Os patins são sapatos colocados sobre os pés e possuem rodinhas ou lâminas para se deslocar sobre o chão liso. Junto com os skates, eles foram responsáveis pelo reaproveitamento de um espaço público que se encontrava abandonado: o presépio de Natal, localizado na Avenida Prudente de Morais.
Por muito tempo o local foi utilizado como residência daqueles que não tinham casas. As paredes brancas foram substituídas por pichações ou grafitagem. Entretanto, as curvas conhecidas dos projetos arquitetônicos de Niemeyer virou uma improvisada pista para esportes radicais. Vale lembrar que Natal é a única capital do Brasil não haver uma pista para skate.
Os patinadores, por sua vez, tinham mais dificuldades de arranjar um espaço só para eles, uma vez que precisa de um chão liso para poder praticar o esporte; o presépio de Natal era o canto ideal.
Nós fomos brechar esta pista de patinação da cidade. Uma coisa que constamos logo de cara: muita gente em Natal está andando sobre duas rodas. Conforme este vídeo a seguir:
Ao descer na escadaria do presépio de Natal, que fica do lado do ginásio do Ded, se encontra um amontoado de pessoas. O local foi dividido em dois lugares: galera do skate e os patinadores. Todos os dias eles estão lá.
Na parte do patins já existem pessoas que chegam ao monumento com patins próprios, outros vendem os produtos e uma terceira trupe aluga os equipamentos por uma bagatela de 10 reais por uma hora. Além dos patins, o visitante recebe os equipamentos de proteção.
– Qual é seu calçado ? – perguntou a instrutora Dayse.
– 35. É verdade que o patins tem que ser dois tamanhos a mais que o pé? – perguntei
– Não, depende do fabricante dos patins, os que a gente trabalha não tem isso. Tome este aqui, já patinou antes? Cuidado que estes são bem rápidos – alertou.
– Beleza, eu patinei quando era bem criança, faz mais de 10 anos que não patino -respondi.
– É parecido com bicicleta, você pode demorar a voltar a praticar, mas nunca esquece.
Com patins e equipamentos colocados, uma instrutora ensina os primeiros passos, como frear, como cair sem se machucar e depois o patinador iniciante tem que andar sozinho.
O passeio é bem tranquilo e muito divertido. As quedas fazem parte. Achava que não sabia andar de patins, porém estava enganada. Foi algo energizante e ótimo exercício físico; também é um lugar para conversar com os outros natalenses.
Lá, encontrei um grupo de garotos vindos de Macaíba, no qual todos os domingos estavam lá. Os garotos já sabiam fazer manobras complicadas, como andar com as pernas cruzadas, giros e atravessar os obstáculos colocados nas pistas.
– Em Macaíba não tem uma pista lisinha (sic) como essa daqui. É bastante difícil a gente andar por lá. Nós gostamos muito daqui – disse um dos garotos.
Também lá tinha umas meninas em torno de 14 a 18 anos. Assim como eu, elas estavam no local pela primeira vez e nós ajudamos uma a outra para evitar quedas ou ensinar os poucos passos, que aprendemos uns 30 minutos antes.
O prédio foi arquitetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 2006. Custou R$ 1,7 milhão aos cofres públicos. Deveria ter lojas, lanchonetes, além de promover eventos. Era uma homenagem à cidade, que foi fundada no dia 25 de dezembro. Por muito tempo o local ficou abandonado. Cogitou a possibilidade de formar o Centro Cultural Banco do Brasil, mas nada foi concretizado.