Quem foi o Capitão-Mor Gouveia?

Quem foi o Capitão-Mor Gouveia?

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A gente já falou de uma das avenidas mais movimentadas na cidade: A Avenida Capitão-Mor Gouveia, também conhecida pelos natalenses como Mor-Gouveia, no qual é divida ao meio pelo Centro Administrativo e Arena das Dunas parecendo com que tenha duas do mesmo nome. Mas, a curiosidade, obviamente, nunca parou por aí. Afinal, quem foi o Capitão-Mor Gouveia? Qual a sua contribuição para o Rio Grande do Norte? Existe alguma biografia sobre ele?

Para quem não sabe, o termo Capitão-Mor era designado para cada um dos oficiais militares, responsáveis pelo comando das tropas de Ordenança em cada cidade, vila ou concelho (escrito assim mesmo) de Portugal, entre os séculos XVI e XIX. A designação foi também aplicada a outras funções militares e administrativas na Marinha e no Ultramar Português. Foi uma designação de uso corrente no Brasil na época colonial. O cargo de Capitão-Mor do Mar foi criado, em 1373, pelo Rei D. Fernando I para complementar o Almirante de Portugal no comando da Marinha Portuguesa.

No Brasil, este termo ficou conhecido por aqueles que administravam as capitanias hereditária em um período que as terras brasileiras não eram divididas por regiões e estados.

A Capitania do Rio Grande constituiu o segundo lote doado a João de Barros e a Aires da Cunha. Em 1535 vieram ocupar as terras, acompanhado também por Fernão Álvares de Andrade. Tendo o empreendimento de ambos sido direcionado ao primeiro lote (a Capitania do Maranhão), devido às dificuldades ali encontradas em 1535, este segundo lote permaneceu abandonado.

Após a primeira tentativa fracassada de colonização, em 1555 houve outra sendo também mal sucedida. A presença francesa na costa da capitania, aliado aos grupos indígenas locais, dificultaram o desenvolvimento português na região.Em 1597 ocorreu a terceira tentativa de colonização das terras potiguares, ordenada por D. Francisco de Souza, fidalgo lusitano então Governador Geral do Brasil, em definitivo onde em 1598 estabeleceu-se a Fortaleza dos Reis e, em 1599 seria a Cidade de Natal. Ao fim do século XVI, já no contexto da Dinastia Filipina (1580-1640), para conter a ameaça dos contrabandistas franceses de pau-brasil naquele litoral, Filipe II de Espanha ordenou ao capitão Alexandre de Moura, que, com o auxílio do Capitão-mor da Capitania da Paraíba, Feliciano Coelho de Carvalho, seguissem para o Rio Grande, para estabelecer uma colônia e um forte, e dar combate aos franceses, ali associados com os potiguaras (1597).

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A foz do rio Potengi foi alcançada pelo capitão-mor da Capitania de Pernambuco, Manuel de Mascarenhas Homem. O Feliciano Coelho de Carvalho uniu-se ao Mascarenhas Homem em abril do ano seguinte (1598), e em junho ambos retornaram a Pernambuco, deixando os trabalhos da fortaleza e povoação nascentes a cargo de Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618). Em 25 de dezembro de 1598 foi inaugurada a Igreja Matriz da povoação fundada a cerca de três quilômetros da barra, que passou a ser denominada povoação do Natal.

Subordinada ao governo-geral do Estado do Brasil, a capitania do Rio Grande ficou subordinada à Capitania de Pernambuco a partir de 1701.

Pelo Aviso de 7 de outubro de 1807 a Coroa portuguesa solicitou ao governador do Rio Grande do Norte, tenente-coronel José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, informações do que convinha fazer para a defesa daquela capitania. A resposta, em um detalhado memorial, acarretou na construção de diversas fortificações ligeiras, erguidas no ano seguinte (1808), concomitantes com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil no contexto da Guerra Peninsular.

Com a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves (1815), passou à categoria de província. Envolveu-se na Revolução Pernambucana (1817), instalando-se uma junta de governo provisório em Natal. Com a Proclamação da República Brasileira (1889), transformou-se em estado. No entanto, não conseguimos encontrar quem foi realmente o Capitão-Mor Gouveia.

O único Gouveia que chega mais perto é o Francisco de Gouveia Cunha Barreto, nomeado por carta imperial de 25 de fevereiro de 1882 a 13 de abril de 1882, para ser o presidente da província do Rio Grande no Brasil Imperial e faleceu 10 anos depois de ter deixado o cargo. Foi ele que instalou a primeira sessão ordinária da Assembleia Legislativa Provincial do Rio Grande do Norte.

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Uma das histórias que questiona o Brasil é se o nome verdadeiro de Pedro Álvares Cabral seja realmente Pedro Álvares de Gouveia. De acordo com a revista Mundo Estranho, alguns pesquisadores levantaram essa polêmica do sobrenome na década de 1990. Para eles, havia duas evidências de que Pedro Álvares chamava-se Gouveia e não Cabral. Primeira evidência: em três documentos publicados entre 1497 e 1500, o rei de Portugal se refere ao descobridor como “Pedro Álvares Gouveia”. Segunda evidência: de acordo com as regras genealógicas da época, apenas o filho mais velho poderia usar o sobrenome do pai.

Alguns historiadores, todavia, mostraram que a história não era bem essa. “Naquele tempo, o nome da família do pai não era dado apenas aos primogênitos, como se pode ver em muitos exemplos práticos. Além disso, o nome Pedro Álvares Cabral já havia sido mencionado antes, em um documento de 1484”, afirma o historiador português José Manuel Garcia, da Academia de Marinha de Portugal.

 

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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