Categoria: entrevistas

  • Jornalista revisita os cinemas de rua da Cidade Alta em livro-reportagem

    Jornalista revisita os cinemas de rua da Cidade Alta em livro-reportagem

    Em meio às ruas, esquinas e fachadas do tradicional bairro da Cidade Alta, ainda ecoam lembranças de cartazes chamativos, luzes de projetores e sessões de cinema concorridas. É nesse cenário de histórias e memórias que o jornalista e escritor Alexis Peixoto mergulha em “Filme de Bairro – Cinemas, cineclubes e cinéfilos na Cidade Alta natalense”. Além disso, foi editado pela Caravela Selo Cultural e viabilizado pela Lei Paulo Gustavo, por meio da Prefeitura do Natal, o livro foi lançado nesta quarta-feira (11), na Cooperativa Cultural Universitária, localizada no Centro de Convivência da UFRN.

    O livro consiste em uma reportagem em forma de livro que resgata a intensa e muitas vezes esquecida relação do bairro com o cinema.

    Fruto de cerca de um ano e meio de entrevistas e pesquisas, a obra reconstrói a trajetória dos primeiros cinemas de rua da Cidade Alta, passando pelas lendárias videolocadoras e pelos cineclubes formados por amantes da sétima arte. Além disso, chegou a conversar com iniciativas contemporâneas de preservação da memória audiovisual, como o projeto “Aqui Já Existiu Um Cinema”.

    “A ideia do livro surgiu a partir de conversas com o editor José Correia Torres, da Caravela Selo Cultural. Estávamos trocando memórias sobre os cinemas de rua e sobre a Cidade Alta, o que nos levou a lembrar de outras relações que o bairro tinha com o cinema: locadoras de vídeo, cineclubes, os encontros na banquinha 7ª Arte…” explica o autor.

    Mais do que um registro histórico, o livro se constrói como uma grande reportagem. “Foi uma pesquisa jornalística, feita com olhar de repórter. O mais importante foram os depoimentos. Ou seja, o livro é, antes de tudo, uma reportagem”, resume Alexis.

    Combinando pesquisa em documentos e jornais com entrevistas e fotografias, Filme de Bairro é também uma homenagem à Cidade Alta enquanto território simbólico do cinema em Natal — um bairro que, mesmo diante das transformações urbanas e tecnológicas, mantém viva sua vocação como espaço de cultura e encontro.

    “Por enquanto, acredito que a história que eu queria contar está neste livro. Mas a Cidade Alta está sempre em renovação. Sempre vão surgir novas histórias. Quem sabe daqui a alguns anos não rola uma sequência?”, sugere o autor, que lembra que o livro termina com a expectativa de criação de novas salas de cinema de rua em Natal, como o Cine Panorama, nas Rocas, e a Sala Luís de Barros, na Ribeira.

    Mais do que interesse profissional, o projeto também nasce de uma vivência pessoal. “Estudei e trabalhei lá, frequento até hoje. Minha primeira sessão de cinema foi no Cine Nordeste. Meus pais me levaram para ver “Batman”, aquele primeiro, de Tim Burton. Depois assisti a vários dos Trapalhões, “Robin Hood” com Kevin Costner, “Indiana Jones”… Cheguei a frequentar o Rio Verde também, inclusive em excursões da escola”, recorda Alexis.

    Durante o lançamento, o autor participa de um bate-papo com o cineclubista, pesquisador e produtor cultural Nelson Marques, que assina o prefácio da obra, e com o arquiteto e urbanista Jota Clewton, responsável pela ilustração da capa — que retrata o antigo Cine Nordeste. A conversa terá mediação do jornalista Tácito Costa.

    Capa de livro (Foto: Divulgação)

    A publicação reforça o papel da memória como forma de resistência e valorização da cultura local. Ao narrar os caminhos do cinema no bairro mais tradicional de Natal, Alexis também ilumina os laços invisíveis que unem gerações pela experiência de ver um filme na tela grande — bem ali, no centro da cidade.