Enquanto alguns lugares de lazer são noticiados cotidianamente pela falta de reparos e sendo alvo fácil para ações de violência, outros estão sendo disputados por tribos urbanas diferentes. Exemplo disso é a área que engloba o DED e o Presépio de Natal, no bairro de Candelária, zona Sul da capital potiguar. No último sábado (9), o espaço virou caso de polícia após os patinadores denunciarem um grupo de pessoas que estava fazendo os conhecidos rolezinhos.
Um rapaz até chegou a postar foto da abordagem policial e criticar a falta de espaços para poder sair em Natal. Enquanto os comentários estavam dividindo com aqueles que eram a favor do rolezinho com os discordantes, apoiando a atitude da PM.
Vamos recapitular, o DED e o Presépio de Natal eram lugares abandonados em Natal. O espaço foi inaugurado em 2006 e o projeto arquitetônico foi assinado por Oscar Niemayer. Na teoria deveria ser um local comercial, onde haveria lojas e outras atividades. Mas, por muito tempo, virou abrigo para os moradores de rua. Já o DED era um ginásio que estava abandonado e foi reinaugurado em 2014.
Nos últimos dois anos, os patinadores e skatistas utilizaram o chão liso e as paredes curvilíneas, característico de Niemayer, para fazer as suas manobras radicais. Todos os dias estão lá, faça chuva ou sol.
“Levamos dois anos para organizar o local e deixar agradável para a patinação. Agora o pessoal está se afastando por conta da bagunça “, disse Cristiano Alves, um dos patinadores frequentes do local e presidente da Associação dos Patinadores do Rio Grande do Norte.
A bagunça que ele se refere são aos rolezinhos, no qual ele alega que muitos vão ao local para brigar, consumir drogas ilícitas, além de botar carros de som em um volume bastante alto. “Eles estão marcando aos sábados. Mas esse tipo de atitude acaba por afastar as pessoas que vão à procura de um lugar sadio para se divertir”, contou Alves.
Afinal, os que são os rolezinhos? Rolezinho é o diminutivo da gíria “Rolé”. Com certeza você já ouviu a expressão “Dar um rolé”, no qual significa “sair para divertir”. Eles estão sendo programados a partir de redes sociais, reunindo centenas de jovens em um determinado espaço.
A maioria desses jovens vive nas periferias das cidades, onde vão lá para se encontrar, tirar fotos, paquerar e dentre outras coisas. Muitos eventos, todavia, viraram casos de polícia e o deste sábado também foi. Em Natal, muitos que vão aos encontros são moradores da zona Oeste e Norte.
De acordo com os frequentadores que frequentam estes rolés do DED, que não quiseram ser identificados, eles marcavam os encontros, inicialmente, no Midway Mall, porém foram impedidos pela segurança e resolveram mudar de local. Entretanto, esses rolés existem em outros lugares de Natal.
Enquanto alguns argumentam que os rolezinhos colocam em risco a segurança daqueles que frequentam ao DED, como arrastões e criação de pontos de venda de drogas por traficantes. Por outro lado leva o debate à estrutura social, como a galera de periferia estar impedida de ir para os lugares da zona Sul ou em shopping.
Tudo começou quando a galera do rolé começou a tocar funk e colocar o carro de som no meio da pista onde o pessoal pratica o esporte. Os patinadores, chateados, chamaram a polícia, no qual alguns alegaram que foi feita de forma truculenta e foi bastante seletiva na hora de inspecionar.
“A policia foi só para dispersar o pessoal que invadiu o espaço de patinação para dançar funk, porque estavam atrapalhando os patinadores. Todos os dias as atividades seguem normalmente, apesar de hoje ter diminuído o publico devida a bagunça de sábado”, contou Cristiano.
A briga por espaços urbanos mostra que os gestores públicos e privados deveriam se preocupar cada vez mais na criação de espaços de lazer em Natal, visto que alguns bairros de Natal estão carentes de praças, quadras, parques e até mesmo shoppings. Assim, menos problemas como esses aconteceriam.