Pouca gente, sabe, mas o cantor de forró Elino Julião era potiguar e faz 11 anos que deixou a vida terrena. Na próxima quinta-feira (1), a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte fará uma homenagem, no qual irá criar o memorial da história de vida e do legado musical do artista potiguar, considerado patrimônio imaterial da cultura potiguar.
Os arranjos orquestrais e partituras serão organizados como acervo do projeto e ficarão disponíveis em meio digital no Portal Morada da Memória – Elino Julião. Se fosse vivo, ele estaria com 81 anos.
O projeto garante a transmissão do legado musical de Elino Julião de geração a geração, recriando na sociedade potiguar uma interação com sua história musical, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade.
Mostrando, assim, que a música erudita e popular podem andar de mãos dadas.
Julião foi filho de Francisca Augusta e Sebastião Pequeno, tocador de cavaquinho, Concertina e harpa. Começou trabalhando ainda criança, no sítio Tôco, como carregador de água e alegrava os moradores da fazenda onde morava cantando e batendo em latas as músicas que aprendia nas festas de Sant’Ana em Caicó. Costumava sair da fazenda descalço e a pé, rompendo 18 km de caatinga para bater a famosa ” peladinha ” em frente à Igreja de Sant`Ana na cidade de Caicó e articular-se, claro, para cantar na sede do Caicó Esporte Clube, no domingo à tarde. Cantar para Elino, já era êxtase.
Aos 14 anos veio para Natal, se escondeu no bairro das Quintas e logo garantiu seu espaço para cantar no Programa Domingo Alegre da Rádio Poti, junto ao radialista Genar Wanderley e no animado Forró da Coréia, onde hoje é a Arena das Dunas, nome de seus maiores sucessos aqui:
Por causa da canção, ele conseguiu espaço e reconhecimento cantando músicas de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e outros, espalhando que o Rio Grande do Norte também poderia produzir forró. Por falar em Jackson do Pandeiro, o mesmo convidou Julião para fazer parte de sua banda. Mas Elino tinha de prestar serviço militar e assim o fez. Após sair das Forças Armadas voltou a procurar Jackson, com quem foi morar e trabalhar no Rio de Janeiro.
Como ritmista de Jackson, se apresentou nas rádios, TVs do Brasil inteiro. Foi na casa de Jackson, que Elino compôs suas primeiras músicas. Gravando seu primeiro disco em 1961, na gravadora Chanticlê. Em seguida, Jackson o levou para a Phillips, por onde lançava seus discos. Depois foi para a CBS (Sony), permanecendo por 23 anos.
Com o sucesso foi convidado para trabalhar em São Paulo, junto a Pedro Sertanejo, onde permaneceu por 6 anos, até se unir a Luiz Gonzaga, que o convidara para ser seu ritmista. Com o rei do baião Elino fica por três anos. E em 96, Julião e outros artistas do gênero saem da CBS. Dois anos depois, grava o seu primeiro disco independente, com ajuda da esposa.
Ele teve nas raízes do autêntico “forró pé de serra” do sertão nordestino, registrou e divulgou com originalidade e alegria a cultura e as tradições dos folguedos populares nordestinos por mais de de 4 décadas. Foi criador de grandes sucessos da música popular nordestina, tais como: O Rabo do Jumento, O Relabucho, Maria Home, Puxando Fogo, Na Sombra do Juazeiro, A festa do Senhor São João, Cajueiro de Pirangi, Filho de Gaiamun e muito outros.
Foram mais de 400 composições, 48 LPs e 9 Cds em 43 anos de carreira. Para sua terra regressou em 1997, com o mesmo entusiasmo com que foi.
O cantor faleceu em Natal após ter sido vítima de um aneurisma cerebral, aos 69 anos, após ter jantado com a sua família. Seu corpo foi sepultado no cemitério Morada da Paz.
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