Mês: dezembro 2016

  • Brechando a escrita do Antônio LaCarne

    Brechando a escrita do Antônio LaCarne

    Vamos deixar um pouco de lado o Rio Grande do Norte e falar dos artistas vizinhos, no caso Ceará. Foi na internet que descobri o Antônio LaCarne, o “Impenetrável”, natural do Ceará, mais precisamente em Fortaleza, e divulga os seus trabalhos na internet, mais precisamente o Tumblr, uma rede social que mistura blog com Twitter. Além de poemas, ele coloca críticas de filmes, fotografias e crônicas.

    Clique aqui para brechar o Tumblr.

    Para LaCarne,  ele escreve influenciado pela desordem das coisas e tudo se mistura, defeitos e virtudes.

    É formado em Letras, com habilitação na Língua Inglesa, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Também atua como escritor e autor do livro “Elefante-Rei: Poemas B” (2009), em 2011 participou da coletânea de contos “A Polêmica Vida do Amor” (Ed. Oito e meio) e “Salão Chinês” (2014, Patuá).

    Confira alguns de seus trabalhos a seguir:

    O amor que nos une. Os amor que nos desune. Eu queria escrever um texto sobre essa força que eu preciso ter. Eu não, nós. Não se desestruturar, não se perder, não esquecer de si. A vida é dura e com ela os olhos de águia. O mundo girando. O plano b que você guarda na manga. Tudo isso para dizer que: num mundo cão há a necessidade de ser fera, de não se deixar diminuir, ou depender de alguém que não é o dono da sua força. Não se engane com as pessoas, com os foras, com os acertos, com a consequências justas ou injustas. Precisamos ser o nosso maior templo. Abra os olhos enquanto é tempo. O paraíso pessoal é isso.


    PERTO DEMAIS

    só você escolheu percorrer o sri lanka

    deixar meus pés sujos de lama

    onde nenhum homem

    esta noite

    soube cobrir meus olhos

    dançar ao redor do mundo

    cuspir no espelho

    medir os botões que cobrem o corpo

    e rever algumas vezes

    por onde andei ou se fui outra.


    PAIXÃO EXTRATERRESTRE

    li os teus dois poemas no jornal
    durante aquela vasta solidão
    em que me vi sem homens,
    os dois braços que me partiram
    ao meio do percurso numa
    refrescância de piscinas ao deus-dará
    onde eu mataria um leão por dia,
    salpicando de dor o livro e o
    meu corpo sob a chuva tempestiva
    de verão, azul, um menino descalço,
    sujo e sem nome, duas mulheres
    que sorriem enquanto ando tão
    rápido e com as mãos nos bolsos,
    pois em todas as esquinas eu
    esqueci perdidamente o olho
    no buraco da fechadura, e você
    não entende do que é feito o meu país,
    mas as tuas andanças oscilam
    entre uma ponte-aérea ou viagem
    internacional de cegos, pessoas
    sem a mínima classe, ou uma
    echarpe que te consome e que
    não me ensina a viver a grosso modo,
    cada traço devidamente organizado,
    os dois beijinhos na festa,
    eu fugindo do sexo já a me satisfazer
    numa futura crise de remorsos,
    compaixão, inveja do que eu jamais
    permitiria, à mercê dos numerosos
    amantes aqui destronados, molhados
    de prazer, gênio indomável,
    nave espacial do extraterrestre
    que se apaixona por mim e
    anota o número do meu telefone.


    MONSTRO

    A saudade vem de leve, depois acaba com o meu fôlego, então subo uma montanha, imaginando minhas conquistas e os buracos que dispersam os caminhos, as linhas de nossas mãos. Mas eu não queria que as mentiras e o fogo guardassem o segredo de nossas bocas no segundo que nos deslumbramos sem razão. Aí o amor se torna um monstro sagrado – e não perdemos.


    Said the Poet to the Analyst

    My business is words. Words are like labels,
    or coins, or better, like swarming bees
    I confess I am only broken by the sources of things;
    as if words were counted like dead bees in the attic,
    unbuckled from their yellow eyes and their dry wings.
    I must always forget who one words is able to pick
    out another, to manner another, until I have got
    somethhing I might have said…
    but did not. 

    Your business is watching my words. But I
    admit nothing. I worth with my best, for instances,
    when I can write my praise for a nickel machine,
    that one night in Nevada: telling how the magic jackpot
    came clacking three bells out, over the lucky screen.
    But if you should say this is something it is not,
    then I grow weak, remembering how my hands felt funny
    and ridiculous and crowded with all
    the believing money.