Há 80 anos, Natal já foi uma cidade regida pelo comunismo. Por algumas horas. Esta ação fez parte da Intentona, quando o Partido Comunista do Brasil, o PCB, liderado por Luís Carlos Prestes, queria que o Brasil se tornasse um governo comunista. Uma tentativa de fazer uma Revolução Russa nas terras tupiniquins, que aconteceu 20 anos antes. De todos os estados existentes na época, apenas o Rio Grande do Norte conseguiu colocar o plano na prática.
Enquanto isso, a situação política no Brasil, deteriorava-se em face da crise econômica e das contradições existentes no interior do Governo Vargas
Na época, Prestes fez contato direto com a Internacional Comunista e foi convidado para passar uma temporada de estudos do marxismo-leninismo na União Soviética, para onde viaja em setembro de 1931 e permanece até abril de 1934, quando chega ao Brasil, em companhia de Olga Benário.
Aconteceu no dia 23 de novembro de 1935 por militares, em nome da Aliança Nacional Libertadora. O objetivo era uma revolução “nacional-popular” contra as oligarquias, o imperialismo e o autoritarismo, possuindo, nas suas reivindicações menos imediatas, aspectos como a abolição da dívida externa, a reforma agrária e o estabelecimento de um governo de base popular.
O levante aconteceu em três lugares: Natal, Recife e Rio de Janeiro.
O 21º Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro, sediado em Natal, iniciou um levante liderado por sargentos e cabos filiados ao Partido Comunista do Brasil e à Aliança Nacional Libertadora, organização política de esquerda, recebendo a adesão da direção do PCB e a participação de operários, populares e ex-integrantes da guarda civil do Estado. Consolidado o controle militar, foi instalado um autodenominado “Comitê Popular Revolucionário” que durante 80 horas (três dias), até a madrugada do dia 27, manteve o controle da capital e de 17 cidades do interior, dissolvendo-se e se pondo em fuga, ante a aproximação de tropas leais ao governo federal.
Em Natal, as condições locais contribuíram para amplificar a motivação. Os militares de baixa patente, muitos já excluídos, outros ameaçados, com uma atuante célula comunista no quartel, há muito se encontravam aliciados por tenentes de outras guarnições. A demissão coletiva foi o estopim que detonou o levante antes da hora. Curiosamente, foi também a razão do sucesso inicial. A surpresa, somada à incompetência do aparelho de segurança, contribuiu para que os militares tivessem razoável apoio popular.
O quartel, onde hoje funciona a Casa do Estudante, no bairro da Ribeira, ficou cravejado de balas. Uma Junta de Governo chegou a ser formada e destituiu o governador Rafael Fernandes e a Assembleia Legislativa.
Várias pessoas foram presas, incluindo o líder comunista Luís Carlos Prestes, e culminou com o golpe militar de 1937 que implantou o regime de direita denominado Estado Novo.
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