Na noite desta terça-feira (24) foi anunciado a morte de Jacqueline Brasil, uma mulher travesti que lutou até o fim a favor das pessoas trans e de pessoas do movimento LGBTQIAP+. Quando falo isso, não é exagero, visto que mesmo debilitada conseguia divulgar nas redes sociais as suas reflexões e atividades de sua ONG.
Mas, não queremos falar da morte, mas a sua luta e que a mesma permanece viva.
Jacqueline nasceu no Rio de Janeiro e trabalhou como 3º sargento da Marinha do Brasil. Somente em 1993 que se mudou para o Rio Grande do Norte.
Ela foi uma das pioneiras da militância e criou o Atrevida, grupo de Organização Não-Governamental (ONG) desenvolvido em 2008, que acolhe as mulheres trans e promove diversas atividades sociais, como atividade de prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e HIV, mutirão de empregos, palestras, cartilhas, assembleias e dentre outras atividades.

Se conhecemos uma Thabatta Pimenta ou Leilane Assunção, porque antes veio a Jacqueline.
De acordo com a professora Bia Crispim, o nome Atrevida vem de Associação de Travestis Reencontrando a Vida.
Desde que comecei a atuar na área de prevenção à DST Aids no RN, tivemos o apoio da Secretaria de Estado de Saúde Pública, através do Programa Estadual DST Aids e hepatites virais, na realização de eventos regionais e nacionais, na promoção, proteção, prevenção e resgate dos Direitos Humanos das minorias, resgatando a sua dignidade, combatendo o preconceito, a discriminação e estimulando a Cidadania”, disse Jaqueline Brasil.
Por causa do Atrevida, Jacqueline recebeu os mais diversos prêmios, como uma homenagem , em 2013, no Prêmio Dr. Eduardo Barbosa pelo fato de que a Atrevida trabalhou pela homologação do Decreto Estadual nº 22.331 de 13/09/2011, que tornou lei o direito das travestis e transexuais de serem identificadas pelo correspondente nome social em todos os atos e procedimentos realizados no âmbito do Poder Executivo Estadual.
Quatro anos depois, a Câmara Municipal de Natal (CMN) entregou o prêmio de Cidadã Natalense para Jacqueline por meio da iniciativa da ex-vereadora Amanda Gurgel. Como resultado, sendo a primeira travesti a receber o prêmio.
Atrevida não é somente um local para debater o preconceito, como também espaço para garantia de direitos básicos, como o nome social, acesso à saúde, artes, emprego e criação de casas de acolhimento para as pessoas trans que foram expulsas de casa.
Por fim, a Atrevida também está nas artes, divulgando eventos e participando de blocos, como Transfolia.

Esperamos que o mês de junho, que também é o Orgulho LGBTQIAP+ no Brasil, faça com que lembramos o papel da Jacqueline e continuar o seu legado.


