tom de deboche. Então, o veículo parou. Rapidamente os caras, “em forma de protesto”, abaixaram as suas calças e começaram a urinar sobre o ônibus, que rapidamente foi impedido por um policial, cujo ameaçou em prendê-los.
Achava que esse destrato pararia por aí. Não foi isso que aconteceu…
Após ter assistido o show do Korn, estavam começando as atrações principais, vi coisas mais sem noções do pessoal, como furar fila, quebrar os enfeites ou forçar a barra para ir ao brinquedo que estava lotado (para ir nos brinquedos tinha que marcar numa maquineta existente do lado da fila).
Eu também presenciei uma enorme quantidade de lixo espalhado no local. Apenas dando uns 10 passos poderia ser encontrado copos, pratos, embalagens de todos os tipos de produtos que possa imaginar, souvenires e tudo isso próximo de lixeiras. Algo que tinha bastante era lixeiras, mas nem todas estavam lotadas.
As pessoas faziam questão de jogar lixo até sobre a decoração que foi feita na Cidade do Rock. Uma das piores cenas que presenciei foi de um cara jogando um copo cheio de cerveja sobre uma zeladora como uma forma “de pedir para que ela limpasse aquela sujeira”. Até cheguei a comentar: “Nossa, o povo é bastante porco”.
O que ela fez? Abaixou a cabeça e limpou o copo jogado sobre o chão sujo de cerveja.
Dava para ver a cara de impressionados de outros zeladores que estavam por perto presenciando a cena. Isso aconteceu repetidas vezes quando fui comprar o meu próprio lanche, que estava com aquele preço horrendo. O lixo era mais visível na Praça de Alimentação, chamada de Rock Street.
Isto não foi o pior que vi. Várias vezes vi os caras xingando os funcionários presentes no evento.
Durante o show do Motley Crüe, um bêbado começou empurrando todo mundo, inclusive agredindo a sua companheira. Ao gritos dizia: “Vou sair desta b*, vou ver no Multishow (canal que exibe os shows na íntegra)”. Todos lhe olharam com um sinal de reprovação, principalmente por ter machucado a esposa.
No meio disso, eu fiz amizade com um grupo de cariocas fãs do Metallica e ficamos achando um absurdo a cena que acabamos de ver. “Se esse cara faz um papelão desse, por que pagou 300 conto para ir ao festival?”, dizia um dos caras, que estava acompanhado de filhos e sobrinhos. Durante o intervalo das duas principais bandas do dia, a gente começou a conversar sobre o que vimos no RIR e as atrações que mais gostamos.
Além disso, ele me forneceu dicas para turistar na cidade do Rio de Janeiro de forma gratuita. “Vai lá na Praia do Arpoador, o local mais bonito da cidade. O povo pensa que tem a obrigação de visitar o Corcovado e o Pão de Açucar, mas não é bem assim”.
Quando acabou o show do Metallica. Era a hora de voltar ao ônibus, porém a fila causou um tumulto por conta da organização. Então, começou o empurra-empurra e xingamentos de todos os lados. Os funcionários do festival tentaram ajudar da melhor forma, mas só recebiam dos xingamentos das pessoas, principalmente ofensas de baixo calão.
Teve uma menina que foi furar a fila, foi empurrada e agredida por um rapaz. Um rapaz tentou apaziguar os fatos, mas sem sucesso. Resolvi que ficaria na parte de fora da fila até as coisas cessarem e uma senhora estava do meu lado e comentou:
– Nossa, querem falar de corrupção, mandam a presidente para aquele canto, mas na hora de embora é todo mundo se xingando, empurrando e furando fila. Que coisa, né?
Apenas concordei e balancei a cabeça com o sinal de concordância. No final da fila, alguns mais alterados chegavam a dizer: “Parabéns pelo FDP que inventou de fazer esta fila de b*, que fez meu dia ser uma b*”.
Os artistas fizeram ótimas apresentações. O que foi vergonhoso foi o comportamento das pessoas… Entretanto, alguns estavam querendo só se divertir e até cumprimentaram o Carlinhos de Jesus quando fez uma apresentação que misturava circo com samba. Porém, esses fatos isolados me chocaram e mostra que para acabar com a corrupção precisa melhorar a educação das pessoas.