Hoje é Dia de São João, uma das importantes Festas Juninas. No Rio Grande do Norte, uma das tradicionais festas fica em Mossoró, que disputa com Caruaru e Campina Grande para saber qual é a maior festa do país. Mas já teve festa de São João em Natal? Por ficar numa capital, a cidade não existe muita tradição nas festas juninas, somente feita de forma esporádica.
Na época da colonização do Brasil, após o ano de 1500, os portugueses introduziram em nosso país muitas características da cultura europeia, como a Festa de São João, inspirada nas festas pagãs em comemoração de fertilidade da terra, às boas colheitas, na época em que denominaram de solstício de verão. Essas comemorações também aconteciam no dia 24 de junho, para nós, dia de São João.
Essas festas eram conhecidas como Joaninas e receberam esse nome para homenagear João Batista, primo de Jesus, que, segundo as escrituras bíblicas, gostava de batizar as pessoas, purificando-as para a vinda de Jesus. Assim, passou a ser uma comemoração da Igreja Católica, onde homenageiam três santos: no dia 13 a festa é para Santo Antônio; no dia 24, para São João; e no dia 29, para São Pedro.
Os negros e os índios que viviam no Brasil não tiveram dificuldade em se adaptar às festas juninas, pois são muito parecidas com as de suas culturas.
Aos poucos, as festas juninas foram sendo difundidas em todo o território do Brasil, mas foi no nordeste que se enraizou, tornando-se forte na nossa cultura, principalmente no Nordeste. As comidas típicas dessa festa tornaram-se presentes em razão das boas colheitas na safra de milho. Com esse cereal são desenvolvidas várias receitas, como bolos, caldos, pamonhas, bolinhos fritos, curau, pipoca, milho cozido, canjica, dentre outros.
Na capital potiguar, as festas juninas surgiram em meados da década de 70 e 80, quando boa parte da população do interior migrou para a cidade. De acordo com a pesquisadora Luciana Chianca, do Departamento de Antropologia da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), até o século XX as tradicionais festas juninas em Natal eram iguais as do interior do RN. No entanto, a elite conquistou espaços de distinção e legitimidade simbólica para avaliar a tradição popular em relação às inovações estéticas e culturais. Ou seja, ficaram com vergonha de comemorar SJ por achar que “era coisa de interior”.
A tradição voltou apenas na segunda metade do século, onde dados demográficos recentes revelam que nos anos 1970 – período de grande intensidade migratória interna – 89% dos migrantes que chegavam a Natal eram originários de zonas urbanas. A maioria desses migrantes vieram nas regiões periféricas ou em bairros onde a predominância era a classe média baixa.
Foi assim que surgiu o Arraiá da Esmeralda, no bairro de Potilândia, que falamos no ano passado. Além disso, também surgiram outros arraiás espalhados, como o como o da Velha Chica, espalhada no bairro de Lagoa Seca. Nestas duas festas eram convocadas bandas de forró, sorteio, parque de diversões e dentre outros atrativos. Praticamente, uma festa de interior dentro da capital potiguar.
A partir dos anos 2000, estas festas acima cessaram por conta das brigas e violência. Atualmente os canais de televisão tentam reativar as festas juninas na capital através dos festivais de quadrilha, onde quadrilhas estilizadas espalhadas em bairros periféricos e região Metropolitana, composta de jovens entre 15 a 21 anos, disputam para saber qual delas dança mais bonito e possuem várias categorias de competição, praticamente um desfile de Escolas de Samba versão Festa Junina.
Existe tentativa, tanto estadual quanto municipal, de ressuscitar as festas de São Jão, mas não são bem sucedidas.
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