Os conflitos entre os colonizadores e os índios Tapuias, culminaram na expressão “Guerra dos Bárbaros” usada tanto pela Coroa de Portugal como pela sociedade açucareira. Dessa forma, os índios além de serem considerados selvagens, foram generalizados como se todos pertencessem a um mesmo grupo. Esse período aconteceu em todos os estados do Nordeste, incluindo o Rio Grande do Norte. Todos os conflitos que se estabeleceram durante a metade do século XVII e início do século XVIII. E foi a exterminação quase total dos Tapuias.
Tudo começou com o fim da União Ibérica em 1640 e a expulsão dos holandeses em 1654 colocou o Nordeste brasileiro em evidência para o reino português que passou a investir na conquista e ocupação da região. Portugal visava ganhar maior autonomia, expandir a atividade pecuária e evitar novos invasores estrangeiros na Colônia e impor a distribuição de terras. Foi nesta época que os portugueses empurravam homens dentro do interior, local ocupado por índios.
A intenção era se vingar mesmo, pois os nativos teriam defendido os holandeses e deveriam se sentir ameaçados com o avanço dos portugueses, que sempre foram seus inimigos, tanto que o crime que culminou os mártires de Uruaçu e Cunhaú teve a participação dos tapuias.
Além disso, era o resultado do avanço da fronteira da pecuária e a necessidade de conquistar e “limpar” as terras para a criação de gado, esta série de conflitos envolveu vários grupos e sociedades indígenas contra moradores, soldados, missionários e agentes da coroa portuguesa. Os Tapuias eram os grupos indígenas que habitavam o interior e tinham diversidade linguística e cultural, diferentemente dos Índios Tupi, que eram os índios “conhecidos” que falavam a mesma língua e habitavam o litoral.
Os pecuaristas que chegaram nessas terras para se estabelecerem ao longo dos rios do sertão começaram a expulsar os índios que habitavam a região. Como eles ofereciam resistência, começaram a chamá-los de tapuias que significa bárbaros. Os conquistadores atuavam sempre da mesma forma em todas as investidas, eles usavam suas tropas para desalojar os indígenas. A Coroa portuguesa se limitava a conceder os títulos e patentes militares e a conquista das novas terras cabia aos novos proprietários.
Dentro do Rio Grande, a Guerra dos Bárbaros era um período de violência, vilipêndio e rapinagem, mergulhou em um conflito contra os indígenas. Durante a década de 1670, os índigenas brigaram com os fazendeiros das margens do rios Acauã, Seridó, Açu, Apodi e Mossoró, que eram resolvidos através de “acordos” entre os índios e os vaqueiros. Em 1685, o povo de Janduí se revoltou e avançou contra os criadores e os governantes da capitania do O Rio Grande pediu ajuda a Pernambuco e Paraíba, mas a situação não mudava.
Os índios avançaram rumo à Natal e, para se defenderem, os colonos construíram casas fortes e paliçadas. Em face dos pedidos de socorro, o governo-geral do Brasil, decidiu requisitar bandeirantes de São Paulo e de São Vicente. Os indígenas, além das armas europeias, adotaram o uso de cavalos e incendiavam fazendas, matavam o gado e os vaqueiros.
A resistência desses nativos foi um elemento surpresa e a presença dos bandeirantes fracassaram. Ao contrário, o conflito dilatou-a para outras regiões, provocando a adesão das tribos dos anacés, jaguaribaras, acriús, canindés, jenipapos, tremembés e dos baiacus, que se mostraram muito violentos na defesa de seus direitos. Enquanto isso a guerra era alimentada pela ambição de uma parte dos colonos, que desejavam as terras que pertenciam aos nativos.
Quando Antônio de Albuquerque reassumiu o comando da guerra, seu objetivo era exterminar os guerreiros indígenas e escravizar mulheres e crianças. Por outro lado, Bernardo Vieira, governando a capitania na época, habilidosamente atraiu os nativos para um acordo de paz. Essa pacificação terminou servindo muito bem para os colonos, pois o genocídio já havia sido iniciado e os colonos poderiam tomar posse das terras.
Os grupos nativos que se submeteram a essa pacificação tiveram o direito a uma légua quadrada de terra, devidamente demarcada para viver. As mulheres trabalhariam na agricultura, enquanto as crianças seriam educadas nos moldes cristãos e de acordo com os interesses dos dominadores.
A guerra ainda não havia terminado, em 1715, quando o governador de Pernambuco determinou que se extinguissem ou se afugentassem completamente os bárbaros que ainda habitavam os sertões nordestinos, entregando o uso da terra para os agropecuaristas. Em 1725, os oficiais da Câmara de Natal enviaram carta ao rei Dom João V informando que vários grupos indígenas das Ribeiras do Apodi, Piranhas, Piancó e Açu e alguns índios aldeados estavam inquietos.
A retirada dos nativos abriu o espaço para se ampliar as a posse de terras dos sesmeiros. A disputa ficou conhecida como a Batalha do Açú. No Rio Grande do Norte a ocupação dessas terras foi concluída em 10 anos e entregue, em grande parte, aos pequenos investidores que foram excluídos do grande negócio que representou o açúcar no litoral. O isolamento desses núcleos produtores fez com que se desenvolvesse uma civilização que tentava retirar do próprio meio o máximo para atender as necessidades de sobrevivência.
A pecuária foi a atividade básica no interior do território. A ela se anexava a confecção de artefato de couro e as oficinas para a fabricação do charque. Os rebanhos do interior potiguar se formaram no encontro de três frentes pastoris: uma que saiu do Cunhaú, outra que veio da Paraíba e a última que se formou a partir do Ceará. Esse gado se multiplicou com facilidade e durante o século XVII e XVIII.
Nunca existiu uma política econômica que gerasse incentivos ao industrialismo e esse tipo de empreendimento ganhou relevo pelas necessidades geradas a partir do próprio modelo agroexportador. A partir da atividade criatória foram desenvolvidas as primeiras unidades industriais na área interiorana do Rio Grande do Norte. A parte industrial do estado surgiu apenas no século XX
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