O Mada 2025 mostrou sua potência mais uma vez no segundo dia de apresentações. Neste sábado (18), dezenas de milhares de pessoas lotaram o gramado da Arena das Dunas, disputando espaço diante da grade para acompanhar cada atração. Se a primeira noite destacou a força do Nordeste, a segunda foi marcada pela celebração da negritude.
Entre os fãs, a ansiedade era evidente. “Eu vim pra ver a Rachel Reis, a Liniker e o BaianaSystem. Eu gosto de sentir o calor do público, a emoção. Vou ficar muito emocionado, não saio daqui por nada”, disse Luiz Henrique Sena.
Potência feminina e rimas históricas
Entre os nomes nacionais que empolgaram o público, Rachel Reis, com seu balanço baiano, e Liniker, em desempenho de voz arrebatadora, reforçaram a força feminina no palco. Já Mano Brown, com sua presença histórica, levou rimas que atravessam gerações, reafirmando a importância do rap no cenário musical brasileiro.
A apresentação de Brown teve dois momentos distintos. Primeiro, ele trouxe as músicas do disco Boogie Naipe, indicado ao Grammy Latino de 2017 de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, com forte influência groove e resgate da black music dos anos 70. Em seguida, incendiou o público com os clássicos dos Racionais MC’s, que ecoaram em coro da plateia.
Entre os milhares de presentes, a fã Jeane Cristina foi uma das que mais demonstrou emoção ao acompanhar Mano Brown e o grupo. Admiradora desde a infância, contou que acompanha os artistas sempre que pode. “Eles são minha vida. Hoje a gente foi esperar no aeroporto e já viemos direto para cá”, revelou. O carinho é tamanho que batizou o próprio filho de Brown, em homenagem ao rapper.
Liniker, Rachel Reis e BaianaSystem
Antes de Mano Brown, Liniker apresentou a turnê Caju, consolidada como uma das melhores do ano, mesclando influências do pop, samba, jazz, reggae e pagode baiano, assim como no aclamado disco Indigo Borboleta Anil.
Rachel Reis também mostrou porque vem se consolidando no mercado musical. Em 2025, lançou o álbum Divina Casca, com 15 faixas autorais e participações de BaianaSystem, Don L, Rincon Sapiência, Psirico e Nêssa. A direção musical foi assinada por ela própria, em parceria com nomes como Barro, Guilherme Assis, Iuri Rio Branco, Marcelo de Lamare, Diogo Strausz, RDD e Tomaz Loureiro.
No show, além das novas faixas, relembrou sucessos que embalaram trilhas de novelas e séries, ressaltando a importância do BaianaSystem, que se apresentaria em seguida.
E quando subiram ao palco, os baianos não decepcionaram. O BaianaSystem incendiou a Arena das Dunas com sua mistura explosiva de guitarras, batidas eletrônicas e letras de crítica social. O show transformou o festival em um verdadeiro carnaval fora de época, com rodas de dança e o público em coro em faixas como Lucro e Sulamericano.
Um festival que vai além do local
Mais uma vez, o MADA mostrou que não é apenas um festival local. A presença de jornalistas nacionais e internacionais reforçou sua relevância. Entre eles, estava Ana Clara Ribeiro, repórter tocantinense radicada em Curitiba, que cobre música para sites como Pop Matters e Remezcla, ambos dos Estados Unidos.
Ela elogiou a programação e destacou o espaço dado à produção nordestina, sem deixar de lado artistas de outras regiões.

“A curadoria do festival está muito boa, adorei o foco nos artistas do Nordeste, mas também em nomes de todo o Brasil. São vários pensadores do pop e do hip hop atual. Está excelente”, afirmou Ana Clara Ribeiro.
A força potiguar no palco
Entre as atrações locais, o destaque foi Potyguara Bardo, que retornou aos palcos após uma pausa, em um show marcado por identidade visual e teatralidade. A artista relembrou que o MADA foi o primeiro palco de sua carreira.

“Foi incrível voltar aqui, por ser o primeiro show que fiz na minha vida”, disse, emocionada a Potyguara Bardo.
Potyguara também celebrou a evolução da cena local, citando o Baile da Amada como um dos pontos altos da noite. O projeto do potiguar Taj Ma House transformou a Arena em uma grande pista de dança, com brasilidades misturadas a batidas eletrônicas, marcando também o lançamento do novo EP, disponível nas plataformas desde 16 de outubro.
Celebração e pluralidade
O clima foi de celebração e diversidade. Estilos se cruzaram, mostrando a pluralidade da música brasileira contemporânea e confirmando mais uma vez o MADA como um dos festivais independentes mais importantes do país.
























