Estava trabalhando como uma social media numa agência (esta é minha versão Clark Kent, enquanto não estou trabalhando com o Blog), quando recebo uma mensagem da querida Luciana Oliveira, da Solar Comunicação, pedindo para que eu participasse de uma coletiva de imprensa do Balão Mágico e teria a participação da cantora Simony.
Inicialmente vocês podem pensar: “Hmmmm, isso não tem nada a ver com o Brechando”. Mas, para uma pessoa que já cobriu até o lançamento do livro da Andressa Urach em Natal, topa toda a parada que me colocam para aventurar.
Peguei meu carro às 09h20 de um sol quente de sábado atrás desta entrevista, pensando em muitas perguntas, visto que tenho 25 anos e meus ídolos infantis apenas eram Xuxa, Eliana e Angélica, no qual gostava mais das duas. A banda surgiu por causa do programa da Globo e ficou por três anos, sendo substituído pelo Xou da Xuxa. Inicialmente, o grupo contava apenas com Simony, que começou a sua carreira aos três anos cantando no Raul Gil, chamando atenção dos produtores da CBS, que criou um disco junto com uma outra criança chamada Vimerson Cavanillas, conhecido como Tob.
“Por causa da repercussão do me pai no Brasil e do sequestro dele em 1981, no qual apareci na TV pedindo para que ele voltasse para casa, os produtores viram que tinha jeito para cantar e resolveram me chamar para integrar a banda”, respondeu o Michael Biggs, filho de Ronald Biggs, conhecido após assaltar um trem postal em Buckinghamshire, em 1963.
Com a ajuda de mais 15 comparsas, roubou 2,6 milhões de libras, sendo detido no ano seguinte, juntamente com a maioria dos envolvidos, considerado o maior roubo de todos os tempos.
Depois de processado e condenado, escapou da penitenciária Her Majesty’s Prison Service em Wandsworth, Londres, em 1965, escalando o muro com uma escada feita de cordas. Fugiu para Paris, Austrália e Brasil, onde firmou residência e virou uma figura carimbada no Rio de Janeiro.
“Cresci vendo bandas de rock, como Whisnake, AC/DC, Ozzy Osbourne e outros visitando a minha casa para saber quem era o meu pai”, afirmou o Mike, que por sinal estava com uma camiseta chamada “God Save Ronnie Biggs”.
Em 1981, Biggs foi sequestrado por uma gangue de aventureiros, que o levou até Barbados esperando receber alguma recompensa da polícia britânica. O plano acabou desmascarado, e Biggs voltou ao Brasil, no qual só retornou a Inglaterra em 2003. O sucesso deste grupo era enorme e conseguiram inúmeros duetos com importantes artistas locais, desde Roberto Carlos, o maior vendedor de discos daquela época, até o Fábio Júnior, que nos anos 80 era o cantor bonito popular, mesma imagem que tentam vender o Luan Santana.
“A gente tem que reconhecer que tivemos toda a estrutura da CBS e por isso os discos do Balão são uma obra-prima e atemporal”, elogiou o Tob. “O Balão continua fazendo sucesso, porque as músicas foram repassada de pais para os filhos e isso é muito bom”.
O grupo terminou no final dos anos 80 e cada um partiu para sua carreira particular. E o que aconteceu? Os meninos afastaram da carreira artística, o Mike voltou para Inglaterra e começou a cantar nos bares, principalmente focando as suas raízes musicais no Rock and Roll.
Já o Tob gravou um compacto simples, em 1986, pela mesma gravadora CBS, atual Sony Music, porém não teve sucesso. Após isso, tentou o futebol, sendo aprovado em uma peneira, tendo atuado como centroavante na equipe juvenil do Palmeiras, mas desistiu. Depois disso, dedicou-se aos estudos, formou-se em Rádio e TV na Universidade Metodista, e foi durante este curso que descobriu a sua verdadeira paixão: atuar, onde chegou a protagonizar várias peças.
Foi durante a coletiva que eu e os meninos tínhamos gosto em comum: Hermeto Pascoal.
