Quem entra por Natal pela BR-101 ver um monumento gigante, que é basicamente uma estrela cadente feita em concreto protendido, pintada de branco, que à noite fica iluminada, cortando de um lado a outra a BR-101 e, abaixo dela, uma estátua dos Três Reis Magos também iluminada. A obra se chama Pórtico de Natal e é comum ver vários turistas tirarem fotos próximo ao monumento, que foi instalado durante as comemorações dos 400 anos da capital potiguar.
Tornou-se rapidamente um dos principais cartões postais de Natal. Foi registrado na época como uma das mais arrojadas construções em concreto armado do Brasil. É ponto de parada de muitos turistas que registram a imagem na sua chegada ou partida da cidade. Com uma incrível estrutura de 60 metros, pode ser observada por todos que chegam a Natal pela BR-101. Representa o cometa que orientou os Reis Magos, Baltazar, Belchior e Gaspar, à Belém para o nascimento do menino Jesus.
O Pórtico foi projetado por Moacyr Gomes, o mesmo do estádio Machadão, com colaboração de Eudes Galvão Montenegro.
Aí, eu diria o seguinte: parece cabotinismo, mas um dos marcos de Natal é a entrada, o Pórtico dos Reis Magos, também dele participei. Aliás, eu acho que, como arquitetura, é o melhor que eu fiz em Natal, mais que o Machadão, por simular uma mensagem histórica, inspirada no nascimento de Cristo e sua relação com a data de fundação de Natal, com a anunciação dos Reis Magos ao mundo por via de uma estrela cadente. Pensei que a dinâmica da estrela e a riqueza das figuras bíblicas, com suas vestes e coroas, darão poderosa imagem arquitetônica. Juntei o calculista José Pereira, o saudoso Manchinha, grande escultor, o meu amigo e excelente arquiteto Eudes Galvão e fizemos um projeto audacioso, com uma estrela abstrata, garatuja meio surrealista, e as figuras clássicas dos Reis Magos. Aí comecei a riscar num papel como quem risca sem compromisso e disse: Manchinha, faça isso com tubulação, e ele fez. Ficou bonita, mas ela tinha uma haste muito comprida, engastada na cabeça da viga, e aí, no dia da inauguração, eu passei lá cedo e vi que a estrela estava oscilando com o peso, quando o vento batia. A construtora trouxe os bombeiros, cortaram o cano e recolocaram no lugar. Ficou até mais bonito. Depois da festa de inauguração, a cidade não deu nenhuma importância, e um jornalista chegou até a chamá-lo de “parangolé”, no sentido depreciativo. Aí, minha mulher disse: “Taí, você fez tanto esforço para virar um parangolé”. Falam que Cascudo dizia: “Natal não consagra nem desconsagra ninguém”. Mas ainda bem que ele mesmo escapou; era tão bom que é consagrado até hoje. Aí, morreu o assunto. Depois comecei a observar que os visitantes a Natal paravam ali para fotografar e pensei com meus botões: aquilo tem algum valor. Eu tinha consciência de que era um bom projeto e tenho: espero que a Fifa não o veja!
Disse Moacyr Gomes em entrevista.
O Manchinha que o Moacyr Gomes se refere é o artista Manxa, nome do escultor Ziltamir Sebastião Soares de Maria.
O escultor tem várias obras espalhadas pelo Brasil e exterior, foi o responsável pela escultura dos monumentos de Uruaçu e Cunhau; do prédio da reitoria da UFRN; capela do Campus Central da UFRN; monumento do Machadão; pórtico de entrada da Ilha de Sant’Ana, em Caicó; monumentos em 32 agências do Banco do Brasil; em 16 agências da Caixa Econômica e no Banco do Nordeste. Manxa também deixou diversas obras em várias empresas no Brasil e no exterior.
Manxa morreu em março de 2012, na cidade de Currais Novos, que fica próximo a cidade onde morava: São Vicente. Lá, tinha a Oficina D’Arte Manxa. Local de trabalho com recuperação de monumentos históricos, artísticos, fundição de esculturas e em pesquisas com “Micro Fusão na confecção de próteses com moldes shell na área de Buco- Facial dentro da Odontologia e com pesquisas em próteses na área de Otorpedia”.
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