O dia que vi o Michel Temer

O dia que vi o Michel Temer

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Após a prisão de Michel Temer pela operação Lava-Jato, relembrei de uma matéria que fiz no início da carreira para o Nominuto e estou corrigindo os meus erros de principiante.

O Temer, na época, era o então convidado para o evento que comemoraria em Natal, na sede social do América Futebol Clube, o centenário de Ulysses Guimarães, um ex-deputado que foi um dos autores da Constituição de 1988 e foi morto após um acidente aéreo, onde seu corpo nunca foi encontrado.

A única coisa que sabia dos Alves era através do pouco que falava da história do RN e o que meu avô materno gostava, visto que ele era Bacurau (apoiador da família Alves era chamado assim pelos oponentes) e queria que o Arena explodisse.

Além disso, o evento era uma forma de divulgar a campanha de Hermano Morais, hoje deputado estadual e estava tentando se candidatar à prefeito de Natal, numa época que todo mundo queria ser salvação após os quatro anos de desastre de Micarla De Sousa. O principal concorrente de Hermano era o Carlos Eduardo Alves, que na época era ex-prefeito e estava longe da política.

A única matéria das 17272828 que eu fiz neste dia que aparece no buscador está aqui

Nesse período os jornais estavam polvorosos, pois tanto Morais quanto Carlos Eduardo trocavam ofensas um ao outro publicamente, chegando até quase entrar na porrada em um dos debates políticos. Então, todos queriam saber a opinião do Temer, que além de ser o vice-presidente da República, ele era o líder do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o então PMDB. Da assessoria aos repórteres, todos queriam uma opinião do Michel Temer sobre essa brigarada toda, ninguém ligava para o Ulyssses.

Na mesma época Temer era muito aliado aos primos de Carlos Eduardo Alves, Henrique e Garibaldi, onde no evento ficou o tempo todo acompanhado dos dois.

Enquanto isso eu ficava o tempo todo no carro, eu estava maracutando sobre coisas que eu poderia perguntar o Temer a partir das minhas dúvidas sobre política e o pouco que sabia que a então gestão de Dilma Rousseff estava realizando sobre o Rio Grande do Norte como o todo. Me lembro que meu caderno tinha umas 10 perguntas.

Aquele sábado foi bastante agitado, pois queriam matérias de minuto a minuto sobre o evento e tinha que prestar atenção em todas as aspas de cada político, pois saberia que iria ser polêmica na certa no dia seguinte.

Essas matérias de minuto a minuto eram escritas via notebook, eu escrevia, postava e os editores depois passavam as suas revisões. Ainda tinha o fotógrafo, o César, que não tava muito feliz de ver os políticos naquele sábado quente feito inferno, onde a cada intervalo de fala era ao som da lambadinha da campanha dos Alves nos anos 80.

Na época eu queria mostrar preparo, principalmente se fosse chamada para os jornais maiores e queria porque queria mostrar que estava preparada para entrevistar o Temer.

Michel Temer era um senhor de idade, no qual eu era quase da altura dele usando meu salto alto e estava acompanhado de Henrique, Garibaldi e suas respectivas esposas, mantinha aquela cara de vampiro, conhecida nos memes, sem alguma expressão e nem soltar piada soltava. Rapidamente, ele foi ao palco do comício, que durou umas duas horas e falou um pouco da política de Ulyssses Guimarães. Se você viu nas fotos ou aquele ator imitando Temer na Paraíso do Tuiuti de 2018, a diferença para o Temer real é praticamente nenhuma.

Após a coletiva, ele só concedeu uma entrevista, pois os outros políticos na época o convenceram que aquilo era o melhor caminho. Então hora de soltar as minhas 10 perguntas de uma vez, estava com o gravador na mão e tudo. Nada, havia uma repórter de política bem famosa na cidade que não deixou ninguém perguntar, muito menos ao correspondente do Uol para essa matéria.

Todo mundo teve que ver a senhora Ruth fazendo o seu show de perguntas e não deixando ninguém perguntar, para a tristeza dos outros repórteres, quando ela acabou, o Temer rapidamente se escondeu no América e nunca mais foi visto, depois os políticos foram todos fazer aquela famosa carreata.

Agora depois desses quase 7 anos, eu teria atropelado a senhora Ruth e teria perguntando sobre melhorias na constituição com Ulysses até chegar na parte de que formas o Governo Federal poderá participar na gestão municipal, além de ter tido umas perguntas confronto para aquela época, pois era o início da Revolta do Busão que futuramente surgiria os protestos de 2013 que depois dividiram o Brasil entre coxinhas e petralhas.

Assim nascendo o famoso impeachment de Dilma Rousseff e o surgimento da direita no Brasil. Era o começo de tudo.

Infelizmente só fiz uma matéria resumindo apenas o que aconteceu naquele dia e não aprofundei nos maiores detalhes. Mas fica a lição para as próximas matérias.

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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