Andando nas escadarias do Ateliê Bar, no bairro da Ribeira, as pessoas param e analisam diversas fotografias. Todos os modelos estão nus, parecendo bem a vontade nas lentes e em diversas situações que não lhes deixam pornográfico. As fotos são ação do jornalista e fotógrafo mossoroense, radicado em Natal, Paulo Renato, conhecido como Paulo Fuga.
“Quando eu estava fazendo jornalismo ficava pensando que meu nome, Paulo Renato, é muito comum e precisava de algo mais forte e que destacasse, ficasse na cabeça dos outros. Um dia escutando música e pensando em algumas coisas me veio esse nome, ele foi ficando e pegando. Hoje em dia tem quem me chame ao de Fuga (risos)”.
A carreira de fotógrafo começou quando fazia fotos para alguns amigos. “Confesso que ainda tenho muita coisa a aprender, por isso sempre estou lendo algo sobre fotografia e pesquisando”. De acordo com Fuga, o primeiro trabalho oficial com fotografia foi no ano passado, quando comprou a primeira máquina.
O fascínio por corpos existiu desde sempre, principalmente com a curiosidade de saber o que as pessoas se escondem por trás das vestimentas, além de querer entender o porquê das pessoas ficarem com medo de estar sem roupa. Sobre suas inspirações, ele comentou que a fotografia é uma forma de expor “para fora o que existe dentro da cabeça”.
Paulo disse que as suas imagens ainda são um tabu. “Cada vez que posto algo do tipo no meu Facebook fico morrendo de medo de perder a página. É denúncia na certa. Mas isso só me motiva a fazer mais e mais fotos. É isso se estende para o cotidiano também”.
O fotógrafo está começando a montar uma exposição com nu feminino, “Flores do Mais” (com previsão de lançamento para novembro e foi fruto do trabalho de conclusão de curso), além de um projeto de fotos masculinas chamado “homme”. Também tem um outro projeto com nu masculino, “Falo”, onde o principal objetivo é trazer o feminino na fotografia do nu masculino. Tentando fugir da dureza que sempre é retratada nas fotos de homens.
Em dezembro, Fuga começa um projeto aprovado na Lei Câmara Cascudo e patrocinada pela Cosern, “Câmara Clara Cosern – Cartografia do Afeto”. Esse projeto envolve oficinas de fotografia e uma exposição itinerante por 15 cidades do Estado. Ela fala sobre a infância e será feita junto com mais dois fotógrafos do interior que moram na capital.
Paulo Fuga também é conhecido por fazer fotografias das peças dos artistas potiguares. “Quando penso nas minhas fotografias de teatro eu me preocupo com a captura daquilo que está ali no palco, em cena, me preocupo em gravar o que sinto quando vejo uma peça de teatro e trazer isso para o campo do material, o conjunto de luz e movimento, sem abandonar a sensibilidade, deixar de ser apenas um registro e virar algo mais”, afirmou.
Para ver mais fotografias, acesse o Flickr de Paulo Fuga.