Inicialmente, eu acompanhara o Saga por motivos de nerdices. Desde que trabalhava com O Chaplin, lhe visitava por motivos profissionais. Esta foi a primeira vez com o Brechando. Se bem que consigo trabalhar e me divertir ao mesmo tempo.
Vi que um simples evento de “esquisitos”, como algumas pessoas apontavam a galera que gostava de anime de Natal, se transformou para aquele que é respeitado por órgãos públicos e privados e tem sua sede simplesmente na Arena das Dunas, estádio construído na cidade para receber jogos da Copa do Mundo de dois anos atrás.
Em um lugar que só iria um determinado público, agora tinha crianças, adolescentes e adultos (inclusive, os pais levam os seus filhos) num mesmo balaio. Tinha até fila quilométrica para adentrar.
Muita coisa mudou nesse período, saímos dos ginásios de colégios da zona Sul para lugares aonde toca artistas de responsa. Uma mulher que inspecionou a bolsa quando entrei disse uma coisa que me chamou atenção: “Nossa, este evento tá mais caro que o show do Safadão”.
Os dubladores que faziam parte da animação foram trocados pelos Youtubers. Os cosplays que eram feitos de forma muito improvisada estão cada vez mais profissionais. Estão chamando os verdadeiros cantores de anime, não apenas banda covers. Os jogos que eram apenas para divertimento, se transformaram em esportes tão populares quanto o Brasileirão do Futebol. Pois é, amiguinhos, o Saga acompanhou todas essas mudanças e as incentiva.
A estudante de nutrição, Raissa Guedes, também ficou em choque após anos sem pisar no evento e olhar bem de perto as mudanças que aconteceram. “Só apareci nos três primeiros anos. Gostei da evolução do evento, aumentou a quantidade de pessoas, além de que tem gente fazendo mais cosplay e estão bem mais elaborados. Agora, o evento está mais plural e destinado para todo mundo que gosta de cultura pop. Só faltou eles venderem mais quadrinhos, mangás e doramas (séries japonesas)”.
Quase todo o estádio estava cheio de nerds, até aquelas áreas que só os jogadores e diretores de time de futebol estava com atrações. Se você não quisesse comprar acessórios de cultura pop (camisetas, action figures, canecas, bottons…), tinha a parte para experimentar as novas tecnologias, como óculos de realidade virtual e os novos computadores que foram lançados recentemente.
O Saga também estava incentivando as pessoas a jogarem o Pokémon Go, uma das mais novas febres do momento. Quem fizesse mais pontos durante o evento, poderia ganhar um prêmio da organização. O staff Gabriel Ribeiro estava contando a pontuação de cada pessoa que estava com celular na mão e contou o que gosta.
“No cotidiano, eu trabalho em um escritório de advocacia. Mas, eu também estou trabalhando no Saga há cinco anos. O que mais gosto de trabalhar é poder se divertir, além de fazer amizades e interagir com as pessoas. Já fiz de tudo, só não participei da organização do cosplay e da sala do K-Pop”, afirmou.
Mas também podia usar as plaquinhas vendidas no evento para escrever o que estava sentindo, inclusive para esculhambar a situação atual da política brasileira. Como nesta foto a seguir:
Ainda não era a sua praia? O que você gosta, então? E-sports? Prefere Dota ou Lol? Tinha um enquete feita pela plateia.
Podia assistir ou competir no Overwatch, Hearthstone, League of Legends (LoL) e Dota. Sabia que era possível ganhar brindes e dinheiros? Sim, os campeonatos estavam parecendo com aqueles internacionais, era muito legal ver a galera treinando duro e podendo até virar profissionais. Além disso, tinha até narradores durante as competições. Sim, tinha uma espécie de Galvão Bueno e Arnaldo César Coelho em cada partida, como nesta imagem a seguir:
Certo, você não gosta de gastar seus preciosos dedos no teclado. Mas, você gosta do Magic? O jogo de carta de Pokémon? Sim, havia campeonatos de cardgames, mas também tinham pessoas que se reuniu para divertir entre amigos. No espaço das cartas, também tinham pessoas vendendo decks e algumas caixas de jogos de tabuleiro.
