No meio desta instabilidade política em que o país está passando, nós deveríamos relembrar que o dia 1 de abril foi o início dos mais tenebrosos 21 anos de governo: a Ditadura Militar. Foi um período que a gente não poderia escolher presidente, se criticasse qualquer coisa poderia ser preso, torturado ou morto pelos militares, imprensa escondendo os podres e sem contar com a censura. Porém, algumas pessoas lutaram piedosamente para que este governo chegasse ao fim.
Apesar dos livros potiguares não falarem bastante neste período em Natal, muita gente morreu para que a gente tivesse novamente uma democracia. Um deles foi o professor Luiz Maranhão, um dos potiguares que foram exterminados pelos militares, e nós vamos contar a história dele a seguir.
Luiz Inácio Maranhão Filho nasceu no dia 25 de janeiro de 1921 em Natal. Era irmão de Djalma Maranhão, que antes do golpe era prefeito de Natal, no qual já falamos do ex-Chefe do Executivo Municipal no Brechando.
Luiz Inácio era casado com Odette Roselli Garcia Maranhão. Era advogado e professor universitário, dando aulas no Atheneu Norte-Riograndense, na Fundação José Augusto e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Também fazia colaborações como jornalista no Diário de Natal e na Revista Civilização Brasileira. Entrou para o Partido Comunista Brasileiro em 1945 e, em 1952, foi preso e torturado pela Aeronáutica, em Parnamirin (RN). Em 1958, foi eleito deputado estadual pelo Partido Trabalhista Nacional e ficou no cargo até 1962. No início de 1964, visitou Cuba e, ao voltar, foi preso e torturado em Fernando de Noronha com Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos.
No dia 3 de abril de 1974, Luiz Inácio Maranhão Filho foi preso em São Paulo, desaparecendo em seguida. De acordo com a Comissão da Verdade, órgão responsável em revelar o passado negro da ditadura, Maranhão Filho se encontrou com Walter de Souza Ribeiro e João Massena Melo. Em seguida, os três desapareceram e nunca mais foram encontrados.
O momento em que Luiz Maranhão quando preso foi testemunhado por diversas pessoas, no qual tentaram socorrê-lo, pensando tratar-se de um assalto comum.
Em maio, sua esposa Odette Roselli denunciou através de uma carta que Luiz Maranhão estava sendo torturado pelo delegado do Departamento da Ordem e Polícia Social (DOPS), Sérgio Paranhos Fleury. Sua carta foi encaminhada ao MDB (Oposição do Governo Militar. Atualmente, ele é o PMDB de Eduardo Cunha) e lida na Câmara Federal pelo Secretário-Geral do Partido, Deputado Thales Ramalho.
Em 15 de maio de 1974, o vice-líder da ARENA, Deputado Garcia Neto prometia “que o governo tomaria providências para elucidar os sequestros de presos políticos, inclusive de Luís Maranhão Filho”. Providências nunca encaminhadas. Em 08 de abril de 1987, o ex-médico e torturador Amilcar Lobo revelou, em entrevista à Revista Isto É, que viu Luís sendo torturado no DOI-CODI do I Exército no Rio de Janeiro. Em 1993 o ex-agente do DOI-CODI, Marival Chaves, em entrevista à Revista Veja, disse que Luís fora trucidado pelos órgãos de segurança da ditadura militar; seu corpo não foi localizado.
Em 21 de setembro de 1978, Luiz Maranhão Filho ganhou anistia após o absolve Conselho Permanente de Justiça absolver, por prescrição penal, diversos membros do Partido Comunista acusados durante a ditadura militar
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