Escrevo ainda no calor do momento, quando não faz 15 minutos cheguei em casa após o que foi uma cena que só tinha visto até aqui em noticiários nacionais em locais como Rio de Janeiro. Estava a voltar mais cedo, nesta quinta-feira (25), para casa de um treinamento na empresa que trabalho, além de ter pegado uma carona com um amigo até a parada do Shopping Midway. Já pego um ônibus pouco antes das 17 horas.
Estava tudo bem. O percurso era o de sempre, congestionado. Para quem mora na Zona Norte não é nenhum novidade, mas corriqueiro devido ao descaso de nossos gestores com o trânsito.
Contava os postes, olhara a linha de trem e as pessoas que assistiam o congestionamento ao lado na Comunidade do Mosquito, que fica na margem direita do rio Potengi, junto à via férrea. Então, começa a cena que até hoje eu tinha visto em noticiários, começou com várias motos querendo dá meia volta. Não conseguia ver o acontecimento, mas ouço o que era: tiroteio entre o mangue e a comunidade do Mosquito.
A polícia entrava em uma ação contra o tráfico e a facção que domina essa comunidade, que seria o PCC (Primeiro Comando da Capital), no decorrer acho que foram os cinco minutos, mais agoniantes da maioria das pessoas que estavam nesse congestionamento. Com pessoas se abaixando no ônibus, gritos, choros, carros acelerando, motos e todo mundo se abaixando dentro dos vários ônibus já sobre a ponte e só se ouvindo tiros e mais tiros sobre tiros de armas de vários calibres, desde pistolas, passando por fuzis e calibres 12.
O que sucedeu era policia passando de um lado para o outro da ponte a pé em formações de táticas com armamento pesado e bem equipados e a quando se achava que os tiros paravam, eles recomeçavam tudo.
Chegando do outro lado o que se viu foi carros e motos todos parados bem antes da ponte, já para evitar o tiroteio e o alívio de quem passou e saiu ileso dos momentos de agonia.
Seguindo dos comentários de desgosto do que virou antes uma cidade pacífica e hoje é uma metrópole violenta assolada por descaso na segurança, resultado da falência do Estado. Nos últimos anos, isso se tornou insustentável, sofrendo apenas com as maquiagens que mascararam as bombas sociais prontas a explodir novamente e desaguaram em eventos como esse que eu e milhares de pessoas passaram em quinta feira de verão em Natal.
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