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Vamos falar da primeira

A primeira é Júlia de Medeiros, uma caicoense conceituada no seridó, primeira mulher a ter título eleitoral na cidade, com dois mandatos de vereadora em Caicó e articulou jornais com mulheres para falar sobre diversas questões. “Articuladora, mulher pioneira no jornalismo do RN e quando se muda para Natal, capital do Sol, tenta entrar nas bolhas intelectuais do círculo de Câmara Cascudo e foi escanteada”, relatou Catarina Santos.

“Passava pelas ruas de Natal entre os bairros das Rocas e das Quintas tentando reafirmar seu passado nas ruas da cidade. Morreu sem ter reconhecimento da cultura. Chegou a levar xingamentos nas ruas por pessoas que chamavam ela de “ROCAS-QUINTAS” ou “QUINTA-ROCAS”. E, por fim, esta difamação aconteceu até seu falecimento”, complementou e quer lutar para apagar este apelido na história do estado.

A segunda mulher

A segunda era uma mulher riquíssima, que muitos podcasts e mídia nacional ainda tratam como uma lenda urbana: Amélia Machado, conhecida como a tal da “viúva Machado” era uma mulher muito autêntica e rica.

“Com a morte de seu marido, passa a ser difamada por toda cidade natalense e com tanto patrimônio em suas mãos foi usada para amendrontrar. Logo, foi chamada de comedora de fígado de crianças, uma mulher solitária e caridosa, visto que ao seu redor em sua residência até hoje os vizinhos defendem sua memória verdadeiras”, disse a artista.

Conforme falamos várias vezes no Brechando, a Amélia virou uma das maiores lendas urbanas do país. “Ela ainda sofre diversas injúrias da sociedade, a qual ainda chama pelo nome desse entorno amedrontador e desclassifica sua importância na cidade”, contou que a sua performance “tem por obrigação moral fazer o reconhecimento do nome da Amélia.”.

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A terceira

A Catarina Santos é ela mesma a terceira Rainha Louca do RN, com uma série Autobiográfica imensa composta por diversas linguagens, uma vez que traz consigo o terceiro Evangelho contemporâneo do mundo, feito por ela. Inspirada nos de Kardec e de Saramago.

“A escrita foi uma forma de denúncia para falar do meu cárcere psíquico que ocorreu em 25 de dezembro de 2020, uma vez que é data que o cristianismo celebra o nascimento de cristo e durou três meses em cárcere psíquico, mesmo com diversas altas e nem ter notícias do mundo exterior”, afirmou.

A mesma disse que aguentou firme por conta de projetos culturais que ajudaram a mostrar sua identidade e recuperar os danos causados, mesmo tendo ganhado três prêmios da Lei Aldir Blanc.

Sua obra escrita, espalhadas em lambe, é dividida em 16 partes e a primeira está em polos específicos da cidade do Natal denunciando a violência política e cultural que recai sobre sua saúde mental, e ainda luta nas ruas voltando a cena da performance para reafirmar sua postura e se colocar nesse trabalho de resignificação da loucura através de obras performáticas que articulam um sincretismo religioso.