Pais, obrigada por deixar brincar com Max Steel

Pais, obrigada por deixar brincar com Max Steel

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Esse é o Max Steel que eu e minha irmã ganhamos no Natal quando éramos crianças. Por sinal, a gente ganhou no Dia das Crianças. Nós guardamos e adoramos lhe usar como exemplo. A gente tinha que dividir tudo, inclusive os brinquedos. A gente achava o máximo, pois ele era forte, tinha trenó, armas e era bem bonito (imaginação de criança, não é?). Mas, sempre tinha umas mães metidas que perguntava à minha: Por que comprava de brinquedo de “meninos” para as filhas? Ainda tinha a seguinte pergunta: Tem medo das suas filhas ficarem confusas?

Muitos acham que a menina tem que brincar de boneca e instrumentos de cozinha para que aprenda ser uma dona de casa e boa mãe. Porém, é estranho ter esse pensamento machista, enquanto eu vejo meu pai, atualmente, está ajudando nas atividades domésticas, como lavando a louça e passando pano pela casa.  Além disso, muitos homens estão ajudando as suas esposas a trocar fralda ou dar um banho enquanto as mães estão muito atarefadas.

Para essas mães machistas:

  1. Brincar de carrinho não me fez gay/lésbica/trans. Além disso, me ajudou a respeitar que todas as pessoas podem ser o que quiser, inclusive ser LGBT. Pare de exigir que as pessoas pensem numa determinada caixinha.
  2. Qualquer brinquedo ajuda no desenvolvimento cognitivo das crianças
  3. Ser homem e ser mulher vem da pessoa e não dos brinquedos

Nem minha mãe e muito menos meus pais ignoravam isso. Afinal, brinquedo são brinquedos. Recentemente, uma shopping da cidade fez um espaço lúdico para as crianças brincarem no dia das Crianças, sendo que dividiu o espaço entre meninos e meninas. Isso lembrou de uma vez que quando fui viajar e pedi um Mc Lanche Feliz. Eu queria o brinquedo do Transformers ao invés da Moranguinho e a atendente não quis me dá, pois era um brinquedo de menino.

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Hoje, eu decoro meu quarto com action figures, que são brinquedos colecionáveis. Recentemente, uma das linhas do Mc Donald’s tinha o Super Mario e a Barbie como o tema. Então, o cliente tinha que escolher se queria o Mario ou a Barbie. Lembro muito bem do diálogo, que foi festa forma:

– Eu quero um Mc Lanche Feliz, sem piches e cebola!

– E o Brinquedo?

– Quero o Mário!

– Mas tem a Barbie!

– Eu quero o Mário

Após muita insistência, a mulher do balcão finalmente me forneceu o Mario.

Brincar com todos os tipos de brinquedos fez com que minha irmã se safasse do bullying dos meninos, dizendo que “ela era um menino por brincar com coisas de meninos”, mas o dragão até hoje está em casa para mostrar que éramos fortes e poderíamos brincar de todo tipo de brinquedo.

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Até hoje não entendo o porquê das pessoas definirem que a pessoa deve obrigar com um determinado brinquedo, que é um objeto ou uma atividade lúdica, voltada única e especialmente para o lazer, independente do gênero. Eles ajudam na educação, no desenvolvimento cognitivo, estimula a imaginação, o raciocínio e a auto-estima.

E se você olhar a história do objeto, ele não foi feito para determinar que gênero específico deve ser utilizado.

O brinquedo mais antigo é a boneca, que surgiu a 40 mil anos antes da Era Comum, no qual todo mundo brincava, inclusive os meninos.  Eram estatuetas de barro foram encontradas na África e Ásia, as quais eram utilizadas para fins ritualísticos. Em túmulos de crianças egípcias foram encontradas bonecas de madeira com cabelos feitos de cordões ou contas. E, agora, vai brigar com seu filho por brincar de Barbie?

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Quando a criança brinca com um objeto socialmente identificado com o outro gênero, a inversão de papéis só existe na cabeça dos adultos. Isso comprova o que as pesquisas recentes mostram que os brinquedos de hoje em dia são divididos por gênero vem de uma sociedade contemporânea e não dos povos antigos.

Por milhares de anos crianças brincaram com brinquedos dos mais variados tipos. Bolinhas de gude foram usadas por crianças no continente africano há milhares de anos. Durante a Idade Média, os fantoches eram brinquedos muito comuns entre as crianças.

Para muitos pais, a ubiquidade da separação dos corredores de brinquedos por cor parece natural, refletindo uma crença em diferenças inatas de gênero e interesses distintos. Mas, isto é errado. Graças a campanhas como Let Toys Be Toyse No Gender December têm conseguido manchetes internacionais ao defender corredores de brinquedos unificados, recomendado uma reorganização por tema ou interesse.

Em vez de acreditar que bonecas e atividades manuais são para meninas enquanto caminhões e kits de ciência são para meninos. Sabia que muitas meninas querem ser cientistas?  Vamos deixar as meninas brincar de Lego e os meninos de Barbie.

 

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Sobre lara

Jornalista e publicitária formada pela UFRN, começou despretensiosamente com um blog para treinar seu lado repórter e virou sua vitrine. Além disso, é mestranda em psicologia na UnP e ainda é doida o suficiente para começar mestrado em Estudo da Mídia na UFRN. Saiba mais sobre esta brechadora.

Desenho: @umsamurai.



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