Uma loja de quadrinhos que sempre tem uma história para contar

Uma loja de quadrinhos que sempre tem uma história para contar

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com participação de Carolina Paiva

Andar numa loja de quadrinhos é quase uma terapia. 1) Lembramos do início da adolência quando acabava a aula e ia para Reinos; 2) Opa, meus gostos pela leitura não mudaram muito; 3) Ótimo momento para colocar a leitura em dia; e 4) Jogar conversa fora. Eu fiz um pouco dos quatro na tarde desta sexta-feira (9), quando fui para HQz, a nova loja de quadrinhos existentes na cidade.

Na verdade, ela é quase nova, pois foi uma evolução da K-Ótica, que ficava do outro lado da rua. Me lembro da inauguração, que estava abarrotada de gente e resolvi fazer matéria para O Chaplin apenas uma semana depois.

A K-Ótica começou como um selo que surgiu no Deart (Departamento de Artes da UFRN), onde várias pessoas que queriam publicar quadrinhos se uniram. Então, postaram os seus trabalhos na internet, mais precisamente na extinta Revista Catorze. Hoje, muita coisa mudou.

Fui para lá após insistir bastante a minha irmã para sair do Midway, visto que ficava na Avenida Senador Salgado Filho. “Mas, Lara, a gente combinou de encontrar com a mamãe, não vai dar tempo”. Apostei que mainha chegaria às 14 horas e que dava tempo de bizolhar as publicações existentes. Será que ganhei a aposta?

Após atravessar a faixa de pedestre do cruzamento da Salgado Filho com a Bernardo Vieira, no sol quente das 13 horas, chegamos lá. Indo para HQz, queria saber se tinha a mesma vibe da antiga, onde funcionava uma escola e editora de quadrinhos potiguares. Mas, as coisas deram um looping, visto que houveram muitas mudanças, como a saída de alguns quadrinistas e o fim da escola.

Ao adentrar na loja vimos algumas marcas, como o Batman de papelão nos recepcionando e o Marcos Guerra, o dono da loja/quadrinista/gerente/jogador de RPG, sendo simpático e recebendo de braços abertos.

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– Mas, e aí a editora está funcionando?

– Ele está sim, com o nome K-Ótica, porém quando mudei a loja de lugar, resolvi também mudar de nome para que as pessoas entendam de uma vez que era uma loja de quadrinhos. Um dia antes de fechar a antiga loja veio uma senhorinha que viu o nome e o Batman na porta e disse: “Vocês vendem óculos infantil, é? E do Batman?”. Foi então que decidi esta mudança.

Os reparos demoraram um mês e os frequentadores ainda estão lá lendo quadrinhos, puxando papo com Guerra e comprando. Durante uma hora que estivemos por lá, eu e minha irmã falamos de todos os assuntos possíveis e impossíveis.

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Foi lá que li os hqs, vi o esboço do Auto da Catingueira, quadrinho que fez junto com Edinara Medeiros está previsto para ser lançado no próximo mês. “Queria muito que fosse lançado para dezembro, mas a mudança da loja tomou bastante meu tempo. Além disso, o trabalho está passando pelo crivo da produtora do Elomar”, lamentou.

O Auto da Catingueira é uma ópera nordestina, lançada como disco nos anos 80, de autoria de Elomar Figueira Mello. Eles realizaram uma campanha pelo Catarse e conseguiram o dinheiro para realizar o trabalho. Enquanto eu lia, o Guerra fez questão de colocar o CD para a gente escutar.

Além disso, o HQ do Auto da Catingueira foi usado como Trabalho de Conclusão de Curso de Edinara, que recentemente apresentou para terminar a graduação de Design.

img_0273Enquanto isso, Carol, a minha irmã, estava paquerando os mangás e tentando “fugir do seu lado Otaku (nome para fãs de anime e mangá)”. Mas, mesmo assim ela comprou dois, por coincidência no dia ela ainda comprou um copo de Star Wars. Somos bem nerds mesmo. Foi então que começamos a falar do filme e do spoiler que sem querer contei à ela sobre Kylo Ren.

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“Eu tenho uma teoria sobre Kylo Ren. Acho que foi criado como uma forma de criticar os fanboys de Darth Vader, pois acha que ser vilão é legal. Todo mundo gosta e venera o Anakin Skywalker, mas todos odiaram o vilão do novo filme de Star Wars. No filme, o Kylo é um puxa-saco de Darth Vader e quer ser igual a ele, que chega a ser chato, assim como qualquer fã obcecado. Mas, as pessoas não gostaram, porque não querem se ver”.

“Pode crer”, eu e Carol gritamos.

Depois disso, eu fiz outras perguntas sobre o fim da escola de quadrinhos. “A escola funcionava no sábados, mas não estava conseguindo conciliar em dar aulas e gerenciar uma loja ao mesmo tempo”, justificou.

Sobre as obras na HQz, além das HQ’s da Marvel e DC Comics e as obras criadas pelos quadrinistas potiguares, eles vendem mangás e trabalhos de outros artistas brasileiros. Eles vendem tanto publicações inéditas, aquelas vindas direto da distribuidora, quanto de colecionadores que resolveram desapegar.

– Eita são 14 horas, será que mainha já chegou? – minha irmã perguntou.

Fui ligar para ela, no qual respondeu que ainda estava saindo do trabalho. Então toda contente falei: “Eu ganhei a aposta”. Então, resolvemos pagar os mangás e de volta ao Midway, mas com uma história para contar.

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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