Natal tem 800 mil de habitantes e, daqui a cinco anos, facilmente, atingiremos 1 milhão de habitantes e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estática) nos considerarão uma metrópole, como Recife, Salvador, Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e dentre outras capitais brasileiras que também possuem milhões de moradores. Parafraseando o Chico Science: “A cidade não para. A cidade só cresce. O de cima sobe e o de baixo desce”. Portanto, se a capital do Rio Grande do Norte quer ser uma cidade grande, precisa-se, primeiramente, fazer um planejamento urbano (olha que não estou falando apenas de mobilidade), senão a frase do compositor pernambucano irá se tornar realidade.
Verdade, Natal cresceu, juntamente temos mais acesso aos produtos de consumos e consequentemente aderindo as novas tecnologias. Nos últimos 17 anos, a cidade teve um crescimento de blog e portais de notícias da cidade, sem contar que muitos jornais impressos também criaram as suas próprias páginas virtuais. A informação não precisa esperar às 20 horas para conectar a internet no telefone, uma vez que o pulso era mais barato. Com o advento do wi-fi, a internet agora está em notebooks, celulares e tablets, todo mundo tem acesso aos blogs e também as redes sociais.
O francês Pierre Lévy já dizia no seu livro Cibercultura, há 20 anos, que os aparatos tecnológicos se tornarão uma extensão do homem. Sem contar que uma informação não será emitida apenas para um emissor, mas para vários. A notícia além de ser um produto informativo também se transformou em consumo, as pessoas querem ler mais e mais as informações. É uma forma de estar por dentro de uma sociedade cada vez mais hi-tech. Afinal, sem informação, sem interação à sociedade e muito menos fazer parte de um grupo de pessoas. E olha, que não precisa apenas ler o título para começar a compartilhar e ter um engajamento social.
Não querem perder nem um minuto do que está acontecendo na cidade além dos celulares. Então, aparece as fake news e os boatos, no qual muitos profissionais da comunicação(sim, estou incluindo os jornalistas formados nesta panelinha!) sabendo deste consumo exacerbado de informações criam notícias baseadas em problemas da sociedade como uma forma de monetizar (ganhar dinheiro). Sim, a fórmula do produto é a certa: pegar um problema social comum + criar um texto atraente + título interessante.
A gente sabe que Natal e outras cidades do Rio Grande do Norte está passando por problemas de segurança púbica. Mas, por que aumentou a violência? A falta de planejamento urbano faz com que o excesso de população migre em áreas periféricas, no qual estão longe do centro urbano onde tem acesso às escolas, postos de saúde, lazer de dentre outros serviços. A falta destes serviços para ajudar a construir uma sociedade melhor faz com que crie pessoas violentas e consequentemente cometem crimes como uma forma de punição para aqueles que não lhe prestaram a atenção.
O problema de violência urbana não é algo recente, nos clássicos literários brasileiros, como “O Cortiço”, de Aluísio de Azevedo, no qual retrata muito bem a disputa da lei do mais forte.
Nesta semana, os olhos da mídia e da população natalense é sobre os atrasos do salários dos servidores estaduais, conforme falamos por aqui. Não se sabe ainda quando vão pagar as folhas de novembro, dezembro e o décimo terceiro salário. As consequências? Funcionários endividados, empresas não lucrarem durante o período natalino (momento que as pessoas deveriam gastar mais dinheiro para comprar presentes aos familiares e amigos) e o aumento da precarização de serviços públicos, como escolas e hospitais. Criando um sentimento de revolta e violência.
Dentre as consequências estão a diminuição do policiamento da Grande Natal, greve dos servidores estaduais de saúde e outros servidores também estão paralisando as suas atividades. Além disso, chegaram os assaltos e criação de boatos. Na tarde desta quarta-feira (20) houve um assalto no bairro do Alecrim, fazendo com que aparecesse inúmeras notícias (textos+imagens+áudios) criadas pelo whatsapp de assaltos em outros lugares da cidade. Nesse período, os grupos nas redes sociais compartilhassem esses textos minuto a minuto, como uma forma de ter opinião sobre tudo e sem saber se isso era verdade ou não. Também normal o compartilhamento de prints suspeitos.
Era comum ouvir frases como:
“O amigo de um amigo meu estava lá”
“A mãe de um amigo meu estava lá quando houve o assalto”
“Tenho um primo policial”
Poucos questionavam a veracidade dos fatos, que só era confirmada a partir de alguém que está com o link de uma reportagem de um portal mais sério. Com a circulação de fake news, muitas empresas resolveram fechar as suas portas mais cedo e alguns ônibus voltaram para garagem mais cedo. Chega a noite em Natal, a cidade está mais tranquila que o normal. Pessoas esperando os poucos ônibus, com celulares na mão para consumir as notícias para saber se houve mais alguma novidade.
Independente de ser criticada, a Fake News acaba ganhando, uma vez que a repercussão gera milhares de visualizações e ganha dólares se associa ao programa de afiliados. Ela está lá principalmente quando há lacunas provocadas pela máquina privada e estatal.
Além dos problemas de segurança pública, a Fake News vai piorar no ano que vem, período em que acontece as eleições gerais no Brasil. Por isso, procurem olhar os links, o histórico deste site e analisar se outros portais de notícias mais “tradicionais” também escreveram.
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