No início do século XX, o Rio Grande do Norte teve um grande surto de malária e um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos vieram para região para fazer atividades para que pudesse conter o avanço da doença, visto que já estava atingindo estados vizinhos. Estou falando da Fundação Rockfeller, que reuniu cientistas dos Estados Unidos para conter o avanço da malária no Nordeste, que fez com que houvesse a imigração de sertanejos para as grandes cidades.
Esses pesquisadores faziam todo seu trabalho científico indo de trem pelo Ceará, RN e Paraíba. Foi através do RN, que um cientista descobriu o mosquito que originou a doença no Nordeste e medidas foram todas.
Mas o pior surto aconteceu na década de 30 e vamos contar a sua história.
O surto surgiu a partir do roteiro Natal-Senegal
Na década de 30, Natal era rota de voos do Atlântico Sul. Então, era comum ter voos de Dakar, no Senegal, até Natal e vice-versa. Um dos primeiros pilotos foi Jean Mermoz, que falamos por aqui.
Em 1936, aos 35 anos, já como inspetor da Air France, Jean Mermoz e sua tripulação desapareceram no Atlântico. Fato aconteceu durante a sua 25.ª travessia do Atlântico Sul, a bordo de um hidroavião Laté 300. Por isso, esse momento histórico foi importantíssimo para a história da aviação. O francês, nesta travessia, esteve acompanhado do navegador Jean Dabry e pelo técnico de rádio Léopold Gimié, percorreu quase 3.500 quilômetros que separam Saint-Louis (Senegal) de Natal no Brasil, com 130 quilos de correspondência a bordo, em quase 24 horas de viagem.
Mermoz foi responsável por estabelecer linhas aéreas regulares entre França, Espanha, Marrocos e Senegal, que ele sonhava em estender para a América do Sul.
Após a morte de Mermoz, os pilotos ainda faziam este trajeto e muitas pessoas começaram a ficar doentes com uma doença considerada rara, a malária.
Em 1930, o Anopheles gambiae, procedente do continente africano, infestou a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, provocando surtos de malária. Posteriormente se dispersou pelo litoral, chegando aos vales dos rios Assú e Mossoró (1938), onde provocou violenta epidemia.
O Departamento Nacional de Saúde (DNS) assumiu a responsabilidade das ações contra esse mosquito que vinham sendo desenvolvidas pelos estados. Em 1939, foi criado o Serviço de Malária do Nordeste (SMN), apoiado pela Fundação Rockefeller e foram os infectologistas americanos que identificaram o mosquito.
Ambas instituições desenvolveram um programa que erradicou o Anopheles gambiae do território brasileiro. Estimulado pelo êxito da luta contra o citado transmissor, foi criado o Serviço Nacional de Malária (SNM), em 1941, ocasião em que a malária afetava milhões de brasileiros, segundo estimativa da época.
O SNM, que iniciou a utilização do DDT no combate aos anofelinos em áreas urbanas, foi mantido até a criação do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), que foi uma instituição que absorveu também os outros serviços nacionais de febre amarela (SNFA) e de peste (SNP).
Após a morte de Mermoz, os pilotos ainda faziam este trajeto e muitas pessoas começaram a ficar doentes com uma doença considerada rara, a malária.
Em 1930, o Anopheles gambiae, procedente do continente africano, infestou a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, provocando surtos de malária. Posteriormente se dispersou pelo litoral, chegando aos vales dos rios Assú e Mossoró (1938), onde provocou violenta epidemia.
O Departamento Nacional de Saúde (DNS) assumiu a responsabilidade das ações contra esse mosquito que vinham sendo desenvolvidas pelos estados. Em 1939, foi criado o Serviço de Malária do Nordeste (SMN), apoiado pela Fundação Rockefeller e foram os infectologistas americanos que identificaram o mosquito.
Ambas instituições desenvolveram um programa que erradicou o Anopheles gambiae do território brasileiro. Estimulado pelo êxito da luta contra o citado transmissor, foi criado o Serviço Nacional de Malária (SNM), em 1941, ocasião em que a malária afetava milhões de brasileiros, segundo estimativa da época.
O SNM, que iniciou a utilização do DDT no combate aos anofelinos em áreas urbanas, foi mantido até a criação do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), que foi uma instituição que absorveu também os outros serviços nacionais de febre amarela (SNFA) e de peste (SNP).
Infectologista que ajudou os potiguares e nordestinos contra Malária foi entrevistado pela revista Manchete
Uma reportagem da revista Manchete traz o perfil do infectologista Manoel Ferreira da Missão Rockfeller. Leia, portanto, a seguir.
Um Milhão De Cruzeiros Por Um Mosquito !
A Reportagem de Dirceu Nascimento Orlando Machado
Os primeiros clandestinos aéreos que chegaram ao Brasil causaram a morte de cem mil brasileiros
“Encontrei gambiae em Natal. Pobre Brasil”. Este foi o texto o dr. Raymond, higienista da Missão Rockfeller; comunicou sua dramática descoberta na capital do Rio Grande do Norte. O “anopheles gambiae”, originário da Africa, é o mais terrível mosquito transmissor da malária. Enquanto esse mosquito se infecta numa percentagem de 90% nas outras espécies transmissoras a média varia de 1 a 3%.
O grito de alarme do grande higienista norte-americano só teve ressonância em 1930. Sem dúvida, foram os terríveis mosquitos africanos que imigraram para o Brasil. Vieram como “passageiros” clandestinos que atravessaram o Atlântico Sul pela rota Dakar-Natal. Encontrando clima e ambiente propicio ao seu desenvolvimento alastraram-se rapidamente, invadindo o nordeste brasileiro.
Em pouco tempo, cobriam uma área territorial superior à do Estado do Rio de Janeiro. Paralelamente ao progresso dessa invasio inimiga a consequente epidemia da malária dizimava as populações sertanejas.
Em 1938, a onda dos indesejáveis imigrantes, avançando para o norte, atingia o Ceará. Todo o extenso vale do rio Jaguaribe fora açoitado pelo impaludismo, em proporções catastróficas. Os recursos municipais, estaduais e federais eram impotentes para contê-las. Nada menos que 100 mil nordestinos, em pouco tempo, perderam a vida, vitimados pela malária propagada pelo mosquito africano. Multiplicaram-se os cemitérios de emergência. Somente num deles jazem mais de 10 mil brasileiros. As cidades mais atingidas pelo “gambiae” em solo cearense foram Limoeiro, Russas, União, Iguatu e Icó, no vale do Jaguaribe. Nessas localidades registram-se 700 óbitos pela malária num só dia. “Era a tragédia de uma população rural, pobre, flagelada por uma epidemia de extensão desconhecida nos anais da história” – descreveu um cientista brasileiro.
Os sertanejos nordestinos, que todos os anos rezam pedindo chuva, por absurdo que pareça, passaram a orar pedindo seca! Compreenderam que somente uma prolongada estiagem, com a seca que tanto temem, poderia ser minorada a trágica epidemia.
Mas a penetração do mosquito maldito, com as suas tremendas consequências, já não era um problema do nordeste: constituía um perigo iminente para o resto do país, um perigo remoto para que todo o continente americano. Foi quando o M.E.S. incumbiu o sanitarista brasileiro Manuel Ferreira de checiar o Serviço da Malária naquela região.
O Cientista Maneco Ferreira
O médico Manuel Ferreira, sanitarista do Serviço Especial de Saúde Pública e professor de Higiene da Faculdade Fluminense de Medicina, embarcou para o nordeste front da guerra contra o “gambiae” com alguns milhares de cruzeiros para as despesas da batalha, e cinco médicos auxiliares – Carlos Vinha, Fernando Bustamante, Ramageun Soares, Walter Silva e Waldyr Boudid. Foi com este estado de maior de higienistas que o dr. Manero, como é tratado pelos colegas, chegou, em fins de 1938, em Aracati, onde
arregaçou logo as mangas da camisa e trabalhou com afinco, que iria seu mais tarde apontada como uma das maiores conquistas da ciência mundial.
Começou, então, a luta sem quartel contra o mosquito maligno. Todos os esforços eram impedir que o inimigo atinge o vale do Parnaiba, de onde certamente se propagaria a Amazônia e América Central, bem como vale do S. Francisco, por onde se alastraria em Minas Gerais e daí pelo resto do Brasil, bem como o vale do S. Francisco, por onde se alastraria em Mina Geral e pelo resto do Brasil
Para impedir a avalanche do “gambiae” foram postas em prida todas as medidas de pequeno alance aos higienistas brasileiros. Instalaram-se postos de desinfeção em todas as estradas, caminhos e outras vias de acesso ao resto do país. Todos os velculos e meios de transporte, desde o avião ao carro de boi. Eram cuidadosamente desinfectados. Trabalhando às vezes com microscópios de prata pelos médicos da terra, mas instalações mais rudimentares possíveis, o dr. Maneco, frente de seus dedicados auxiliares e comandou alguns pelotões de mata-mosquitos brasileiros, começou a pulverizar o nordeste com uma nuvem de Verde País, o deficiente inseticida daquela época anterior ao DDT. Nisso havia represamento d’água. brejo, pântano, poça, nem mesmo as pequeninas, formadas nos sulcos produzidos pelos cascos de animais, que não recebessem o desinfetante atirado às mancheias pelos comandos do Dr.Maneco.
A tarela era gigantesca e os recursos minguados. As despesas haviam sido orçadas em dez milhões de cruzeiros, mas o Ministério da Educação só conseguira dois milhões no orçamento federal Os higienistas brasileiros, por falta de recursos, já estavam as portas do desânimo quando, com um acontecimento inesperado, criaram alma nova. A Missão Rockfeller, considerando a obra do dr. Maneco como de interesse continental, manifestou, por intermédio de seus famosos higienistas Fred Soper. Bruce Wilson e Raymond Shaanon, norte-americanos, o desejo de colaborar na campanha, impondo uma única condição: que o dr. Maneco continuasse como diretor do Serviço.
A colaboração da Missão Rockfeller só se efetivou em princípio em 1939.
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