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Mesmo temendo, votei vestida a favor dos candidatos anti-Bolsonaro

“Coloque uma roupa neutra, mulher”, acho que era o pensamento de quase todas as pessoas que queriam sair vestida a favor de pessoas anti-Bolsonaro, independente de quem fosse o candidato. A única vez que vi este temor foi quando vi filmes e livros que retratam sobre a Ditadura Militar. Como já dizia Chico Buarque: “Minha gente olhando para o chão”. Em contrapartida, pensara como Caetano: “Não devemos temer a morte”. Apesar de muitas dúvidas, fui com meu kit eleitora e representei a minha preferência pelo Partido dos Trabalhadores, o PT.

Desde 2015 eu enfatizo que este blog vai falar de causas consideradas de esquerda, como o feminismo, casamento igualitário, aborto seguro, legalização das drogas, combate ao racismo e a luta por uma educação pública e de qualidade. E, por discordar completamente da atual gestão, me identifiquei com as propostas que foram fornecidas por Luís Inácio Lula da Silva.  

Sem contar que aqueles protestos malucos de 2013 (arrependimentos!) me fizeram identificar que aquele pessoal anti-PT não me representa, por apoiar atitudes preconceituosas e impedem a igualdade social. Nunca passei pano para o PT, mas esta eleição é para acabar com pessoas que usam o Executivo para espalhar o ódio e resolvi ir vestida, além de acabar com o devaneio de uma invasão a esquerda que nunca existiu, visto que o país é naturalmente conservador.

Será que tive medo? Claro! Mas vou relatar a seguir.  

Como foi sair de casa vestida anti-Bolsonaro?

Na sexta-feira, eu discordei do professor Rodrigo Parron para ir de cor neutra para votar, sob o argumento de que fazendo essa atitude seria o alimento para continuar com o Bolsonarismo e enfatizar o que houve há mais de 50 anos quando instalaram o AI-5, em que pessoas ficavam caladas com medo de serem torturadas e esperando um milagre para que o governo caísse. 

Falei da aula mas não especifiquei o que estudo. Estou no último semestre de Publicidade e Propaganda da UFRN e tenho aulas na sexta-feira com o professor. E antes de terminar, ele disse este assunto. 

Acordei numa manhã ensolarada, o céu estava bonito e nem parecia que estava ansiosa no dia anterior por outros fatores. Então, tomei um café da manhã, tomei um banho e fui botar uma roupa. Peguei minha camiseta a favor do PT feita por Vítor Bezerra, o artista visual e que para as eleições customizou camisetas a favor do partido. Além disso, coloquei uma maquiagem vermelha, mais cheguei possível e finalizei os meus cachos da melhor forma possível, coloquei uma saia confortável e fui com a toalha com o rosto do ex-presidente. Quando cheguei na minha cabine de votação, rapidamente vi os bolsonaristas fazendo barulho, fazendo questão de mostrar que eles votariam no dito cujo, o verde e amarelo predominantemente. 

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Já a trupe de vermelho estava mais discreta, com adesivos de seus candidatos no peito e, por fim, tentando decifrar com os olhos quem estava do lado deles. Um ou outro teimaram em ficar vestida de anti-Bolsonaro. Alguns fazendo um L tímido, outros dando sorrisos. Alguns usando a toalha para afastar o sol quente.  Ao adentrar no local onde votaria, a única coisa que percebi que passaria longos minutos. 

Ficou com medo de apanhar?

Obviamente fiquei, mas como sou atrevida, queria pagar para ver. Mas, a única agressão que eu ouvi, pois estava já na minha sala de votação foi quando um Bolsonarista preferencial brigou com uma mulher petista também preferencial e falando frases machistas para cima da mesma. Porém, o mesário conseguiu acalmar os ânimos e o eleitor saiu aos berros. Quando acabei de voltar, ainda tinha o cochicho sobre esta situação, que, de fato, era bem vergonha alheia. 

As pessoas estiveram com medo?

Obviamente que sim, pois havia chances reais de acontecer alguma agressão por conta dos ânimos. Você via essa expressão principalmente em pessoas mais jovens que estavam indo votar, mas as coisas foram se acalmando quando houve um fato que uniu todos os grupos: a demora para votar. Neste ano, o TRE mudou mais de 200 locais de votação, sendo que uma parte ficou concentrada em colégios e universidades particulares de grande porte.  O meu local de votação foi um desses espaços

O local de votação 

Independente de sua posição política, a reclamação era uma só: que demora essa fila! Não era por menos, pois além de ter aumentado a quantidade de eleitores, o número de pessoas para votar seguia o mesmo fluxo. Tinha que decorar quatro números para federal, cinco para estadual, três para senador e dois para cada cargo do Executivo (Presidente e Governador). Então, botando a calculadora para funcionar, as pessoas tinham 16 números embaralhados na mente. E, às vezes, a colinha não dava jeito. 

Eu cheguei às 13 horas no local de votação. Mas somente votei por volta das 15 horas, onde a fila estava desorganizada, ora não sabia se era fila única ou não. Até uma pessoa me relatar que a fila foi “quebrada” da minha seção, pois o pessoal queria fugir do sol. E a toalhinha me ajudou a se proteger do sol, além das cadeiras de plásticos que alguns trouxeram no local. Pode ter demorado, mas as pessoas estavam preparadas para qualquer tipo de caos. 

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Após o meu voto, eu só queria uma única coisa: almoçar e esquecer por alguns minutos as eleições gerais. 

E o look vestida anti-Bolsonaro?

Como vocês estão vendo na galeria, eu realmente fui bem basiquinha (só que não), onde coloquei sombra vermelha no meu rosto, uma camiseta mostrando mensagem de apoio ao Lula e, também, a toalhinha com o rosto, que foi a sensação das Eleições 2022, onde mostra que foi uma ótima maneira de analisar como está os ânimos na rua. Furar a bolha além das pesquisas, algo que no segundo turno será um contra-argumento muito utilizado. 

E eu vou continuar com esse look vestida anti-Bolsonaro no segundo turno. 

Conclusão

Se manifestam politicamente, mesmo que a tendência seja de ânimos mais quentes. Nas redes sociais, conversando com os vizinhos e parentes e, o mais importante, falar nas ruas. Como o Criolo já dizia: “Os graffitis gritam”.

Agora é mostrar a importância de ter um país que respeite os idosos, os indígenas, LGBTQIA+, as religiões e entre outros assuntos. Crescemos ouvindo que somos um país cheio de pluralidade, porém devemos colocar isso na prática. As abstenções vão ser de suma importância, pois aqueles que desistiram de votar no primeiro turno, independente do motivo, serão a força-motriz para saber se querem seguir o que está acontecendo nos quatro anos ou não. 

E vamos, portanto, para mais 20 dias. 

Eleições 2022

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