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Como foi a festa da vitória após as Eleições 2022

segundo turno

Estou escrevendo este texto um dia depois do segundo turno, porque estou tentando assimilar o verdadeiro carnaval que aconteceu na madrugada deste domingo para segunda-feira. Falando assim, parece que estou criticando, mas não estou. Pelo contrário, estou surpresa com a empolgação daquelas pessoas que poderiam ficar em casa para descansar para se preparar para trabalhar, mas os jovens, cuja maioria eram da chamada Geração X (nascidos entre os anos 80 e 90) e Geração Z (nascidos nos anos 2000), estavam comemorando aliviados a vitória de um candidato que era o favorito deles.

Era uma forma de aliviar a tensão de todos esses quatro anos que tivemos de incertezas para as pessoas que eram jovens. A reforma trabalhista e da previdência, por exemplo, fez com que muitos jovens tivessem incertezas se conseguiriam conquistar direitos que estão na Constituição Federal, como FGTS e uma aposentadoria. Além disso, a pandemia fez com que a Gestão Federal ignorasse os apelos de compra de vacina, abrir os hospitais militares para a comunidade e ouvir barbaridades ao debochar dos doentes com Covid-19. Sem contar o sucateamento das universidades públicas, que virou o verdadeiro bode expiatório. 

E, mesmo assim,  quase a metade da população votou na atual gestão para continuar. E foi isso a tensão durante todo o domingo, pois todos tínhamos medo do pior, além do aumento de noticiários sobre a violência entre os partidários. Mas, eu resolvi seguir em frente e falar como foi meu segundo turno.

Não consegui dormir

A semana que procedeu o segundo turno das eleições, visto que eu peguei uma das piores crises alérgicas, no qual se transformou em bronquite, onde tive que ficar praticamente descansando e tomando antibiótico até obter uma melhora. Toda noite era uma agonia diferente, pois as pesquisas se diferenciavam bastante. Sem contar que as constantes cortinas de fumaças me deixavam assustada de onde o conservadorismo poderia chegar, como o caso de Roberto Jefferson. Sim, um dos motivos que não votei no Jair Bolsonaro é pelo fato de não acreditar que a liberação de armas vai poder acabar com a violência urbana e muito menos a proteção de patrimônio privado.  Sem contar que a quantidade de bandeiras do Brasil penduradas nos prédios me deixava bem pessimista, principalmente por estudar o conservadorismo potiguar ser algo bem forte.

Ainda tinha que ouvir barbaridades sobre o fantasma do comunismo de conhecidos próximos. Mas, comecei a ficar mais otimista após o debate presidencial que aconteceu na quinta-feira, onde jornalistas e analistas políticos que não são de esquerda comentaram sobre a sensatez de Luís Inácio Lula da Silva durante os cinco blocos do programa promovido pela Rede Globo.  Na manhã seguinte, comecei a ver mais toalhas vermelhas penduradas na varada e começando a ter aquele contraste que uma boa democracia deveria ter. 

Wake up, it’s time

A manhã de 30 de novembro foi bem calorosa, no sentindo da cidade está muito quente. Não consegui dormir bem na semana por conta das dores de garganta e tosse, além da ansiedade de votar e o sábado para domingo a ansiedade estava em alta. Como resultado, acordei às 06 da manhã e comecei a criar uma rotina para mim. Então, foi nessa hora que tive a ideia de gravar tudo que iria fazer neste dia. Desde me arrumar até o resultado da apuração e isso me ajudou a ficar focada e ficar menos nervosa.  O vídeo, em questão, está no final deste post. 

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Da apuração para a festa

Seria óbvio demais falar que a apuração demais foi tensa, durante a cada minuto uma promessa diferente era dita por mim e amigos que resolvemos se juntar na sala para assistir comentário por comentário. Todos queriam saber se iria dar certo, visto que houve uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que atrapalhou a votação de muitas pessoas e muitos viram isso como o uso ilegal do aparato público.  Além disso, muitos colegas afirmaram que os ônibus públicos estavam com a linha reduzida e tiveram que se virar para pagar táxi ou uber para exercer o seu direito de cidadão. 

Da metade das urnas apuradas em diante, o candidato Lula virou o jogo e ficou na primeira colocação. Agora, os fogos começaram a ser disparados na vizinhança, além de ter gritado muito, mesmo com a garganta prejudicada. Além disso, os xingamentos mais variados contra o atual presidente surgiram. Era normal ouvir algo como: “Vai se lascar, filho de rapariga’. Outros berrando o Lula ou acreditando na virada. Mas, quando a apuração chegou aos 90% a angústia voltou, porque estava demorando e a diferença entre os dois era de apenas dois por cento, quase em 2014, quando Dilma Rousseff venceu Aécio Neves. 