“Acho o melhor músico brasileiro de todos os tempo, todos os shows que ele estiver, vou atrás. Já rodei atrás dele em cinco países e no último show puxei até o Tob. Veja esta foto aqui, nossa eu amo esse cara”, disse o Mike mostrando para mim a foto dos dois juntos com Hermeto.
“Fico impressionada, como Hermeto tem aquela criatividade toda para fazer música e criar sons do nada”, comento.
“É um homem genial, pena que as pessoas não o valorizam”, contou o Tob.
“Sabia que ele é Alagoano, não é?”, perguntaram os dois.
“Claro, ainda está na ativa até hoje, teve show dele em João Pessoa, se eu não me engano”.
Para quem acha que estou falando grego, conhecido como “o bruxo” ou “o mago”, é considerado por boa parte dos músicos como um dos maiores gênios em atividade na música mundial. Poliinstrumentista, é famoso por sua capacidade de extrair música boa de qualquer coisa, desde chaleiras e brinquedos de plástico até a fala das pessoas.
Em 1950 a família se mudou para Recife e ele continuou se apresentando com o irmão na rádio. No final da década foi para o Rio de Janeiro, onde tocou em conjuntos regionais e na Rádio Mauá. Mais tarde transferiu-se para São Paulo, onde formou o grupo Som Quatro. Depois integrou o Sambrasa Trio, ao lado de Airto Moreira (bateria) e Claiber (baixo). No final dos anos 60 começou a ganhar fama como pianista e flautista do Quarteto Novo, que lançou seu primeiro e único disco em 1967. Nesse LP figurava a primeira composição de Hermeto que foi gravada: “O Ovo”, que se tornou um clássico da música instrumental, assim como “Bebê”.
O Quarteto Novo surgiu como proposta de inovação musical, por misturar elementos legítimos nordestinos, como as levadas de baião e xaxado, e harmonias jazzísticas e contemporâneas. No início da década de 70 foi aos Estados Unidos a convite de Airto Moreira e lá gravou com Miles Davis e num disco de Airto. De volta ao Brasil, gravou, com grande êxito, o LP “A Música Livre de Hermeto Pascoal”, onde apresenta temas seus e interpretações de clássicos como “Asa Branca” (Luiz Gonzaga) e “Carinhoso” (Pixinguinha). Participou do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, compôs peças sinfônicas, construiu instrumentos e gravou diversos discos por gravadoras diferentes.
Excursiona freqüentemente aos Estados Unidos e Europa, onde é muito popular, especialmente entre músicos. “Aonde Hermeto estiver, eu estarei em um show dele”, disse o Tob.
A Simony, por sua vez prefere ficar na Música Popular Brasileira (MPB), principalmente Marisa Monte, sempre esteve na televisão por inúmeros motivos, principalmente na Imprensa Marrom pelo fato dela ter namorado um presidiário (odeio este termo para referenciar uma pessoa, porque o Afro-X tem uma carreira incrível no rap, escutem o 509-E).
Recentemente, uma série do Netflix criou uma série Samantha!, que traz o universo dos anos 80 e principalmente de uma cantora infantil que tenta voltar ao estrelato em 2018, no qual muitos apontam a Simony.
Fui inventar de mencionar a série e a cantora me deu uma patada voadora: “Eu não falo sobre esta série!”. Ao invés de ser uma jornalista séria, respondi da forma mais nordestina possível: “Vixe, mulher, precisa desta violência toda não. Mas por alguma questão específica e/ou judicial?”.
A mesma respondeu que “nunca tinha visto a série e não tinha a moral para falar sobre o assunto”, embora tenha comentado sobre o programa na coluna do jornalista Léo Dias.
Apenas neste ano, após um quadro do programa Vídeo Show, eles resolveram fazer uma turnê. “Então, eu resolvi ir atrás e procurar quem pudesse fazer os shows”, relatou a Simony. O que era para ser um, virou vários shows, no qual no Nordeste aconteceu apenas em Natal e João Pessoa.
“A gente pensa sim fazer um DVD com o nosso show, mas precisamos procurar parcerias inicialmente para que isso se concretize”, relatou a cantora para imprensa.
Aqui está a minha foto com a equipe do Balão Mágico:
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