Querido filho LGBT…

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Querido filho LGBT,

Eu sei que você ainda nem fecundou e seu espermatozoide está por aí com seu complexo de golgi (acho que é isso, sempre ficava em recuperação nas matérias relacionadas às ciências). Nem sei se você vai ser realmente um LGBT, mas se você for um hétero, que não seja aquele hétero topzera, você pode mostrar que é uma pessoa maravilhosa e gostar do sexo oposto sem se exibir na webcam ou ser uma pessoa agressiva. O importante é que seja gentil e saudável com os outros, como já dizia o Belchior: “amar e mudar as coisas é o que me interessa mais”. Realmente, Belchior será velho demais quando você tiver consciência sobre o mundo. Assim como a Cher, mas você precisa saber que essa mulher foi muito importante na luta pela igualdade social, na música e também no feminismo.

Daqui a 20 anos, espero que o Donald Trump não tenha influenciado tão negativamente a parte social do mundo, visto que as minorias voltaram a ser massacradas e que as conquistas como casamento do mesmo gênero  poderão ter sido revertidas. Ainda espero que a classe média brasileira não copie este terrível costume. Vai ser difícil, mas tentarei te proteger ao máximo da LGBTfobia. 2020 e 2030 podem ser décadas difíceis para os sonhadores.

Não quero que você seja um garoto hipócrita, que fale asneiras por aí e escondido faça coisas terríveis. Por favor, mostre o que você é tanto na minha frente quanto para os seus amigos, o planeta Terra não precisa de mais um deles.

Se você for LGBT, eu sei que não sou a pessoa mais apta para falar desse assunto, pois sou hétero e vivo numa situação confortável.

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Porém, eu sei o que é ser rejeitado, mesmo em uma dose de 10ml, visto que eu (sua mamis) senti as consequência que um bullying em um colégio da elite natalense pode fazer e como isto pode estragar a vida de gente muito talentosa, que se perdeu porque nunca se encaixou em grupos sociais da escola ou teve que se forçar em algo que não era. Você, provavelmente, crescerá em um mundo confortável, com o meu acolhimento e você poderá levar o seu namoradinho sem a frescura de apresentar aos seus avós como “amigo”. Sim, infelizmente as pessoas têm vergonha de apresentar seus respectivos cônjuges como o que eles são.

Cresci em um ambiente que tinha muita homofobia, onde ouvi várias vezes que ser gay é ser errado e que nunca aceitariam um filho assim. Sempre fui uma criança que questionava: “Por que é errado uma pessoa assumir o namoro de alguém que ama?”. Todas as vezes estas respostas eram respondidas de forma atravessada. Enquanto isso, muitos familiares que tinham uma família propaganda de margarina, os maridos estavam traindo as suas mulheres, os filhos brigavam na rua e a mãe era uma mulher infeliz. Não quero viver como a família tradicional brasileira.

Precisamos de pais que acolham seus filhos LGBT, que não os expulsem de casa por serem o que eles são ou lhes tiram a vida por achar que isso é uma vergonha. Foi muito sufocante ver de perto primos e amigos tão próximos de mim que passaram por essa situação e a única coisa que poderia dar era um pouco de conforto, pois a base dele estava sendo destruída e difícil de ser reestruturada.

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Não quero que você se esconda ou tenha que viver em um mundo terrível do armário.

Mesmo tendo o meu acolhimento, eu quero que você se ame acima de todas as coisas. Vou encher a sua cabeça falando da Rupaul e como aquela Drag Queen mudou a minha vida, foi por causa desta bicha maravilhosa que comecei a ter um pouco de amor próprio e me fez enfrentar coisas que jamais achava que enfrentaria. Sem contar a maravilhosa Lady Gaga, que falou que o mundo precisa aceitar as pessoas que elas são.

Espero que tenha outras cantoras e bandas tão maravilhosas quanto essas duas citadas.

Filho, o mundo (ainda) é lindo e você precisa ser bastante forte para enfrentar as coisas!

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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