Beco da Lama is the new Praça do Gringo’s?

Beco da Lama is the new Praça do Gringo’s?

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Estava eu em casa quando minha irmã resolveu ir ao Beco da Lama e falei o seguinte: “a gente se encontra por lá”.

A primeira coisa que me chocou foi ver uma enorme quantidade de carros em seu entorno, que dei duas voltas até achar uma vaga. “Minha irmã deve tá no lugar mais afastado, pois odeia aglomeração”, pensei.

A luta para procurar um lugar confortável foi difícil, era uma vitória ter um espaço e não ver gente urinando na sua frente. Quem conseguiu comprar alguma coisa também foi difícil.

A minha vitória do dia foi ter tirado foto com Flávia Big Big.

Minutos de luta e os minutos de Glória

Assim como foi aquele Halloween do Gringo’s de 2015, demorei mais de dois dias para saber o que foi aquele delírio coletivo de jovens de 18 a 29 anos em sua maioria, alguns chegando aos 30, que inventaram de ir ao Beco da Lama na véspera de feriado da Sexta-feita Santa. Aqui está um exemplo a seguir.

Sabemos que na quinta-feira tem o samba, uma roda que toca o melhor do estilo no tradicional Bar de Nazaré. Por outro lado, na Meladinha, havia uma festa dançante liderada por Frank Aleixo. Até aí tudo bem. Mas, o que foi aquela gente toda?

E muita gente reclamou disso no Twitter.

Fácil, falta de opção de lazer

O Beco da Lama virou o Point cultural mainstream após a Prefeitura do Natal ter contratado grafiteiros para um mural. Além disso, ele começou a investir em espaço cultural.

Antes, apenas um pessoal específico iria para lá, como jornalistas, escritores, políticos e gente que aproveitava que trabalhara no Centro de Natal para fazer aquele que futuramente chamariam de Happy Hour.

Com a Ribeira cada vez mais deserta, bares da ZS fechando e as praças com menos segurança, o Beco virou uma zona de conforto para aqueles que “procuravam a curtição”.

O que vi no Beco da Lama não foi apenas um delírio coletivo, mas uma tentativa de reorganização do que seria o pós pandemia.

Prefeitura deveria investir além do quadrante da sua sede

Para Álvaro Dias, controlar e criar espaços culturais no Beco é mais fácil. Afinal, o Palácio Felipe Camarão fica a menos de 100 metros, sem contar que outros espaços culturais monitorados pelo Município, a Capitania das Artes e o K-Ximbinho também são próximos. E não podemos esquecer do Zé Reeira, que segue os mesmos modus operandi.

O tradicional bairro da Ribeira e sua nova revitalização apenas é um plano distante. Já o Governo do Estado, o seu foco cultural está na Rampa e Pinacoteca.

Enquanto isso, os espaços culturais mais distantes, como a Área de Lazer do Panatis e a Praça do Eucaliptos, estão abandonados. Isso quando não tem a sorte de bares particulares de adotarem o espaço público ao redor e tomar como seus.

Os prós e contra

O que aconteceu no Beco da Lama é um sinal positivo que as pessoas se interessam pelo centro. No entanto, negativo porque vai centralizar os espaços culturais da cidade e fazendo com que as comunidades mais periféricas fiquem longe do bel-prazer de curtir.

Com os cortes das linhas de ônibus e os Corujões e os aplicativos caríssimos, mostra que os eventos de rua estão elitistas e menos restrito a população.

Agora, cabe pedir não só comida, mas também diversão e arte. Afinal, numa gestão neofascista, a maior resistência de um povo é mostrar que ainda está sorrindo.

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Uma resposta para “Beco da Lama is the new Praça do Gringo’s?”

  1. Faltou mencionar que uma grande parte da galera, talvez a maioria, foi em função do pagode do Borogodó, que justamente tem atraído cada vez mais outros nichos para além dos que costumam ir, em primeiro lugar, pelo Samba de Nazaré e desebocam no Bardallos ou Meladinha. Antes mesmo do samba acabar, o pagode começou a truar com muita gente cantando junto já no primeiro medley. Por isso acho que o motivo para ter lotado tanto foi na real o pagode do Borogodó. Já houveram outros feriadões recentemente, mas nenhum foi tão lotado quanto este. Parece que a galera do pagode de boteco descobriu o beco.

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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