[CRÔNICA] Mãe, eu fiz uma nova tatuagem

[CRÔNICA] Mãe, eu fiz uma nova tatuagem

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Pois é, mainha, eu fiz uma outra tatuagem e ela é bem grandona, como você está vendo na foto acima, maior que aquela das minhas costas, acho que você não vai gostar muito, porém, a senhora se acostuma, como muitos pais. Minha mãe é para frente, um pouco feminista e sempre valoriza as suas filhas para “Run The World”, mas ela odeia modificações corporais. O seu cabelo é sempre o mesmo, variando em tamanhos mais curtos ou mais longos de seu impecável chanel. A maquiagem tem que ser a mais simples possível, as sombras só são usadas quando vai para festas. No cotidiano é um conjunto de rímel, batom e pele. Nada muda. Mas, isso não quer dizer que ela tem a sua própria beleza por não gostar de body modification.

Compreendo, tem pessoas que gostam de tudo sobrecontrole. Mamãe é uma delas.

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Eu sou inconstante, já deixei o cabelo com todos os cumprimentos possíveis e impossíveis. A cor do meu cabelo também. Tudo começou quando eu queria ser a Penélope do Castelo Rá-Tim-Bum,  e veja só, hoje somos até mesmo parceiras de profissões.

Agora está um verde levemente desbotado enquanto escrevo e espero que chegue minha tinta de colorir cabelo que comprei no estrangeiro. Desde pequena eu a enlouquecia com a ideia de ter piercings e tatuagens. Carla Perez desfilando nos programas de televisão com o seu piercing no umbigo, influenciou um monte de meninas. Mas, na verdade, comigo, achei um máximo quando a filha do chefe do meu pai tinha o mesmo, sem contar que nesta época começava a assistir a MTV, minha primeira inspiração de piercing, e acabei colocando um em setembro do ano passado.

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O tempo da minha adolescência chegou e as modificações corporais também. Tudo começou com papel crepom vermelho no cabelo, depois um brinco na região da cartilagem (depois trocado por um piercing) e, finalmente, o piercing no nariz. Os dois piercings citados ainda estão comigo e isto nunca modificou minha personalidade. Nem aquele meu cabelo azul, que todos insistiam para que pintasse de volta de preto.

Mainha vai me chamar de tapete persa, mas ela vai se acostumar (eu espero!) com mais uma das minhas artimanhas. mas, mamãe não brigou comigo quando fiz o segundo furo no lóbulo da orelha, pelo contrário, me questionou por eu não ter feito antes, apesar dela ter ficado bastante chateada quando soube que peguei um brinco pontiagudo para realizar este trabalho. Que coisa louca e ao mesmo contraditória!

As tatuagens vêm e vão, mas ela sabe que essas obras de arte fazem parte da minha vida. As flores espalhadas pelo meu corpo são o jardim que construo, para apaziguar e dissipar o caos. A arte pode ser manifestada de diversas formas: na pele, nas paredes, livros, quadros e até mesmo em textos. O Brechando surgiu em nome das minhas inconstâncias e, como minha vida, pode mudar em um piscar de olhos.

Mainha, desculpa, por não conseguir manter o corpo sem se modificar em menos de um ano. Mas tatuagem é tão legal, principalmente quando você deixa como obra de arte. Prometo que não colocarei nome de filho/namorado/marido em mim, pois até que tenho juízo.

Somos diferentes. Você gosta das coisas controladas. Enquanto eu sou o descontrole em pessoa. Muito obrigada, por mostrar que a gente pode ser o que quiser.

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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