Finalmente pude conhecer o Houssaca, no Ateliê Bar, promovido pelo produtor e radialista Frank Aleixo, quem conheci quando ainda fazia o curso de jornalismo. O evento chegou em sua décima edição e é marcado pelas apresentações de drags e discotecagem com o melhor da música eletrônica e pop.
Como surgiu a festa? Ele já é conhecido por promover festas eletrônicas, como a Pajuxland. Durante este período, Aleixo criou um vlog maravilhoso chamado “After Quenga“, onde comentava a última temporada da série Rupaul’s Drag Race, reality show estrelado pela drag Rupaul, onde procura o carisma, singularidade, coragem e talento de uma drag queen, para suceder ao título de “America’s Next Drag Superstar”. Uma versão drag queen de America’s Next Top Model.
Assim surgiu os eventos do Houssaca, onde misturava discotecagem de música eletrônica com apresentação de drags e foi assim que ajudou a ficarem famosas a nova safra de divas no Rio Grande do Norte, como a Potyguara Bardo, Ciara Legam e Kaya Conky.
Cheguei no evento era 20 horas, algumas das meninas já estavam desfilando e outras se arrumando. Algumas tinham ajuda de staff para poder colocar alguns adereços, como cílios postiços, ou ajeitar aquela peruca que teima em sair da cabeça. Enquanto isso, as pessoas estavam se divertindo com as músicas eletrônicas e bebendo uma cerveja, caipiroska ou sex on the beach. Com uma câmera e lente de 50 milímetros, eu comecei a registrar o evento a partir de fotos.
As cores, as músicas e os visitantes da festa já davam um ar alegre e todos estavam a vontade. Já estava animada e fazendo a dancinha do Drake quando tocou a música Hotline Bling.
Encontrei a amiga Y, que chegou logo gritando para mim e meu namorado:
– Obrigada por terem vindo, vai ser minha estreia. Eu quero que dê certo.
Após um abraço caloroso. A gente via que a Y estava tensa, tentando colocar os cílios postiços que estavam caindo o tempo todo por conta do suor e daquele calor infernal que Natal fica no verão. Apesar dos obstáculos, ela estava se sentindo poderosa e como uma autoestima incrível.
Uma hora depois, o Frank começa anunciar a apresentação e fez um discurso em tom de felicidade que tinham duas estreias. O cineasta Victor Ciríaco, conhecido pelo incrível curta “Sailor”, foi expandir os seus horizontes e realizou a sua primeira apresentação como drag queen. Usando apenas meia calça e lingerie, o jovem interpretou “Sou Rebelde”, da cantora Lílian.
Como falei anteriormente, uma das estreias era a drag Y, que possui um estilo parecido com as harajuku japonesas. A garota animou bastante a plateia com sua forma de expressar e chegou a animar a plateia quando ficou só de corset.
Após a estreia, a Minerval Del Diablo, que inicialmente faria uma homenagem ao cantor David Bowie, que faleceu neste mês de janeiro. Verdade seja dita, o estilo glam do cantor na fase de Ziggy Stardust ajudou a inspirar os artistas pop, cantores de hard rock e também as apresentações do público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros).
Entretanto, a garota subiu ao palco disse que faria uma outra performance, na qual iria falar sobre sua relação conturbada com a mãe e seus problemas com a mesma.
Depois, houve a apresentação de Rivka Bardo, a única mulher fazendo o papel de drag queen. Sim, mulheres podem fazer esta performance. Ela fez uma interpretação própria de “Tears in Heaven” do cantor e guitarrista Eric Clapton, que arrancou lágrimas da plateia, pois era uma homenagem ao pai dela, que foi assassinado no dia 31 de julho do ano passado.
Para mostrar que drag não necessariamente deve se vestir como mulher, a Potyguara Bardo realizou uma interpretação brincando com o personagem masculino e feminino e a intenção era mostrar que as pessoas estão sujeitas em fazer acertos ou erros. O que mais chamou atenção é que o corpo, a dança e a música casou muito bem. A mensagem foi bem divulgada, melhor que muita peça de teatro vinda de outros estados.
Por fim, apareceu a Garota Tchau, que realizou uma super apresentação com direito a música própria na introdução, mostrando que as apresentações ajudam não só a elas, mas também todos aqueles que trabalham nos bastidores, como aqueles que ajudam na mixagem das apresentações, faz os figurinos ou ajuda na maquiagem.
No final, ela interpretou Beyoncé, deixando a galera animada.
Eventos como esse e o programa do RuPaul ajudaram a incentivar a entrada de novas drags e também as mesmas criarem um estilo próprio.
O primeiro contato com uma drag queen foi com um primo que fazia a arte. Eu achava um máximo as aparições dele na mídia e como se transformava fazendo aquela personagem. Depois, surgiu o cosplay, onde via amigos e conhecidos interpretando e se vestindo como um personagem de desenho animado, anime, quadrinho, filme, livros e coisas relacionadas à cultura pop.
Vou parafrasear esta frase: “Você nasce nu, o resto é drag”. O termo vem da palavra inglesa, que significa “arrastar”. Afinal, você está se arrastando para um outro mundo, onde você é uma pessoa com características parecidas, iguais ou bastante diferente e que você se transforma a partir de roupas, perucas e maquiagem.
Diferente do cosplay, as drags criam os seus próprios personagens e pode utilizar para diversas apresentações, podendo ser cômicas, exageradas ou dramáticas, dependendo da forma que queiram demonstrar a mensagem.
O Houssaca me fez mostrar que precisamos mais de eventos como esse. Confira as fotos (clica nas imagens para ampliar) a seguir:
*Atualizado no dia 20/01/16, às 10h25.
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