“Obrigada por mostrar que é possível arrumar trabalho com a internet”
“Eu amo aquele seu debate com o Pânico”
“Finalmente posso descobrir que humor pode ser tirando sarro sem machucar ninguém”
“Você é muito legal”
Essas foram algumas palavras ouvidas por Leandro Ramos, que entre um cigarro e uma Heineken, no qual deixava os fãs beberem um pouco, tirava fotos com a galera, maioria entre 20 a 30 anos, que veio para o Espaço Duas especialmente para o conhecer.
Leandro Ramos pode parecer um nome estranho, falando assim ao relento, pois as pessoas o conhecem como Julinho da Van, um dos personagens do programa “Choque de Cultura”, que narra a história de quatro motorista de van que comentam sobre os filmes mainstream.
As histórias surgiram baseada na vida dos quatro atores, que também escrevem o roteiro do programa, e da vida deles com o transporte alternativo. Humor debochado sobre os críticos de cinema e citando coisas absurdas fez sucesso com a garotada, principalmente este ano, no qual virou até mesmo fantasia de carnaval, gifs e memes.
O auge, mesmo, foi quando os motoristas fizeram um ao vivo no You Tube comentando sobre o Oscar 2018, no qual chegaram a ficar cinco horas atuando direto. “Quando um personagem saia do principal cenário era o momento que a gente tinha para descansar e voltar para a realidade. Aquele dia foi muito louco”, afirmou Leandro.
Mas algum motorista já chegou a comentar sobre o assunto? “Durante o programa do Pedro Bial, a produção achou um motorista de van no estilo do Maurílio (outro personagem da série), que transporta os atores para as gravações de novela e filme. Fizeram ele ver os vídeos e disse que era desse jeito o diálogo dos motoristas, para a nossa alegria.”.
Ramos e os outros atores, integrantes do grupo da TV Quase, estão circulando no país pra falar sobre o trabalho com o audiovisual na internet.
O roteirista – e agora ator – foi para Recife com a equipe do Choque para um evento de cultura pop. Mas viajou para Natal logo em seguida, à convite do escritor Carlos Fialho, para participar do debate do projeto Ação Leitura, organizado pelo Selo Jovens Escribas (desenvolvido por Fialho), sobre roteiro e audiovisual, junto com a atriz potiguar Alice Carvalho, protagonista da série Septo, e Paulo Lins, roteirista do filme Cidade de Deus.
O local do bate-papo foi dentro do Espaço Cultural Duas, falado anteriormente, no bairro de Ponta Negra, zona Sul da cidade, que estava abarrotada de jovens que queriam saber se cultura jovem era realmente Bruno de Lucca no slackline.
“Nossa, a vantagem de participar de eventos como esse é conhecer os trabalhos da galera. Eu nem sabia, por exemplo, que havia uma websérie daqui de Natal e que foi premiada em vários países. Me deu uma curiosidade em ver”, afirmou o Leandro, em entrevista para o Brechando.
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Apesar da carreira de ator ter começado com Julinho da Van, Ramos já tem uma vasta experiência como roteirista. Com formação em publicidade, ele começou a trabalha como Mídia para o Canal Brasil e aos poucos foi se “intrometendo na parte do roteiro”. Depois virou um dos diretores do programa “Larica Total”. Durante o bate-papo no Ação Leitura, ele disse:
“Quando dirigi o primeiro Larica Total, eu nunca tinha ido ao set de gravação e fui com a cara e a coragem”.
Depois também participou do programa “Matador de Passarinho”, do Rogério Skylab, no qual o considerou como um homem bastante inteligente, mesmo com as suas loucuras.
Voltando para nossa entrevista, foi nos bailes da vida que conheceu o Caito Manier (Rogerinho do Ingá) e juntos começaram a fazer alguns trabalhos, inclusive o Larica Total. Depois apareceram na vida dos dois os capixabas Raul Chequer (Maurílio), Daniel Furlan (Renan) e Juliano Enrico (diretor de Irmão do Jorel e o vice-cônsul de Honduras em o “Último Programa do Mundo”). Juntos, formam a equipe do TV Quase.
Há dois anos, eles criaram o Choque de Cultura, que inicialmente seria um talk show sobre Julinho da Van. A característica do personagem foi inspirado no próprio pai de Leandro, que até o momento não era ator.
Frases como, “Falo com Tranquilidade”, eram ditas direto pelo ex-jogador de Madureira.
“Meu pai assiste o programa e tudo, mas nunca sacou que foi uma homenagem à ele. Minha mãe soube disso numa outra entrevista e até chegou a falar: ‘Por que você falou isso?’. Antigamente, eles não apoiavam minha carreira de roteirista e hoje eles são os meus maiores fãs e incentivadores, adoram compartilhar memes do Choque nos grupos de WhatsApp. Eles são um fofos”, comentou o Leandro Ramos para o site.
Sobre a carreira de ator, ele prontamente responde: “A diferença da vida e a atuação é que a segunda a gente sempre inspira numa situação que realmente ocorreu.”.
E a relação do Julinho da Van com Maurilio ? No programa, os dois são cunhados (Julinho tem o caso com a irmã do motorista de produtora de cinema) e sempre rola uma relação de bullying um com outro. “A gente sempre tem um amigo que é palestrinha, mas prolixo e gosta de explicar as coisas. Mas a gente ama do mesmo jeito. Apesar dos socões, eles se amam”, contou o Ramos para o Brechando.
Assim como a vida de blogueiros iniciante, o Choque não trouxe uma vida estável financeiramente, mas abriu a porta para diversos trabalhos paralelos. “Até dezembro (quando a nova temporada do Choque será lançada), eu e os meninos vamos ter vários trabalhos. Eu, por exemplo, estou fazendo uma série exclusiva para o Netflix juntamente com Bruno Rezende, que dirigiu o filme “Bingo”. Além disso, eu e Raul vamos fazer uma série para Uol durante a Copa do Mundo. Estamos juntos e ao mesmo tempo fazendo diversos trabalhos”.
E o Nordeste? Ele prontamente responde: “Eu amo o Nordeste, já viajei para vários lugares daqui, participei de um documentário em Juazeiro do Norte. Foi a minha primeira vez em Natal, vou voltar ao Rio com uma pança, por ter comido demais camarão, mas tá valendo (risos).”.
Se está com saudades do Choque de Cultura, fiquem calmos, eles realmente voltam em dezembro.
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