A quarentena ainda está rolando, visto que os casos aumentaram desde maio. Mas, você sabia que as trabalhadoras domésticas estão mais expostas ao Covid-19?
Apesar de parecer um estudo através da observação do dia a dia, Organização Internacional do Trabalho (OIT) conseguiu provar que elas realmente estão arrriscando a sua vida em nome do trabalho.
Por que elas estão expostas?
De acordo com a OIT, muitas não terem proteção adequada, como máscaras, luvas ou produtos desinfetantes para as mãos.
Primeira morte de Covid-19 foi de uma empregada doméstica
A primeira morte registrada no estado do Rio de Janeiro, no dia 17 de março de 2020, foi de uma empregada doméstica que nunca viajou para o exterior. A senhora de 63 anos morava em Miguel Pereira, cidade localizada a 100 km do Rio de Janeiro.
Trabalhava como empregada doméstica há mais de 20 anos para uma família residente no bairro do Leblon, na zona sul da capital fluminense. Ela teria se contaminado através da sua empregadora que havia retornado de uma viagem à Itália e, embora estivesse reclusa em seu apartamento, não havia dispensado os serviços de sua funcionária.
Como esse caso, provavelmente outras tantas empregadas domésticas tenham sido as primeiras vítimas de classes sociais mais populares a serem contaminadas pela Covid-19.
Filho de empregada doméstica morre em Recife
Além de ser um retrato da especulação imobiliária, as Torres Gêmeas da capital pernambucana foi retrato de como a relação entre empregada e patrão ainda é escravocrata. A doméstica Mirtes Renata perdeu seu filho de cinco anos após a criança ter sido deixada pelo elevador sozinho e em seguida cair do nono andar.
A patroa, primeira-dama de um município de Pernambuco, ficou irritada pelo fato do garoto ter feito birra por querer a mãe (Mirtes) que estava caminhando com a cachorra da família.
Além disso, ela não liberou a empregada para o isolamento social, que contraiu Covid-19 e passou para a família, inclusive o garoto apresentou o sintomas da doença pandêmica.
82% das empregadas do RN não tem carteira assinada e sofrem risco de contaminação
O risco financeiro também é alto, já que por conta da informalidade as domésticas também não possuem garantias trabalhistas e ficam sujeitas à dispensa sem indenização e não têm acesso ao seguro-desemprego durante o período de isolamento.
No Brasil, 6,3 milhões de mulheres são empregadas domésticas, sendo que 73,3% não possuem carteira assinada.
Para piorar, no Nordeste, mais de 80% dessas mulheres apresentam falta de vínculo empregatício com o patrão.
Esse alto grau de informalidade é bastante forte no Rio Grande do Norte, chegando a 82,8%.
No Nordeste, a precariedade da ocupação é ainda maior do que na média nacional.
Além de apresentar maior grau de informalidade, as empregadas domésticas nordestinas recebem salários menores que a média brasileira. As mensalistas sem carteira assinada e recebem em média R$ 476,30.
No estado potiguar, essa média salarial chega a 500 reais, quase a metade do salário mínimo.
UFRN também está pesquisando sobre os riscos das empregadas domésticas na Covid-19
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está fazendo um mapeamento demográfico para saber as marcas que o novo coronavírus vai trazer à população brasileira, sob a coordenação da professora Luana Myrha.
Uma pesquisa nacional realizada em meados de abril mostra que durante a pandemia, 39% dos empregadores de diaristas dispensaram os serviços sem manter a remuneração das trabalhadoras e 13% dos empregadores de domésticas formalizadas suspenderam o contrato.
O restante das domésticas continua trabalhando normalmente, utilizando transporte público e consequentemente se expondo diariamente ao risco de contaminação.
Quando se consideram os estados nordestinos, o grau de informalidade das empregadas domésticas varia de 75,3% a 89,3%, sendo mais elevado que a média nacional, que é de 73,3%.
Como falado anteriormente, o estado do Rio Grande do Norte apresenta um alto grau de informalidade, chegando a 82,8%.
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