“Meu Deus, eles vão querer fazer um golpe, igual em 2014”, uma das minhas amigas comentaram. E eu disse ser difícil.  O nosso alívio cômico foi o jeito de William Bonner ter apresentado e não escondeu a alegria do fim das Eleições 2022. 

“Vai Bonner, anuncia quem é o novo presidente do Brasil”, todos pensaram. 

Finalmente, soubemos quem era o presidente

Quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fechou as urnas e disse que Lula foi eleito, o pulo do sofá e das cadeiras foi imediato. Nós beijamos, abraçamos e gritando finalmente os quatro anos de conservadorismo e megalomania acabaram, ouvíamos fogos, gente na varanda balançando a bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT) e gente xingando muito o Bolsonaro. Nesta hora, os carros de sons começaram a tocar, parecendo que um novo carnaval tinha surgido. O clima era totalmente diferente daquele evento que dei PT.  Ao invés do clima pesado, as pessoas estavam felizes, sorrindo e loucos para beber como se fosse um carnaval. 

E foi…Por isso, resolvi ir para Ponta Negra para comemorar e entender o clima. 

A festa

Não era nem 21 horas quando começou. A galera nem esperou o discurso de Lula após eleito para começar a festa. Para chegar no Ponto 7, onde as pessoas iriam se encontrar para comemorar, tinha que passar pela avenida Engenheiro Roberto Freire, que estava cheio de eleitores hasteando toalhas, bandeiras vermelha, cantando as músicas de Juliano Madeirada e fazendo o “L” quando via outro eleitor. Nem parecia Natal, que estava empolgada e os gritos mais comuns era de “GANHAMOS”.  Era tanta gente, que eu tive que pegar atalho para poder estacionar menos longe possível no local. 

Juliano Madeirada é o compositor do hit “Tá na hora do Jair embora”, que tocava em looping na festa e se o carnaval fosse hoje era o hit da festa, inclusive foi a música mais escutada no Spotify no domingo (30).  A música, por sinal, está grudada feito um chiclete. 

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Ao estacionar, eu vi um mar de gente de vermelho andando e dançando antes de chegar no local da festa. Gente com seus coolers de cerveja estavam apostos e alguns, mais ousados, resolveram comemorar na calçada de casa e gritando “Lula venceu”. De vez em quando aparecia um eleitor de Bolsonaro andando devagar ou troncho, porém eram rapidamente ignorados. A festa foi intensa, parecia estar comemorando o carnaval fora de época. Teve até bloquinho saindo da Praça do Gringo’s até o Ponto 7 cantando músicas de carnaval, gente fantasiada e gritando o tradicional “Olê, Olê, Olá, Lula, Lula…”. 

Não dava para ficar parado

Meus pés se moviam o tempo todo, queria dançar e alternara entre água e refrigerante.  A sensação durante toda a festa foi de surpresa que isso realmente aconteceu, aliviados porque tem agora uma esperança de uma gestão mais progressista por conta dos dois mandatos anteriores do presidente eleito e, ainda por cima, foi momento para reencontrar velhas e conhecidas pessoas que não via a tempo por conta da pandemia que culminou em quase dois anos de isolamento. 

Tinha horas que não sabia se era carnaval, ano novo ou vitória do Lula, porque de um lado tinha gente fazendo bloquinho, outros soltando queima de fogos e ainda uma parte já estava discutindo os Ministérios já no meio da festa enquanto tocava músicas de artistas que eram contra a Ditadura Militar, como Belchior, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e dentre outros. 

Também era motivo de fazer as pazes e uma das poucas vezes que senti abraços verdadeiros das pessoas que apertavam bastante a medida que a noite avançara.  E não ligavam em andar um ou dois quilômetros para comer no MC Donald’s, ou ir para Praça do Gringo’s. As pessoas queriam era realmente colocar o bloco na rua.  Era início da madrugada quando resolvi sair, mas até a fila do Drive-Thru do Méqui estava em festa e não importava ficar mais 20 minutinhos ou 30 esperando comida de fast food, o importante é que o homem venceu. 

Veja minha rotina do segundo turno no domingo

Confira as fotos da festa de comemoração de Lula

Eleições 2022

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