De acordo com o Wikipedia:
O Seridó é uma parte do sertão nordestino, que liga os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, pertencendo a antiga “Ribeira do Seridó”. É composto por 28 cidades potiguares e 26 paraibanas, segundo o Ministério da Integração. Muitas vezes é lembrado por conta da seca e o clima quente.
Afinal, a região é resumida à essas informações?
Por isso, a atriz Titina Medeiros, juntamente com César Ferrário (direção) e Filipe Miguez (roteiro), resolveram construir uma peça chamada “Meu Seridó”, que estreia nesta quinta-feira (30), às 18 horas, no Tecesol, em Neópolis, zona Sul de Natal. O espetáculo é itinerante; por isso passará em outros lugares públicos nas suas duas semanas de exibição. Além de Titina, também participam os atores Nara Kelly, Igor Fortunato, Caio Padilha (também produtor da trilha sonora) e Marcílio Amorim.
Convidado pela organização da peça, o Brechando assistiu a pré-estreia do espetáculo. Sem dizer spoilers, garantimos que é encantador, lúdico e me ajudou a voltar ao tempo, quando passava os fins de semana em Sítio Novo (embora fique no Trairi) para visitar os meus avós paternos. É uma forma mais fácil do que lendo os livros de Câmara Cascudo, se quiser assistir a peça (Se fosse você, não perderia, ok?).
Quem nasceu no Seridó ou em um outro interior do Rio Grande do Norte se identificará bastante com os personagens retratados.
Natural de Acari, Titina queria mostrar o seu amor pela região em forma de espetáculo. “Quando completei 40 anos, eu queria falar sobre o Seridó, uma forma simbólica de voltar para casa. No início, a apresentação seria um solo e tive várias ideias de como retratar sobre o assunto. De repente, comecei a ouvir sugestões, a ideia cresceu e de repente surgiu uma equipe completa de 25 pessoas”.
A parceria com Filipe Miguez (autor de “Cheia de Charme” e “Geração Brasil”, nas quais ela participou) é antiga e a vontade de fazer uma peça juntos já existia desde que a atriz fez a Socorro, empregada da Chayene, na famosa novela das 7.
“Como viemos do teatro, ele sempre dizia: ‘Que tal a gente montar alguma coisa?’. Sempre dizia que sim. Cinco anos depois de ter feito Cheias de Charme veio esse encontro. Fui convidá-lo, ele topou na hora e queria conhecer novos lugares e diferentes. No início de maio, ele veio ao RN e visitou a região, ficou bastante admirado. Depois, ele retornou. A partir daí foi estudo e leitura para montasse o ‘Meu Seridó’. A sorte que tivemos a ajuda da pesquisadora Leusa Araújo (autora de “O Livro do Cabelo”), que também tem família no Seridó.”, continua.
Titina comentou que Filipe Miguez ainda não teve a oportunidade de assistir a peça, apesar de ter presenciado alguns ensaios durante as suas visitas ao estado. “Ele já sabe uma boa parte do espetáculo, pelo menos”.
A narrativa é constituída por uma linguagem lúdica e cheia de metáforas, não necessariamente está em ordem cronológica. “Bem teatral”, como já dizia Medeiros. Transita pela história do Seridó em seus espelhamentos terrenos, desde a chegada do homem andino até a vinda do vaqueiro e do português. “O espetáculo foi feito para ser exibido na rua e contar esta história tão rica precisa ser contada de uma forma mais simples. Apesar de tratar temas como a dizimação dos índios e a chegada da pecuária, a gente queria que falasse de uma forma mais popular e com fácil acesso”, explicou a atriz.
A força do texto está nos personagens, personagens como José de Azevedo Dantas, Pajé Cuó, o português Rodrigo de Medeiros, a Maria Paraibana e Josefa Menina são as personificações da história que transpassa o imaginário da região.
São essas questões, forças e vidas que estão bordadas num figurino, cenografia e caracterização assinados por João Marcelino, parceiro de longa data de Titina com quem trabalhou no grupo “Tambor” ainda na década de 90. A iluminação é feita por Ronaldo Costa, deixando a apresentação com um clima de festa de padroeira. “Desde que tive a ideia era apenas um monólogo, queria que tivesse um cenário fácil de montar. Sempre quis apresentar em alpendres, uma vez que quando era criança e passava férias com meus avós, na zona Rural, eu ouvia histórias, apresentações, lia livros e escutava música, como se lá fosse meu primeiro lugar artístico. Assim, queria que a peça tivesse a sua própria estrutura para que seja montada em qualquer lugar. As luzes, além de parecer uma festa de interior, lembra o céu estrelado.”.
Meu Seridó marca a estreia da produtora “Casa de Zoé”, uma idealização de Titina e César, com o propósito de realizar ações culturais nas áreas das artes cênicas, música e audiovisual. A Casa de Zoé já tem novos projetos encaminhados para 2018, além da circulação do “Meu Seridó”. Ocupar os espaços das cidades e das zonas rurais com espetáculos, cinema, música, teatro é o que busca abarcar a produtora de cultura. Confira a seguir os dias e locais onde a peça circulará por Natal:
30/11 – Estreia TECESOL – Neópolis
01/12 – Casa do Mestre Manoel Marinheiro – Felipe Camarão
02/12 – Praça da Igreja – Cidade Esperança
03/12 – Praça André de Albuquerque – Cidade Alta
14/12 – Espaço Cultural Jesiel Figueiredo – Gramoré
15/12 – Área de lazer do Panatis – Panatis
16/12 – Praça Henrique Carloni (Disco Voador) – Ponta Negra
17/12 – Praça Cívica – Petrópolis
Horário: 18h00
Mais informações: www.casadezoe.com.br
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