Quer dançar? Havia duas opções: Jogar Just Dance no Kinnect em uma sala destinada para isso ou dançar com os amigos ao som do pop coreano, o famoso K-Pop. Tá com vergonha de dançar? Grupos específicos que dançam este tipo de música estavam animando as pessoas no palco principal, que estava no gramado do estádio, assim como as competições de cosplay.
Como falei anteriormente, o Saga tinha espaços para experimentar novas tecnologias, mas também estavam incentivando que os visitantes também conhecesse a produção local de jogos digitais e analógicos. Os stands mostravam as empresas que trabalham na área, além de fazer um test-drive. Era muito comum ouvir esses diálogos:
“Que irado!”
“Posso jogar de novo?”
“Como faz para baixar?”
Ainda tinha a parte da impressora 3D, no qual estavam imprimindo diversos objetos aos olhos da plateia. Em poucos minutos, a máquina podia fazer a cabeça do Darth Vader, o vilão mais carismático da série Star Wars.
Além disso, ainda tinha diversas palestras para incentivar a produção de jogos, mexer no Photoshop, edição de vídeo, fotografia e dentre outras coisas legais. Sim, você podia trabalhar, se divertir e procurar um rumo profissional. Esta mistura de novas tecnologias, jogos e You Tube explodiu a cabeça da jovem Rosângela Pessoa que estava muito feliz com essas opções no evento, no qual era a sua primeira visita.
“Queria assistir as competições dos jogos, mas descobri que tinha várias atrações interessantes, como as palestras e pessoas mostrando os jogos produzidos pelo povo daqui. Foi muito interessante”, disse.
Temos que finalizar este texto falando do Cosplay, que é uma das partes mais importantes do Saga. O que é isso? É a junção de duas palavras inglesas “Costume”, que é fantasiar e “Play”, interpretar. A pessoa além de se vestir com o personagem desejado, tinha que o interpretar. O cosplayer tinha duas opções, competir ou andar pelos corredores dessa forma, sendo parado pelos visitantes para poder fotografar. Era cada roupa e atuação mais bem feita que a outra.
Mas também tinha gente que foi só pela “zoeira”:
E outros mostrando que não existe idade para fazer cosplay, como esse fofo casal de Eustácio e Muriel do desenho “Coragem, o cão covarde”:
Ainda tinha gente que quebrou o conceito de gênero:
A organização utilizou o vestiário do estádio para funcionar como camarim da área do Cosplay. As pessoas levavam várias malas para poder se trocar, parecia que estava se mudando para a Arena das Dunas. Um deles foi Leonardo Silva. “Este é o meu segundo cosplay. É melhor ir ao evento de assim, mesmo sendo trabalhoso. É muito gratificante receber o carinho das pessoas que gostam daquele personagem”, disse.
Já Greyce Kelly é mais experiente na área, está há seis anos e era bastante solicitada pelos visitantes com sua Arlequina, que chegou até ser abraçada por uma adolescente e também foi pedida em casamento por um admirador.
“Gosto de fazer personagens que me identifico. Hoje, eu estou de Arlequina, adoro a personalidade louca dela e é bom para se divertir, principalmente após fazer diversos personagens mais sérios. É divertido ver o resultado do trabalho depois e receber o carinho das pessoas. Só não fui para meu primeiro evento sem cosplay e me arrependi muito. Agora só vou de cosplay (risos)”, afirmou a jovem.
A competição é um dos ápices do Saga, no qual o competidor pode participar de duas categorias, desfile e tradicional. O segundo citado é tipo o “Lipsync For Your Life” do Rupaul’s Drag Race, no qual o competidor tem que fazer uma performance ao vivo no palco. O vencedor poderia competir na edição nacional do WCS em São Paulo. Durante as duas modalidades, ele foram julgados por uma equipe, que analisava o personagem e a atuação.
Foi assim que aconteceu os dois dias de Saga na Arena das Dunas, fizemos um álbum de fotos que pode ser conferido a seguir:
Sou Lara Paiva, tenho 31 anos e trabalho como jornalista e publicitária, ambas formações foram na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Atualmente, trabalho com publicidade e assessoria de imprensa, além de fazer mestrado.
Brechando é um blog desenvolvido desde o ano de 2015, onde conta histórias e curiosidades do Rio Grande do Norte por meio do jornalismo gonzo, além de um texto com característica única.
Deixe um comentário