Devido às aberturas e fechamentos dos espaços de entretenimento em Natal, muitos natalenses, principalmente os adolescentes e jovens adultos, tratam os espaços públicos com muito esmero. É normal ouvir que esporadicamente algumas praças e estacionamentos viram ponto de encontro de amigos e de certas tribos urbanas da cidade. O La Luna uniu o melhor dos dois mundos (bem Hannah Montana mesmo!), quando abriu um bar em um quiosque fechado, onde é conhecido por estar próximo da parada dos ônibus intermunicipais.
Por causa disso, aquela região de Neópolis (foto acima do título), que era bastante escura e perigosa, ficou movimentada durante a madrugada, principalmente serviu como uma rota de fuga daqueles baladeiros que querem salvar o rolé fiasco ou encontrar os amigos para beber aquele litrão, deixando os proprietários do Big Peter de cabelo em pé. Na fuga para o Carnatal isto não foi diferente. No entanto, o comportamento das pessoas era similar ao da micareta, tirando o fato de não ter abadá (ingresso ou pagar para entrar, pois fica numa praça), roubo e brigas.
O La Luna, neste fim de semana, mesmo fechando às 00 horas, as pessoas encaravam o engarrafamento da BR-101 serem resgatados por aqueles que não gostam de axé ou Wesley Safadão. Era o único espaço onde podia dividir um litrão de sete reais com um amante do reggae, headbanger e um indie sem se preocupar com que os outros vão julgar. Afinal, eles estão unidos por uma mesma causa? Além disso, as pessoas podem ter gostos em comum, mesmo que escutem músicas diferentes.
Estava eu tentando voltar para casa após a cobertura para o Brechando, quando meus amigos me chamam para ir ao La Luna, que estava tocando desde clássicos do rock até o Rouge, enquanto isso, meus amigos bêbados estavam chorando ao som de Creep do Radiohead entre um Marlboro e Cammel, muitas vezes comprados pelos ambulantes que circulam com suas balas e isqueiros, e do lado a caixa de som com bluetooth. Mas, tinha gente que era mais ostentação que usava a mala de som do carro para tocar o seu “Bumbumtantã” (a música brasileira mais escutada do You Tube, vocês sabiam?) e rebolar até o chão.
Acabou a cerveja, hora de encarar a fila para comprar mais uma e tem que levar a camisinha junto, o recipiente que ajuda a manter a temperatura. Mas, não tem aquela marca chique? Meu amor, você vai ter que atravessar a rua e comprar na conveniência do posto.
Quando voltei a mesa, os mesmos amigos que estavam chorando começavam a rir e tentaram cantar, em plenos pulmões, “Sweet Home Alabama”, de Lynyrd Skynyrd e rapidamente mudou para Rick Astley. Outros faziam pole dance com as barras de ferro que seguram a tenda do quiosque, geralmente quem faz isto já tinha bebido uma garrafa inteira de Catuaba Selvagem ou praticar aquela coreografia estranha do Fit Dance, um provável substituto do Zumba.
De vez em quando a gente paga de político e encontra todos os conhecidos naquele equilátero que fica o bar. Neste momento que abraçamos, evitamos perguntas constrangedoras (ex: “Já arrumou um emprego ?”) e se a pessoa for muito legal e está disponível para um diálogo podemos bater uma longa conversa sobre todos os assuntos possíveis e impossíveis.
Assim como o Carnatal, o bar era ideal para aqueles que queriam dá aquela paquerada em um ambiente fora do Tinder ou Happn (depende do aplicativo que você quer usar), no qual as trocas de olhares, julgamentos, xavecos toscos e gente criando coragem para falar com aquela menina (o) acontecia. Ou também levar um fora, pois na vida não dá para ganhar sempre. Geralmente, a procura é gente bonita e popular, segundo a opinião pública.
Também tinha aquela amiga que estava vendendo os ingressos para aquela festa maneira do seu curso de faculdade e estimulava os outros a comprarem. Olha que dá certo, quando você grita: “Festa”, os natalenses de 18-35 anos já vem logo perguntando quanto é e onde. Ainda tem a cara de pau de perguntar se aceitam meia-entrada, pois 10 reais na Ribeira está muito caro.
Ainda tem aquele amigo que fica dando trabalho por beber demais, desde ficar dando perda total (o famoso PT), dá escândalo ou vomitar na parte de areia do bar. Falando em bebum, após uns copos de cerveja, muitas pessoas ficam apertadas, fazendo enormes filas para ir ao banheiro, porém existem idiotas que mijam nas ruas vizinhas, sujando as garagens das casas e dos muros. Não seja este imbecil!
Deu meia-noite, o bar na teoria deveria estar fechado, quem disse que as pessoas queriam ir embora? Passava uma, duas e três horas da manhã e as pessoas ainda queriam ficar na praça ou fazer um after na casa de um amigo.
Independente se você foi ou não ao Carnatal, este é o resumo da vida noturna de Natal.
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