Muitos associam o Juvino Barreto com o asilo de idosos que fica na avenida Alexandrino de Alencar, mas o Pernambucano, radicado no Rio Grande do Norte tem uma grande história pelas terras potiguares e ajudou a fundar duas escolas, além de contribuir para economia de Natal do Século XX. Nasceu na cidade de Aliança, no dia 02 de fevereiro de 1847, e é filho de Leandro Barreto, que foi um dos integrantes da Revolução Praieira, que aconteceu quando Juvino tinha 1 ano de vida.
Aos 10 anos de idade, Juvino ficou órfão de pai e passou a trablhar como caixeiro viajante, em um estabelecimento de Nazaré (PE). À noite, ele ainda trabalhava em uma pequena oficina de encadernação, instalada em sua própria residência. Em 1869, associou-se ao irmão, Júlio Barreto, estabelecendo-se em Macaíba.
Ainda jovem, comercializava no interior do Rio Grande do Norte produtos adquiridos no Guarapes (Macaíba), à época importante núcleo comercial. Casou-se com Inês Augusta de Albuquerque Maranhão, filha de Amaro Barreto (genro de Fabrício Pedrosa, no qual falamos neste texto), mudando-se para Recife, onde passou a trabalhar com um irmão na gerência da firma Júlio & Irmãos Ltda.
Mais tarde, atraído por incentivos fiscais à industrialização no Rio Grande do Norte adquiriu um terreno de 8.000 m² na rua da Cruz para investir no ramo de fiação e tecelagem, logo iniciando as obras de construção. Trouxe equipamentos da Inglaterra e, enfim, inaugurou a fábrica no dia 21 de junho de 1888. Ao lado, ergueu uma capela e uma escola.
Em frente à sua fábrica, Juvino construiu um notável palacete e ali criou seus 14 filhos. A casa foi construída em um imenso sítio que abrangia todo um quarteirão.
De acordo com Câmara Cascudo, para o Jornal A República, a fábrica movimentava 48 teares, movimentado por 1600 fusos. Fazendo tecido grosso, barato e popular. A chaminé que tinha na fábrica era o sinal da cidade para saber as horas. Cascudo também apontou que a primeira luz elétrica que os natalenses viram foi na fábrica de tecidos de Juvino Barreto no ano de 1893, cinco anos depois que a fábrica foi inaugurada.
No casamento de sua filha Inês, com Alberto Maranhão, a Vila Barreto, onde hoje funciona o colégio Salesiano São José, foi toda iluminada para o seu casamento. A terceira exibição de luz elétrica foi ainda um proeza da fábrica de tecidos na noite de 11 de junho de 1906, quando o então presidente Afonso Pena visitou a capital potiguar após ter sido eleito.
A luz elétrica da cidade veio oficialmente no governo de Alberto Maranhão, inaugurada num seu aniversário, 2 de outubro de 1911.
A chaminé foi derrubada em 1958, juntamente com os resquícios que ainda restavam da máquina. Já o maquinário foi vendido para uma outra indústria localizada em Belém do Pará.
Sua mansão residencial foi doada, ainda em vida, à Ordem dos Salesianos, onde hoje fica o Colégio Salesiano São José. Sua fábrica hoje é um prédio da Caixa Econômica Federal.
Segundo vários historiadores, era generoso e humanitário: implantou um programa de saúde para os seus empregados e proveu recursos para fins sociais, do que surgiriam vários estabelecimentos de ensino, dentre os quais os Colégios Imaculada Conceição e Santo Antônio, que hoje é o Colégio Marista de Natal. Foi o fundador da “Libertadora Macaibense”, conseguindo um grande número de alforrias de escravos. Foi condecorado com a Imperial Ordem da Rosa, pelos serviços prestados à causa abolicionista. Também foi sócio do Clube do Cupim e Oficial Superior da Guarda Nacional.
Juvino Barreto, conhecido como “o pai dos pobres”, faleceu em sua residência em 9 de abril de 1901. A cerimônia triste, grandiosa e solene do enterro, contou com a presença de quase 3.000 pessoas. Naquele dia, o cemitério foi fechado.
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