Mês: agosto 2017

  • Dia que Natal virou uma cidade comunista

    Dia que Natal virou uma cidade comunista

    Há 80 anos, Natal já foi uma cidade regida pelo comunismo. Por algumas horas. Esta ação fez parte da Intentona, quando o Partido Comunista do Brasil, o PCB, liderado por Luís Carlos Prestes, queria que o Brasil se tornasse um governo comunista. Uma tentativa de fazer uma Revolução Russa nas terras tupiniquins, que aconteceu 20 anos antes. De todos os estados existentes na época, apenas o Rio Grande do Norte conseguiu colocar o plano na prática.

    Enquanto isso, a situação política no Brasil, deteriorava-se em face da crise econômica e das contradições existentes no interior do Governo Vargas

    Na época, Prestes fez contato direto com a Internacional Comunista e foi convidado para passar uma temporada de estudos do marxismo-leninismo na União Soviética, para onde viaja em setembro de 1931 e permanece até abril de 1934, quando chega ao Brasil, em companhia de Olga Benário.

    Aconteceu no dia 23 de novembro de 1935 por militares, em nome da Aliança Nacional Libertadora. O objetivo era uma revolução “nacional-popular” contra as oligarquias, o imperialismo e o autoritarismo, possuindo, nas suas reivindicações menos imediatas, aspectos como a abolição da dívida externa, a reforma agrária e o estabelecimento de um governo de base popular.

    O levante aconteceu em três lugares: Natal, Recife e Rio de Janeiro.

    O 21º Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro, sediado em Natal, iniciou um levante liderado por sargentos e cabos filiados ao Partido Comunista do Brasil e à Aliança Nacional Libertadora, organização política de esquerda, recebendo a adesão da direção do PCB e a participação de operários, populares e ex-integrantes da guarda civil do Estado. Consolidado o controle militar, foi instalado um autodenominado “Comitê Popular Revolucionário” que durante 80 horas (três dias), até a madrugada do dia 27, manteve o controle da capital e de 17 cidades do interior, dissolvendo-se e se pondo em fuga, ante a aproximação de tropas leais ao governo federal.

    Em Natal, as condições locais contribuíram para amplificar a motivação. Os militares de baixa patente, muitos já excluídos, outros ameaçados, com uma atuante célula comunista no quartel, há muito se encontravam aliciados por tenentes de outras guarnições. A demissão coletiva foi o estopim que detonou o levante antes da hora. Curiosamente, foi também a razão do sucesso inicial. A surpresa, somada à incompetência do aparelho de segurança, contribuiu para que os militares tivessem razoável apoio popular.

    O quartel, onde hoje funciona a Casa do Estudante, no bairro da Ribeira, ficou cravejado de balas. Uma Junta de Governo chegou a ser formada e destituiu o governador Rafael Fernandes e a Assembleia Legislativa.

    Várias pessoas foram presas, incluindo o líder comunista Luís Carlos Prestes, e culminou com o golpe militar de 1937 que implantou o regime de direita denominado Estado Novo.