“Que bonito o país, a gente tem uma mistura de raça e miscigenação e todo mundo se respeita”. Esta frase rapidamente pode ser derrubada por um contra-argumento, visto que a população brasileira de negros e brancos está dividida numa fronteira invisível. A formação de periferias nas grandes cidades é um grande exemplo disso.
Na comparação com outros países como Estados Unidos e África do Sul, o Brasil aparece com níveis menos graves de segregação entre brancos e negros. Mas, isso não faz que as terras tupiniquins sejam isentas de culpa.
“Mas aqui em Natal não tem uma grande população de negros”. Essa frase será discordada mostrando apenas o mapa de Natal.
Esse mapa foi desenvolvido pelo Nexo Jornal. Assim como o Brechando, é conhecido por fazer um jornalismo independente. Os pontos azuis mostram a concentração de brancos. Já os marrons, da população negra e parda. Percebe-se que a maior concentração de negros/pardos na capital do Rio Grande do Norte fica na região da zona Norte, área que tem bairros mais de origem humilde, como Salinas, Redinha, Pajuçara, Lagoa Azul, Igapó, Nossa Senhora da Apresentação e Potengi.
Ampliando o mapa, isto é bem mais nítido.
Outro local com a maior concentração de negros em Natal situam-se nos bairros da zona Oeste, como Quintas, Planalto, Guarapes, Cidade da Esperança, Felipe Camarão e Bom Pastor. Na zona Leste, apenas Mãe Luíza, Alecrim e Rocas. Já na zona Sul, a maior concentração se encontra em Ponta Negra, próximo da vila de mesmo nome.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada de Natal é 869.954 habitantes. O mesmo instituto apontou que 377.947 homens e 425.792 mulheres. Como as pessoas se autodenominam? Aqui vai a listinha:
Homens | Mulheres |
Negros: 20.853 pessoas | 18.618 pessoas |
Brancos: 164.762 pessoas | 196.625 pessoas |
Pardos: 188.769 pessoas | 205.354 pessoas |
Indígena: 424 pessoas | 442 pessoas |
Amarelo: 3.135 pessoas | 4.745 pessoas |
Não declarados: 4 homens | 8 mulheres |
Total: 377.947 | Total: 425.792 |
De acordo com o Nexo, uma das soluções para acabar com a segregação seria acabar com os espaços segregados, pois são reforçados pela busca por exclusividade (geográfica) das classes mais altas. Há também políticas de Estado que podem resultar em processos de gentrificação de áreas centrais ou que sustentam a segregação, como é o caso da criação de conjuntos habitacionais populares exclusivamente nas periferias das cidades.
“É preciso considerar também o mercado imobiliário, que, além de supervalorizar regiões mais centrais, cria produtos para atrair grupos sociais de condições distintas em regiões separadas (condomínios populares na periferia e de luxo no centro)”, disse a matéria.
E o poder público? Aonde fica? O poder público poderia incentivar a não segregação através de um planejamento urbano menos apartado, incentivando empreendimentos habitacionais, assim como aconteceu nas décadas de 60, 70 e 80. Olhando o mapa de Natal, os bairros de Lagoa Nova, Pitimbu e Candelária tem uma população mais misturada, devido à criação de conjuntos habitacionais naquele período.
O que vocês acharam?
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