Você não está lendo errado, quem projetou a famosa cabine telefônica brasileira, o orelhão, foi uma mulher e que se estivesse viva hoje completaria 70 anos e nesta terça-feira (4) o Google a homenageou com o seu doodle. Mas quem é Chu Ming Silveira? Vamos contar a sua história. Primeiramente, ela é esta moça bonitona da foto a seguir:
Na verdade, ela nasceu na China, mais precisamente na cidade de Xangai em 4 de abril de 1941. Filha de Chu Chen e Shui Young Queen, foi a segunda de quatro filhos. Seu pai, Chu Chen, era engenheiro civil e durante a guerra serviu às forças armadas nacionalistas de Chiang Kai-Shek. Com a vitória dos comunistas, em 1949, a violenta perseguição e repressão aos opositores levaram-no a mudar-se com a família para Hong Kong, onde permaneceram por 4 anos.
Em 1950, a família embarcou de Hong Kong, empreendendo uma viagem de navio de 3 meses que terminaria no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em pleno Carnaval de 1951. Mas a família instalou-se em São Paulo, no bairro de Pinheiros. Chu Ming não completara ainda seus 10 anos de idade.
Chu Ming estudou Arquitetura na Universidade Mackenzie, em São Paulo, formando-se Arquiteta em 1964, lá aprendeu com os professores Adolf Franz Heep, arquiteto formado pela Escola de Artes e Ofícios de Frankfurt, e os artistas plásticos Pedro Corona e Lazlo Zinner. Foi aluna também de Marcelo Fragelli, Fabio Penteado, Ubirajara Ribeiro e Ubirajara Giglioli.
Se formou na instituição de ensino em 1964. Mesmo ano em que seus pais se mudaram para Manaus, atraídos pelas facilidades para o comércio de importados na Zona Franca. Lá, fundaram a próspera Loja Oriente, que viria a tornar-se mais tarde em um escritório de importação e exportação de artigos refinados da China.
Chu Ming casou-se, em 1968, com o engenheiro paulista Clóvis Silveira. O primeiro filho, Djan, nasceu em abril de 1971. Alan, o caçula, nasceu em outubro de 1976.
Em 1965, Chu Ming montou escritório particular de Arquitetura, tendo desenvolvido projetos diversos na área de Edificações. No ano seguinte, passou a trabalhar na Companhia Telefônica Brasileira, em São Paulo, realizando, como arquiteta, anteprojetos, supervisão e coordenação do desenvolvimento dos projetos de Centrais Telefônicas e Postos de Serviço, além de acompanhamento de obras, até 1968.
Foi neste período que ela desenvolveu o projeto os projetos de protetores telefônicos Chu I e Chu II, popularmente conhecidos como Orelhinha e Orelhão, respectivamente. O desafio era criar um protetor para telefones públicos que reunisse funcionalidade e beleza. O ponto de origem de seu bem sucedido projeto foi o formato do ovo, segundo ela, “a melhor forma acústica”.
Na época de seu lançamento foram denominados pela CTB, Chu I (Orelhinha) e Chu II (Orelhão), em homenagem à sua inventora. O modelo Chu I, em acrílico alaranjado, foi idealizado para telefones públicos instalados em locais fechados, como estabelecimentos comerciais e repartições públicas, ao passo que o Chu II foi concebido para áreas externas, fabricado em fibra de vidro nas cores laranja e azul, resistente ao sol, chuva, frio e altas temperaturas brasileiras.
As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo receberam os primeiros telefones públicos com os novos protetores, nos dias 20 e 25 de janeiro, respectivamente. A população logo criou apelidos para a novidade, como “Tulipa”, “Capacete de astronauta” e o definitivo, “Orelhão”.
Em 1973, foram exportados os primeiros Orelhões, para Moçambique, na África. Orelhões ou modelos inspirados no projeto de Chu Ming podem ser encontrados, hoje, em outros países da África, como Angola, em países da América Latina como Peru, Colômbia, Paraguai, e até mesmo na China.
A partir de 1987, voltou-se ao desenvolvimento de projetos de residências no litoral paulista, como os da casa de praia em Ilhabela.
O projeto arquitetônico do orelhão pode ser visto aqui:
Chu Ming faleceu no dia 18 de junho de 1997, em São Paulo.
Deixe um comentário