Parnamirim é a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, competindo com Mossoró. Alguns nomeiam erroneamente como “o quintal da capital”, mas esse pensamento não é o meu, mas uma “zoeira”, (para todo mundo entender que é uma visão irônica), do grupo Caridea, que lançou recentemente o seu primeiro EP.
Intitulado de “Cidade do Só”, o disco da banda Caridea busca mostrar vivências amorosas, com desafios econômicos, sociais e culturais. Para eles, as suas canções são “tanto inspiração quanto denúncia”. O objetivo é mostrar que Parnamirim tem um pouquinho de emo.
Nascida na emblemática Casa do Rock, a banda emerge do contraste entre a calmaria suburbana e a inquietude urbana, misturando poesia crua e crítica social em um som visceral, bebendo da fonte do rock alternativo, do indie e do emo.
A banda já tem dois singles lançados com clipes: Cicatriz, que foi lançada em março de 2024 e Você, lançada em fevereiro de 2025. Também concorreram em importantes prêmios do RN como do Concurso de Bandas do Festival MPB 84 e recentemente receberam a indicação na categoria “revelação musical” do prêmio Hangar de Música.
Formação
O grupo tem a sua formação Mateus de Araújo (voz e baixo), Josué Netto (voz e guitarra), Hugo Dias Freitas (guitarra) e Maiakovski Pinheiro (bateria).
EP surgiu na residência artística
No EP Cidade do Só, fruto de residência artística na Sede Cultural DoSol, a Caridea apresenta Canindé. Ele é um personagem que sintetiza o jovem comum da periferia: atravessado por frustrações amorosas, limitações profissionais e a solidão. Ele é o retrato de uma juventude que sonha com mais, mas se vê presa em um cotidiano sem saída.
A narrativa do EP é uma imersão na rotina exaustiva e nos dilemas internos de Canindé, num espaço onde o tempo parece parado e as alternativas, sempre fora de alcance. Além disso, ao longo das faixas, a banda denuncia a ausência de políticas públicas, a rigidez de uma cidade militarizada e religiosa. Além disso, traz a sensação constante de impotência vivida por muitos jovens de Parnamirim — e de tantas outras cidades parecidas pelo Brasil.
Em “Contagem Regressiva Para o Desapontamento”, por exemplo, a banda lança um olhar sensível sobre o desgaste emocional causado pela pressão do trabalho e das relações líquidas. A música toca fundo em quem sente na pele a rotina esmagadora do sistema capitalista, ecoando experiências vividas pelos próprios integrantes da banda.
Com uma sonoridade marcada por intensidade e autenticidade, Caridea entrega em Cidade do Só não apenas um EP, mas um manifesto. Um retrato íntimo e coletivo feito de poesia, ritmos contagiantes e muito rock crustáceo.
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