A obrigação da padronização de características vem da escola, quando os seus colegas querem que você siga uma mesma linha de aparência. Caso não aceite, você tem altas chances de sofrer xingamentos, brincadeiras estúpidas ou agressões. Essas que se chamam bullying, termo em inglês para assédio moral que acontece em um ambiente escolar e também acadêmico. É uma das formas de violência que mais cresce no mundo.
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Mas, o que é o assédio moral? Se for explicado no termo trabalhista, o assédio moral é a exposição de alguém a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções. São mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e antiéticas de longa duração, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização.
Por isso que comparo que o bullying na escola é a mesma coisa que o assédio moral no trabalho.
No ano de 2015 foi constatado que a presença de casos de bullying em escolas brasileiras aumentou de 5% para 7%, segundo pesquisa do Ministério da Saúde e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada com contribuição da Universidade de São Paulo (USP). O levantamento apontou ainda que 20,8% dos estudantes já praticaram algum tipo de bullying contra os colegas e que a prática é proporcionalmente maior entre os meninos (26,1%) do que entre as meninas (16%).
O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.
A mesma pesquisa coletou 109.104 depoimentos de todos os estados brasileiros em 2009 e 2012 e que serviram de base para a pesquisa. Na comparação entre os dois períodos foi possível observar que os casos de humilhação, agressão ou preconceito estão em evidência no ambiente escolar.
A pesquisa foi feita em escolas públicas e particulares e aponta que 51% dos estudantes disseram ainda que não sabem os motivos do bullying, apenas uma pequena parte conseguiu explicar as causas do preconceito. Para 18,6% dos pesquisados, o assédio ocorreu devido a aparência do corpo, seguido da aparência do rosto (16,2%). Casos envolvendo raça ou cor representam 6,8% dos relatos, orientação sexual 2,9%, religião 2,5% e região de origem 1,7%.
Em Natal, este ato é bastante comum e entrevistamos pessoas que foram alvo na escola ou ainda sobre. Veja os depoimentos anônimos a seguir:
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Aqui coloco um link em PDF de um advogado natalense que resolveu topar em falar no blog sobre as consequências de sofrer bullying na escola desde a juventude. Clique aqui.
As consequências disso? São várias, como o desenvolvimento de possíveis doenças, como transtorno de ansiedade, depressão e dentre outras. O bullying sempre existiu. No entanto, o primeiro a relacionar a palavra a um fenômeno foi Dan Olweus, professor da Universidade da Noruega, que viu que as brincadeirinhas das escolas tinha relação com as tendências suicidas entre adolescentes, objeto de pesquisa dele na década de 70.
As agressões acontecem, na maior parte dos casos, sem o conhecimento de professores e pais. A consequência é uma sensação de medo e insegurança que atrapalha os estudos
Portanto, o pesquisador descobriu que a maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça e que, portanto, o bullying era um mal a combater. Além disso, a popularidade do fenômeno cresceu com a influência dos meios eletrônicos, como a internet e as reportagens na televisão, pois os apelidos pejorativos e as brincadeiras ofensivas foram tomando proporções maiores.
Conforme falamos anteriormente, não sabemos se existe uma relação com o bullying, mas o ato de retirar a própria vida já registra 1% de todas as mortes de crianças e adolescentes do país. Esse valor, há 30 anos, era de 0,2%. Ou seja, em 1986 esse número era 455 e em 2013 saltou para 788. Portanto, houve um aumento de 63,5%.
No Brasil, existe, desde 2015, a lei nº 13.185 como forma de proteger este ato. A caracterização do bullying é bastante específica e vai além de citar atos violência física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação. Cita, especificamente, casos de ataques físicos, insultos pessoais, comentários sistemáticos e apelidos pejorativos, ameaças por quaisquer meios, grafites depreciativos, expressões preconceituosas, isolamento social consciente e premeditado, pilhérias.
A lei considera que há “intimidação sistemática na rede mundial de computadores (cyberbullying), quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicossocial”.
Também tem como propostas capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema; implementar e disseminar campanhas de educação, conscientização e informação; instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores; dar assistência psicológica, social e jurídica.
O documento ainda fixa que é dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática. Para saber mais sobre a lei, clique no link.
Bullying será discutido na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte
Assembleia Legislativa vai realizar na próxima segunda-feira (10), às 14h, no plenarinho da Casa, a audiência pública: Diga não ao bullying nas escolas do RN. A proposta é da parlamentar Christiane Dantas, que quer incentivar a discussão permanente sobre o assunto nas instituições de ensino.
Durante a audiência pública será distribuído um material educativo elaborado pela deputada, além de apresentações culturais do cordelista Nando Poeta e de alunas da Escola Estadual Rômulo Wanderley.
Foram convidados para participar do debate representantes do Conselho Estadual de Promoção da Paz nas Escolas, das Secretarias de Educação do Estado e Município, Conselho Regional de Psicologia, representação das escolas públicas e privadas, e o Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinte).
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