Autor: Lara Paiva

  • Abril de 1975, a seca deixou 15 mil potiguares na miséria

    Abril de 1975, a seca deixou 15 mil potiguares na miséria

    A seca ainda é uma pedra no sapato, mas há 40 anos este era um assunto bastante recorrente nos jornais do Estado. Em primeira mão, o Brechando resgatou uma matéria publicada na Tribuna do Norte, em abril de 1975, que revela a situação alarmante da seca que atingia as regiões do Trairi e Agreste, no Rio Grande do Norte. 

    O texto, que denuncia o sofrimento da população e os esforços do governo para mitigar os efeitos da estimativa, descreve a luta de 15 mil pessoas, especialmente agricultores, que foram duramente afetados pela seca em várias cidades do estado.

    Imagem acima é meramente ilustrativa.

    Título da matéria da Tribuna do Norte

    De acordo com a matéria, as regiões do Trairi e Agreste , “compostas por 30 municípios, ficaram entre as mais afetadas, com 15 mil flagelados em 11 cidades. Além disso, o número incluiu agricultores que, devido à escassez de recursos, dependeram de alimentos doados pelo governo do Estado e pela Sudene”.

    Sem contar que a situação foi tão crítica que a estimativa de pessoas afetadas, contando dependentes diretos dos retirantes, chegou, portanto, a 70 mil.

    Situação de emergência

    A matéria detalha o esforço dos secretários de Segurança, coronel Pinheiro da Veiga, e do Interior e Justiça, Jorge Ivan Cascudo (ex-prefeito biônico), que, em conjunto com representantes da Sudene, organizaram a distribuição de mais de 140 toneladas de alimentos, como farinha de mandioca, feijão macassa, açúcar, e arroz, para aliviar os flagelados.

    As cidades mais atingidas foi Santo Antônio , Nova Cruz e São Paulo do Potengi, que receberam os primeiros lotes de alimentos. Municípios como Várzea, Passagem, Serrinha, Lagoa de Pedras e Monte das Gameleiras também receberam ajuda, mas também os números continuaram a crescer, com novos flagelados se juntando a essas cidades.

    Mais denúncia 

    O texto denuncia que, apesar de ações de segurança, as medidas adotadas não eram suficientes para evitar os problemas sociais e econômicos que começavam a surgir.

    A seca também atingiu a pecuária, com os pecuaristas enfrentando uma grave crise alimentar para seus rebanhos de gado bovino. Além disso, muitas alternativas buscaram, como a remoção dos animais para fora do estado, em uma tentativa de evitar a perda total dos rebanhos. Porém, além da falta de comida, o gado estava sendo afetado por doenças ainda desconhecidas.

    O aumento no preço dos alimentos também era uma preocupação crescente. Ainda mais, a matéria previa que, se a estimativa continuar, haja uma elevação de até 50% nos preços dos gêneros alimentícios de primeira necessidade, como feijão , arroz e carne bovina . Para ilustrar, o feijão Macassar passaria de 4 para 6 cruzeiros, o arroz de 5 para 7 cruzeiros, e a carne bovina de 17 para 22 cruzeiros o quilo.

     Confira a matéria completa, portanto, a seguir, com adaptações da nova ortografia: