Antes da Mostra de Cinema de Gostoso, a capital do Rio Grande do Norte teve o seu próprio Festival de Cinema: o Fest Natal. Além disso, acontecendo uma vez por ano, o espaço era ideal para ver filmes locais e nacionais que não eram comuns nas telonas dos cinemas de rua da cidade e no Natal Shopping.
Em 1993, na sua sétima edição, por exemplo, exibiu os seguintes filmes: “Dias Melhores Virão”, de Cacá Diegues e “Leila Diniz”, de Luiz Carlos Barreto, que havia sido exibido em 1987.
Por falar no ano de 1987, este foi o primeiro ano do festival. A ideia veio do crítico de cinema da cidade, Valério Andrade e contou com apoio do Governo do Estado e Prefeitura do Natal. Além da exibição, o espaço recebia grandes artistas nacionais que vinham conversar sobre a sua carreira e receber homenagem dos artistas locais.
Começo
O 1º Festival de Cinema de Natal realizou-se, de 19 a 25 de outubro de 1987, no Auditório do Centro de Convenções de Natal. Foi tal o entusiasmo de todos os presentes que os membros do Júri de Premiação tiveram a ideia de apresentar uma Moção de Aplausos e Agradecimentos assinada por todos os que compareceram.
Antes da estreia, a primeira edição tinha como esperança principalmente para o retorno do turismo.
Os primeiros filmes do festival foram “A Fonte da Saudade”, de Marco Alteberg, “Ele, o Boto” e “A Guerra do Paraguai”. A exibição aconteceu no Centro de Convenções de Natal, na Via Costeira. Mas, antes, houve um coquetel de lançamento no Rio de Janeiro para promover o evento potiguar e contou com presença de atores de novela como José Lewgoy.
Foram entregues 16 troféus chamados de “Estelas do Mar” para os vencedores das categorias de melhores ator, atriz, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, melhor fotografia, melhor música, roteiro, montagem e direção artística. Além disso, tinha 11 troféus tributos para ator, atriz, crítico de cinema e diretor. Ainda tinha o “Prêmio da Crítica” para o o melhor filme.
Entre os atores que compareceram a primeira edição estão Carlos Vereza, Marco Nanini, Ney Latorraca e Bia Seidl. A foto acima do título deste post mostra um dos telões exibindo o filme do primeiro festival.
Edições posteriores e o que aconteceu
O espaço virou referência não só em cidades nordestinas, como no Brasil inteiro, fazendo com que o espaço fosse tão relevante quanto o tradicional Festival de Gramado. Porém, o desinteresse fez com que o Festnatal diminuísse a sua força.
O evento não está na ativa em Natal desde o ano de 2013, quando exibiu filmes na sede da Fiern e na Assembleia Legislativa.
Em notas para os jornais, Valério argumentou que a falta de apoio e de políticas públicas impediram para o festival continuar a ativa.
Em Natal, também por motivos políticos, a interrupção ocorreu em 1991. Foi a primeira das três interrupções em 24 anos. No alto da pirâmide dos primeiros sucessos do FestNatal, e elenco é estrelado por três nomes: Geraldo Melo, José Bezerra Marinho e Garibaldi Filho. Toda a parte administrativa ficou a cargo da Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo, cuja titular era José Bezerra Marinho, com o apoio da Fundação José Augusto (Woden Madruga) e da Emproturn (Ezequiel Ferreira de Souza).
No lado invisível do festival nas edições de 1987 e 1988, destacou-se a valiosíssima participação do Gustavo Dias Netto na secretaria da Indústria e Comercio, a quem coube a coordenação administrativa local, enquanto a minha área de ação era no Rio de Janeiro.
Duas décadas depois o Festival de Cinema continua dependendo, prioritariamente, do processo decisório da Prefeitura e do Governo do Estado, como, aliás, acontece com os demais festivais. No ano passado, o festival foi nocauteado pela ausência das participações municipal e estadual. Somente não saiu de cartaz por causa do patrocínio do Ministério da Cultura, garantido, assegurado, efetivado, pelo empenho pessoal do senador Garibaldi Filho.
disse Valério em sua coluna na Tribuna do Norte em 2011
Hoje, existem outros festivais de cinema que podem ser os filhos do FestNatal, como o Cine Verão, Goiamum, Mostra de Cinema de Gosto e a Mostra de Cinema de Baía Formosa.
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