O Padre Miguelinho lutou pela independência do Brasil. Podemos dizer que ele teve a mesma função que Tiradentes teve em Minas Gerais, sendo que no estado de Pernambuco, cinco anos antes da Independência declarada por Dom Pedro I nas margens do Rio Ipiranga. Miguelinho, como ficou conhecido pela população, é nome de escola em Natal e de uma rua na Ribeira, mas poucos narram a sua história que será contada pelo Brechando.
Padre Miguelinho é o nome de Miguel Joaquim de Almeia e Castro e nasceu no dia 17 de setembro de 1768 em Natal. Era filho do capitão português Manoel Pinto de Castro e Francisca Antônio Teixeira. Na adolescência, aos 16 anos, se mudou para Recife, atual capital do estado de Pernambuco, onde ingressou na Ordem Carmelita da Reforma. Foi na Ordem Carmelita que se transformou em Frei Miguelinho e se tornou padre com apenas 32 anos.
Mesmo sendo padre, as pessoas ainda lhe chamavam de Frei.
Logo após, o sacerdote fundou o Seminário de Olinda, junto com Frei Caneca, no qual atuou como professor de retórica e realizou o discurso inaugural da escola.
Nesse período, as desavenças entre portugueses e brasileiros começaram a crescer. Em Pernambuco, no ano de 1817, aconteceu a Revolução Pernambucana, no qual o Frei Miguelinho se tornou um dos líderes do movimento. Na época, Olinda e Recife, juntas, tinha quase a mesma quantidade de habitantes que o Rio de Janeiro e eram bastante influentes politicamente.
As ideias liberais que entravam no Brasil junto com os viajantes estrangeiros e por meio de livros e de outras publicações, incentivavam o sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que participava ativamente, desde o fim do século XVIII, de sociedades secretas, como as lojas maçônicas. Nas sociedades secretas, reuniam-se intelectuais religiosos e militares, para elaborar planos para a revolução.
A fundação do Seminário de Olinda, filiado com ideias iluministas, deve ser levado em consideração que ajudou com que a revolução acontecesse. Por isso, que muitas vezes o protesto também foi chamado de “Revolução dos Padres”.
Além disso, o rei de Portugal, Dom João IV, havia criado novos impostos e grande seca que havia atingido a região em 1816 acentuou a fome e a miséria, ocasionando uma queda na produção do açúcar e do algodão, produtos que eram a base da economia de Pernambuco e que começaram a sofrer concorrência do algodão nos Estados Unidos e do açúcar na Jamaica.
Então, o movimento ocupou Recife em março de 1817, surgiu um governo Provisório e proclamaram a República. Miguelinho, por sua vez, se tornou o secretário-geral.
Foi convocada uma assembleia constituinte, com representantes eleitos em todas as comarcas. Nela, que estabeleceram a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário; o catolicismo como religião oficial (permitia a liberdade de culto de outras religiões) e aboliram alguns impostos. A escravidão, todavia, foi mantida.
Os manifestantes queriam expandir a sua luta para as províncias vizinhas, mas fracassaram. Na Bahia, José Inácio Abreu e Lima foi preso e fuzilado. No Rio Grande do Norte, André de Albuquerque Maranhão chegou a ocupar Natal, porém não despertou o interesse da população e foi tirado do poder em poucos dias, depois preso e morto, conforme falamos sobre a história da praça que recebe o seu nome.
No Ceará, Bárbara de Alencar e seu filho Tristão Araripe aderiram ao movimento, mas foram detidos. Derrotados, os revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio as tropas portuguesas entraram no Recife e encontraram a cidade abandonada e sem defesa. O governo provisório, isolado, se rendeu no dia seguinte.
Apesar de sentenças severas, um ano depois todos os revoltosos foram anistiados, e apenas quatro haviam sido executados, incluindo o Frei Miguelinho, que foi morto na cidade de Salvador, no dia 12 de junho de 1817.
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