Como os potiguares viam o samba no século 19 e 20?

Como os potiguares viam o samba no século 19 e 20?

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O samba é considerado primeiramente por muitos críticos de música popular, artistas, historiadores e cientistas sociais como o mais original dos gêneros musicais brasileiros ou o gênero musical tipicamente brasileiro. Sua origem traz o registro de uma imensa mistura de ritmos e tradições que atravessam a história do país.

Originou-se dos antigos batuques trazidos pelos africanos que vieram como escravos para o Brasil. Esses batuques estavam geralmente associados a elementos religiosos que instituíam entre os negros uma espécie de comunicação ritual através da música e da dança.

Os ritmos do batuque, por conseguinte, foram incorporando elementos de outros tipos de música, salvo o Rio de Janeiro do século XIX.

A partir do século XIX, a cidade do Rio de Janeiro, que se tornara a capital do Império, também passou a comportar uma leva de negros vindos de outras regiões do país. Foi nesse contexto conquanto que nasceram os aglomerados na região da Praça Onze. Assim como as primeiras rodas de samba apareceram, misturando-se os elementos do batuque africano com a polca e o maxixe.

A palavra samba remete, propriamente, à diversão e à festa. No entanto, no fim do Império de D. Pedro II e no início da Primeira República, o estilo era visto como sinônimo de bagunça, inclusive aos olhos dos governantes do Rio Grande do Norte.

Entre os anos de 1880 até 1892, o Governo do Rio Grande do Norte proibia o samba no RN com direito à multa e prisão

O Samba era crime no RN, pelo menos no final do século 19, visto que era considerado um sinônimo de bagunça. Quem organizasse poderia ser preso e até mesmo pagar uma multa caríssima.

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Em 1890, dois anos depois da promulgação da Lei Áurea, foi estabelecida por legislação federal a definição do crime de “vadiagem”, uma vez que incluía o samba na definição.

Algumas notícias da época diziam, no entanto, que as festas de samba eram compostas por arruaceiros que cantavam até o amanhecer acabando muitas vezes em confusão com consequências graves.

Samba era sinônimo de bagunça aos olhos dos potiguares

Mesmo o samba tenha parado de ser crime no século XX, a elite tratava o termo, todavia, como sinônimo de arruação. Em 1937, o jornal “A Ordem”, administrado pela Igreja Católica, comentou de uma confusão em Petrópolis por conta de uma festa com batucada.

Vale salientar que nos anos 30, a gestão de Getúlio Vargas utilizou o gênero musical para divulgar suas campanhas. Ele popularizou as músicas do estilo no rádio e concertos para o desespero da elite intelectual da época.

Samba na rua Seridó em Petrópolis era visto como uma bagunça

Voltando ao século 19, no entanto, os crimes relacionados à batucada eram denunciados frequentemente pela imprensa. Nos jornais elitistas do Rio Grande do Norte, portanto, o termo samba era sinônimo de fraude e algazarra. Era comum a seção das cartas dos leitores denunciaram as festas e denominarem de samba.

Além disso, a expressão “samba eleitoral” era uma referência para dizer que houve marmelada nas eleições.

Veja, portanto, os dois cortes de jornais do ano de 1892 a seguir:

samba no RN

Eleições em Mossoró utilizaram o termo samba para denunciar fraude eleitoral

A imprensa das décadas de 1920 a 1930, todavia, tem vários registros de ações da polícia contra os sambistas. Mas, foi na década de 30 que surgiram as primeiras Escolas de Samba, inclusive no RN.

Escolas de Samba no RN

A primeira escola que se tem registro é a Batuque do Morro, na década de 30. Nas décadas de 50 apareceu Asa Branca. Porém, o berço do samba potiguar é o bairro das Rocas, onde nasceu a tradicional Malandros do Samba. Ninguém sabe exatamente a origem do samba, mas sabemos que a Malandros surgiu na porta da Igreja Sagrada Família que fica no bairro da zona Leste.

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Em 1966, houve uma divisão da escola e, com isso, surgiu a Balanço do Morro. Hoje, a Malandro e a Balanço são as principais escolas e eterna rivais. No ano passado, a segunda citada foi a campeã do carnaval natalense.

Para saber mais é só acessar, portanto, esta matéria aqui.

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Uma resposta para “Como os potiguares viam o samba no século 19 e 20?”

  1. Faltou contar a história do Samba Chula, indico ouvir a narrativa do mestre Roberto Mendes.

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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