O algodão era conhecido como o ouro branco do Rio Grande do Norte. Entretanto, nós não produzimos mais por conta de uma praga de um besouro chamado Bicudo. Além disso, isto prejudicou bastante o desenvolvimento no interior do estado.
Vamos explicar sobre este inseto nesta postagem.
Como surgiu a cultura do algodão no RN ?
O algodão era o ouro branco e a produção durante os anos de produção ajudou a criar rodovias, prosperar pequenas comunidade e municípios. Os primeiros colonos chegados ao Brasil, logo passaram a cultivar e utilizar o algodão nativo. Os jesuítas do padre Anchieta introduziram e desenvolveram a cultura do algodão
Somente o algodão “mocó”, de fibra longa, poderia ocupar esse lugar de excelência no mercado exportador internacional, posto que se destinava à confecção de tecidos finos. Sim, eram dois tipos de algodões que eram plantados no RN: o arbóreo (“mocó” ou “Seridó”) e o herbáceo.
O algodão “mocó” foi a variedade que melhor se adaptou aos sertões: por suas raízes profundas, era mais resistente às secas; por seu vigor, era uma variedade mais infensa às pragas e ,por outro lado, produzia até por 8 anos. Em suma, era muito mais vantajoso que o herbáceo, que tinha um ciclo vegetativo muito curto – geralmente um ano e, além disso, mais suscetível a pragas.
No Rio Grande do Norte, identificam-se três fases distintas para a evolução da cotonicultura. A primeira fase seria aquela iniciada pelo coloniza-dor branco, do cultivo e processamento do algodão nativo já feito pelo indígena e que inclui o primeiro surto de exploração em fins do século XVIII, motivado pela Revolução Industrial Inglesa.
Mais detalhes, você pode ler esta curiosidade do Brechando.
A praga do Bicudo
O bicudo é um inseto da família Curculionidae, mais precisamente um besouro. Esta praga é específica do algodoeiro, uma vez que a planta que proporciona condições para que este inseto complete todo o seu ciclo de vida.
Sua história como praga-chave da cotonicultura mundial começou com sua ocorrência no Texas, EUA, em 1892. Em 1949 foi encontrado na Venezuela e, em 1950, na Colômbia.
Quando começou a praga no RN
No Brasil, foi registrado pela primeira vez em fevereiro de 1983, nas regiões produtoras de algodoeiro em Sorocaba e Campinas, no estado de São Paulo. Em julho do mesmo ano, já atingia a região Nordeste, mais precisamente o município de Ingá, no Estado da Paraíba.
Os jornais potiguares, por sua vez, relataram a praga do bicudo em abril de 1983, quando outros estados já estavam apresentando a praga.
No entanto, a praga começou na cidade de Parelhas em julho do mesmo ano, no qual especialistas da Emater capturaram um besouro. Sem contar que acharam resquícios do inseto em cidades que faziam fronteira com a Paraíba, que na época perdeu quase toda a lavoura.
Em abril, o deputado estadual Kleber Bezerra alertou as autoridades da presença do animal nas cidades da Paraíba que fazem fronteira com o RN.
E Cortez Pereira, ex-governador, utilizou a coluna do jornalista Cassiano Arruda Câmara para alertar o perigo. Mas, o Governo do Estado, na época administrado por Agripino Maia, disse que era “impossível” acontecer.
Em julho, o ex-deputado estadual Leonardo Arruda havia afirmado em plenário que a praga já chegara no Rio Grande do Norte, principalmente em sua cidade-natal, Nova Cruz. De início, eles negaram a presença da praga. Porém, as notícias de encontro de larvas ou insetos parecidos com o Bicudo eram comuns nos jornais.
A praga foi oficial em 1984
Somente em julho de 1984, um ano depois, o Governo do Estado confirmou a presença do Bicudo. Onde? Em Nova Cruz. Como resultado, tomou finalmente, as primeiras ações fazendo parceria com o Ministério da Agricultura.
Neste período, portanto, técnicos começaram a aprender a erradicar o Bicudo. Lê-se tentaram.
Foi nesta mesma época que ações do Governo do Estado com o Federal tentaram criar medidas para combater a praga, além dos problemas da seca que atingiam o RN na época. Mas, a praga estava avançando em outros municípios.
Em 1985, uma das formas de tentar acabar com a praga foi a instalação de um decreto do Governo Federal para proibir as novas plantações, gerando uma nova polêmica.
Durante toda a década era comum as diversas notícias e tentativas de acabar com a praga do bicudo. No entanto, houve mais prejuízos do que benefícios. A medida que os planos mudavam, a safra de algodão cada vez reduzia. Assim, foi o fim do ouro branco.
O Diário de Natal e Poti da década de 80 relataram este período e foi a nossa fonte de informação para esta matéria.
Atingiu outras regiões do Nordeste
De acordo com o jornal cearense, O Diário do Nordeste, a região nordestina sofreu com a praga do bicudo.
Além do RN e Ceará, a Paraíba e sobretudo Pernambuco também perderam o desempenho de décadas passadas. A exceção é a Bahia, uma vez que concentra sua produção no oeste do estado. Apesar de oscilante nos números, mantém liderança isolada na região. Como resultado, os baianos obtiveram 247 mil hectares de área cultivada de produção de 317 mil toneladas de plumas.
O único lugar que se beneficiou com o fim do algodão no Nordeste, no entanto, foi a região Centro-Oeste, principalmente nos anos 90, quando agricultores migraram ao Cerrado brasileiro.
Praga ainda existe
A capacidade de reprodução do bicudo a partir de um casal que entra na lavoura nova chega a ser fantástica. Teoricamente, um casal no início do ciclo pode dar origem a 12 milhões de descendentes no final da safra.
E, detalhe, a praga ainda existe até hoje.
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